Desde o início da pandemia, os grandes capitalistas parasitas visualizaram a possibilidade de lucrar com a vida e a morte das pessoas por meio da venda das vacinas. Na ânsia natural que os países ficaram em salvar a vida de sua população, a frustração foi ocorrendo e muitos governos ficaram sem condições de comprar e produzir sua própria vacina, cuja patente ficou restrita aos países ricos, que não permitiram quebra-la, inclusive com apoio de governos lacaios do imperialismo, como é o caso do governo brasileiro do fascista Jair Bolsonaro.
Quase metade das doses aplicadas no mundo foram destinadas e administradas pelos Estados Unidos e China, enquanto a África, continente mais pobre e explorado do globo, ficou com apenas 2% do total, o que demonstra o abismo entre países ricos e pobres na política mundial de imunização. Já foram aplicadas no mundo mais de 4 bilhões de doses. Destas, 80% foram para os países ricos e em desenvolvimento e a metade ficou com os EUA e a China.
No Brasil, cujo governo fez de tudo para não adquirir vacina, não fez um planejamento sério, boicotou todo tipo de planejamento aliado à ciência e pesquisa, a imunização da população segue bastante lenta, com apenas 19% da população vacinada com as duas doses, o que é muito pouco para um país que já levou a óbito mais de meio milhão de pessoas.
Na África, que tem 17% da população mundial, apenas 1,6% das 4 bilhões de doses globais foram aplicadas no continente, que já perdeu 166,6 mil pessoas, com mais de 6 milhões de infecções, sem levar em conta a subnotificação. Os europeus são 38% de imunizados.
Os principais fatores para consolidar essa desigualdade na imunização mundial estão na dependência de empresas estrangeiras, problemas logísticos e o fornecimento de imunizantes, além da ganância dos países ricos à custa de milhares de vidas ceifadas direta e indiretamente pelo Covid.
A desigualdade também ocorre no mercado interno dos próprios continentes. A África do Sul, por exemplo, tem melhores condições de comercializar as doses e imunizantes do que dezenas de países africanos. A Tanzânia vacinou seu primeiro habitante há duas semanas. Burundi e Eritreia nem começaram, um claro absurdo que mostra a inércia e maldade das potências e instituições internacionais do globo na luta para salvar vidas, sobretudo a dos mais necessitados e carentes.
O Diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, denunciou a “desigualdade escandalosa” na imunização mundial:
“Não tem uma forma mais diplomática de dizer: um pequeno número de países que fabrica e compra a maioria das vacinas no mundo controla o destino do resto do planeta”.
O diretor alerta, ainda, que “registramos mais casos desde o início deste ano do que em todo o ano de 2020. Se a tendência atual persistir, o número de mortos vai ultrapassar o alcançado no ano passado dentro de três semanas. É muito trágico”. Ainda assim a burguesia mundial, promotora da morte e parasita do dinheiro alheio de centenas de países, estimula a reabertura do comércio, das escolas e passam a falsa sensação que a pandemia está normalizada. Uma pandemia que já gerou mais de 3,4 milhões de mortos, destas 115 mil foram profissionais da saúde, com tendência de aumento devido às novas variantes do vírus, da lentidão e desigualdade abissal e desorganizada da vacinação.
Para salvar vidas é necessário denunciar os consórcios farsantes de vacinação, comandados por países e empresas mais interessados em comercializar para quem paga mais do que de fato salvar vidas. Ao contrário do que vemos na prática em relações aos discursos dos principais órgãos internacionais e empresas fornecedoras de vacina, o Secretário-Geral da Organização Mundial de Saúde(ONU), António Guterres, afirmou que “Nós estamos em guerra contra um vírus. Precisamos da lógica e urgência de uma economia de guerra para aumentar a capacidade de nossas armas”. Pura retórica diante de tanta ganância e absurdos vindos com a reabertura do comércio e das escolas.
É necessária uma campanha internacional para quebrar imediatamente as patentes das vacinas, facilitar a distribuição dos imunizantes, acabar com todos os bloqueios econômicos genocidas do imperialismo, que impedem dezenas de países, como Cuba, de imunizar sua população; e colocar o povo no comando do planejamento nacional de suas respectivas campanhas de vacinação.