Ontem, dia 9 de maio, comemora-se em todas as cidades russas e nas repúblicas da ex-União Soviética, o 77º aniversário do “Dia da Vitória”, dia em que a Alemanha nazista se rendeu incondicionalmente após sofrer uma derrota militar duríssima para a URSS no final da Segunda Guerra Mundial. A data tem uma grande importância para os russos porque é o dia em que se lembram da fenomenal reação do seu povo aos nazistas. Os alemães, ao invadir a Rússia, realizaram ali um verdadeiro massacre, matando, nas cifras mais conservadoras, cerca de 30 milhões de russos.
As comemorações em torno dessa data são gigantescas, com uma parada militar que mobiliza todas as Forças Armadas do país e que é assistida por uma boa parte do povo russo. A maior parte dos cidadãos nascidos hoje na Rússia não viveu durante a Grande Guerra Patriótica (como é por eles chamada), mas tem antepassados que lá estiveram e se enfrentaram com os nazistas, portanto trata-se de algo de gigantesco valor para todos os russos.
Neste ano, a comemoração teve uma importância ainda maior. Nos últimos dois anos (2020 e 2021), ele havia ocorrido online, devido à pandemia da Covid-19, então é natural presumir que os russos estavam na expectativa por poder novamente vivenciá-lo presencialmente. Além disso, ele ocorre em meio à campanha russa na Ucrânia, que tem como um dos objetivos centrais derrotar nazistas que tomaram conta da situação política no país. Estes nazistas, financiados pelo imperialismo para servirem de ameaça à Rússia nos dias atuais, são descendentes diretos de nazistas ucranianos que atuaram no país durante o período da Segunda Guerra Mundial.
O maior desfile do país ocorre na Praça Vermelha, em Moscou. Neste ano foram cerca de 11 mil soldados que desfilaram, seguidos por mais de 100 veículos militares blindados. As colunas em marcha representavam todos os ramos das forças armadas russas, incluindo tropas aéreas de elite, polícia militar, guardas nacionais, cossacos e cadetes.
Os veículos foram liderados pelo histórico tanque T-34-85, que foi amplamente utilizado pelo Exército Vermelho durante a guerra, seguidos por jipes Typhoon-K, equipados com torres com metralhadoras controladas remotamente. Os blindados de infantaria Kurganets-25 estavam equipados com os novíssimos módulos armados Epokha, que permitem que eles destruam alvos com metralhadoras e foguetes. A coluna de tanques incluía o moderníssimo tanque T-90M Proryv. Os mísseis antiaéreos S-400, capazes de atingir alvos localizados a até 250 quilômetros de distância também foram exibidos.
As tradicionais exibições aéreas tiveram de ser canceladas devido ao clima em Moscou, o mesmo ocorreu em outras cidades como São Petersburgo.
Posteriormente, ocorreu também a procissão do Regimento Imortal, que consiste de uma marcha com civis russos carregando fotos de parentes seus assassinados pela Alemanha nazista durante a guerra.
Segundo o Ministro do Interior russo, nesse ano foram mais de um milhão de pessoas que participaram da procissão, que saiu da estação de trem de Moscou às 15 horas e caminhou até a Praça Vermelha, percorrendo uma rota de sete quilômetros. O presidente Vladimir Putin e o prefeito de Moscou, Sergey Sobyanin, também participaram da marcha.
Putin relembra os feitos do exército russo na Ucrânia
Como é tradicional, o presidente russo, Vladimir Putin, discursou durante o evento. Em seu discurso, Putin destacou as relações entre a campanha militar russa de hoje e a vitória contra a Alemanha nazista no séclulo passado. Ele destacou, ao se dirigir ao povo russo:
“Hoje, como no passado, vocês estão lutando por nossa população em Donbass, pela segurança de nossa pátria, pela Rússia.
Após fazer uma descrição sobre a ameaça do imperialismo, da Otan e dos nazistas ucranianos às repúblicas da região do Donbass, e de descrever como o imperialismo procura utilizar a Ucrânia para ameaçar a Rússia, Putin relembra:
“A Rússia lançou um ataque preventivo à agressão. Foi uma decisão forçada, oportuna e a única correta. Uma decisão de um país soberano, forte e independente.”
Mais a frente, Putin esclarece a relação entre os nazistas de outrora e os de hoje na Ucrânia:
“Estou me dirigindo às nossas Forças Armadas e à milícia de Donbass. Vocês estão lutando por nossa pátria, por seu futuro e para que ninguém esqueça as lições da 2ª Guerra Mundial, para que não haja lugar no mundo para torturadores, esquadrões da morte e nazistas”.
Por fim, ele relembra o massacre de Odessa, em que nazistas queimaram A Casa dos Sindicatos na cidade ucraniana. O fato completou aniversário de 8 anos no último dia 2:
“Curvamos nossas cabeças à memória dos mártires de Odessa que foram queimados vivos na Casa dos Sindicatos em maio de 2014, à memória dos velhos, mulheres e crianças de Donbass que foram mortos em bombardeios atrozes e bárbaros por neonazistas. Nós curvamos nossas cabeças para nossos companheiros de combate que morreram uma morte corajosa na batalha justa– pela Rússia.”
Acompanhe, no vídeo abaixo, a íntegra do evento ocorrido em Moscou:
Os correspondentes da Causa Operária na Rússia
Eduardo Vasco e Rafael Dantas, companheiros enviados à Rússia para acompanharem de perto as ações militares contra a Ucrânia e sua repercussão em meio ao povo russo, puderam acompanhar o Dia da Vitória na cidade de Rostov, em que estão localizados para posteriormente partir para o Donbass. A cidade é a mais próxima da região em território russo, portanto o evento tem uma importância particularmente grande para seus habitantes, que puderam ver muito de perto a atuação dos nazistas de hoje no Donbass.
As preparações para o evento já começaram de antes, conforme mostra o tweet do companheiro Eduardo Vasco:
As mais diversas cidades russas, das grandes às pequenas, exibem em murais desenhos e pinturas de crianças a respeito da Vitória contra o nazismo na II Guerra Mundial. Amanhã, 9 de maio, celebra-se os 77 anos dessa façanha colossal que custou a vida de 27 milhões de heróis russos pic.twitter.com/XiJ5aq86Af
— Eduardo Vasco (@cheguevasco) May 8, 2022
Nas celebrações que ocorreram precedendo o dia 9, também houve comemorações dos estudantes:
Parte das comemorações do 9 de maio, o Dia da Vitória da URSS contra o nazismo na II Guerra Mundial. As festividades não se resumem a apenas um dia, mas nos dias precedentes há uma série de atividades na Rússia. Os estudantes participam ativamente das celebrações. pic.twitter.com/71KRO57Xn9
— Eduardo Vasco (@cheguevasco) May 8, 2022
Aqui um vídeo mostrando o início da parada em Rostov do Don:
Começou a Parada da Vitória neste 9 de Maio em todas as cidades da Rússia. Aqui, em Rostov-do-Don pic.twitter.com/YVJenznudG
— Eduardo Vasco (@cheguevasco) May 9, 2022
Veículos militares também desfilaram em Rostov, com cerca de 3 mil militares participando do desfile:
Veículos militares desfilam na Parada da Vitória em Rostov. São 3 mil militares participando do desfile e 20 mil pessoas assistindo pic.twitter.com/dQXlllCNl7
— Eduardo Vasco (@cheguevasco) May 9, 2022
A procissão do Regimento Imortal também ocorreu em Rostov, da mesma forma que nas outras cidades, conforme se pode ver no vídeo abaixo:
Para finalizar a parada do 9 de maio em Rostov, a marcha do Regimento Imortal, com milhares de familiares dos heróis que combateram o nazismo na IIGM carregando os seus retratos e as bandeiras soviéticas. É impressionante a quantidade de bandeiras da URSS. O momento mais emotivo pic.twitter.com/aAJQoC7i4H
— Eduardo Vasco (@cheguevasco) May 9, 2022
É de fundamental importância compreender a importância de tal evento para as mentes do povo russo no momento atual, em que o país é atacado de todos os lados pelo imperialismo e precisa reafirmar sua soberania repetidamente, inclusive através da ação militar na Ucrânia. A celebração do Dia da Vitória, além disso, é muito mais do que uma mera parada militar promovida pelo governo. Trata-se de uma celebração popular que envolve todo o povo russo e mobiliza as massas e a juventude do país.