Neste domingo (27), além do ato pela liberdade de Lula em Curitiba, dois fatos políticos importantes tomarão conta da América do Sul: as eleições na Argentina e no Uruguai, países importantes do continente.
Nesta quinta-feira (24/10) encerrou-se no Uruguai as campanhas para as eleições presidenciais e legislativas. Os principais partidos do país – Frente Ampla (esquerda), Partido Nacional (Blanco), Partido Colorado e o direitista Cabildo Aberto – terminaram seus últimos comícios.
Segundo as pesquisas da burguesia, a Frente Ampla, com Daniel Martínez, e o Partido Nacional, com o direitista Luis Lacalle Pou, se enfrentarão no segundo turno, que ocorrerá no dia 24 de novembro. A FA, que busca seu quarto mandato seguido, lidera o primeiro turno com 40% das intenções de voto enquanto os blancos têm 28%, seguido pelo Partido Colorado, com 13%, e Cabildo Aberto, com 11%.
Martínez diz que pretende seguir o legado dos outros três mandatos de seu partido, distribuindo as riquezas sociais, como afirmou em comício. Porém, dos governos de esquerda da América Latina, a FA realizou um dos governos mais direitistas, igualando-se à política adotada por Bachelet no Chile, quando o Partido Socialista, que hoje ataca o governo de Venezuela, encontrava-se no poder. Apesar da promessa de “melhorar” a política da Frenta Ampla, a tendência é que, caso eleito – que seria com uma aceitação do imperialismo – Martínez realize um mandato ainda mais direitista que seus antecessores.
Entretanto, o candidato da Frente Ampla não é o favorito do imperialismo. O segundo colocado, Lacalle Pou, é um político tradicional da burguesia. Advogado, atuou a vida toda como parlamentar e é bisneto de Luis Alberto de Herrera, principal referência do partido direitista. Seu pai, Luis Alberto Lacalle Herrera foi presidente do Uruguai entre 1990 e 1995, durante a época do neoliberalismo.
A política da direita tradicional, todavia, encontra-se em crise, tendo perdido por três vezes consecutivas para a Frente Ampla. Inclusive, o próprio Lacelle Pou perdeu para o atual presidente, Tabaré Vázquez, nas últimas eleições.
Lacalle Pou deixou muito claro que que irá impor a mesma política neoliberal destrutiva de seu pai. “Do nosso lado estão partidos políticos que vão governar de forma austera, que vão gerar mais políticas eficientes”. A “eficiência”, nesse sentido, é a imposição de um plano de privatizações e cortes para áreas fundamentais para a população.
O cenário do país sul-americano é de profunda crise e desagregação política. Segundo as pesquisas, até sete partidos poderão ser representados para o parlamento, algo muito incomum para a política uruguaia. Além disso, nenhum deles deverá ter maioria na Câmara ou no Senado, o que em si é a expressão de uma crise gigantesca uma vez que nenhum presidente eleito terá a capacidade de governar com facilidade.
Outro fator fundamental de crise é o crescimento da extrema-direita. Criado neste ano, o Cabildo Aberto está com 11% das intenções de votos, reunindo diversos elementos da ditadura militar de 1973. A polarização política é sempre um resultado da desagregação do centro político, que é predominante em tempos mais calmos.
Recentemente, mobilizações tomaram conta do país contra a ascensão dos militares no país, que revela que, se por um lado há o crescimento da extrema-direita, por outro lado também há a reação contra por parte da esquerda.