Apesar de ter negado em janeiro deste ano a extradição de Julian Assange aos Estados Unidos, a justiça britânica aceitou um pedido para ampliar as possibilidades de recurso. As duas possibilidades de recurso relacionadas ao questionamento sobre o estado de saúde mental de Assange.
O fundador da organização WikiLeaks, Julian Assange, é uma figura central na recente divulgação de crimes cometidos pelo imperialismo. Programador de computadores, ciberativista e jornalista, Assange foi o principal editor e porta-voz dessa organização, que trazia a público documentos e fotos confidenciais de governos e empresas.
Rapidamente, o WikiLeaks ganhou relevância internacional, sendo premiado ao expor assassinatos extrajudiciais no Quênia. A partir da divulgação em 2010 de documentos que expunham crimes cometidos pelas forças armada dos Estados Unidos, Assange se tornou uma figura conhecida em todo o mundo. Um dos documentos que ganhou enorme repercussão foi um vídeo datado de 2007 que mostrava um ataque de helicóptero a civis durante a ocupação no Iraque. Duas das pessoas assassinadas eram jornalistas da agência de notícias Reuters.
Outro exemplo do nível de crimes que foram expostos diz respeito à prisão que os Estados Unidos mantêm em território cubano, na baía de Guantánamo. A revelação da rotina de torturas e humilhações aos presos foi um escândalo de enormes proporções que colocou a nu o desrespeito aos direitos humanos por parte do país que mais faz demagogia sobre “democracia” ao redor do planeta.
Perseguido judicialmente, Assange conseguiu asilo político na embaixada do Equador em 2012, por intermédio do então presidente Rafael Correa. O golpe de Lenín Moreno foi o precedente para a entrega do jornalista à polícia britânica em abril de 2019. A prisão foi justifica por Assange não ter se entregado à polícia em 2012 para ser extraditado para a Suécia. O processo sueco, já arquivado por falta de provas, usava uma acusação de estupro para primeiro trazer o jornalista para o país e então extraditá-lo para os Estados Unidos.
A justiça norte-americana apresentou a acusação de conspiração contra Assange no mesmo dia em que foi entregue à polícia britânica pelo governo golpista do Equador. É um marco internacional importante em relação às liberdades democráticas. O cerco a Assange funciona tanto para inviabilizar o trabalho do jornalista quanto para impor o terror aos jornalistas e demais cidadãos ao redor do mundo. Vale destacar aqui o silêncio dos defensores da “liberdade de imprensa”, a única liberdade de imprensa que a burguesia defende é a liberdade para os monopólios da comunicação controlarem todo esse setor econômico.
Cabe destaque, igualmente, que o democrata Joe Biden, outrora apresentado como “salvador da democracia”, está se revelando como um dos piores representantes da política neoliberal, uma continuidade do governo Bush.
Defender a liberdade de Assange é defender os direitos democráticos da população. Liberdade para Julian Assange!