Por volta das 21h de ontem (27), o povo argentino já sabia do resultado das eleições presidenciais de seu país. Com mais de 47% dos votos e mais de 89% das urnas apuradas, o candidato Alberto Fernández, membro do Partido Justicialista (PJ), mais conhecido como Partido Peronista, e coligado na Frente de Todos, já havia sido declarado oficialmente eleito antes do fechamento dessa edição. A necessidade de uma disputa em segundo turno foi dispensada porque Fernández ultrapassou os 45% dos votos.
Além de Alberto Fernández, disputaram a eleição Mauricio Macri, atual presidente argentino, filiado ao Proposta Republicana e coligado no JXC, Roberto Lavagna (ConFed), Nicolás del Caño (FIT), Juan José Gómez Centurión (Nos) e José Luis Espert (Unite). Até o fechamento dessa edição, Macri havia obtido cerca de 40% dos votos.
A derrota de Mauricio Macri, que já era previsa até mesmo pela imprensa burguesa, expressa a falência e a impopularidade da política neoliberal, que está sendo imposta à força na América Latina por meio de governos teleguiados pelo imperialismo. Macri adotou uma série de medidas econômicas impopulares, como a reforma da Previdência, mas afundou ainda mais a economia argentina, tendo inclusive pedido empréstimo ao Fundo Monetário Internacional – FMI. O governo Macri foi tão desastroso que o próprio presidente argentino, que era apontado como um grande expoente do liberalismo econômico, foi obrigado a intervir diretamente na economia, congelando preços.
A derrota eleitoral de Macri, no entanto, não coloca um ponto final na aplicação da política neoliberal na Argentina. Alberto Fernández, mesmo tendo como vice a líder de esquerda Cristina Kirchner, não tem condições de, sozinho, enfrentar os interesses da burguesia – é preciso, para isso, ser apoiado por um amplo movimento de massas. Além disso, o próprio Fernández já deu várias demonstrações de que estaria disposto a seguir as diretrizes econômicas da direita, tendo inclusive se reunido com representantes do FMI.
Diante disso, a única opção para os trabalhadores e o povo argentino em geral intensificar a mobilização contra os golpistas que estão saqueando a América Latina e organizar um movimento amplo que tenha condições de impedir, na marra, que a direita continue sabotando a população.