Pela segunda vez só neste ano, uma delegação dos Estados Unidos foi até à Venezuela para se reunir com o presidente do Parlamento venezuelano, Jorge Rodriguez, nessa última segunda-feira (27). A informação veio do próprio presidente venezuelano Nicolas Maduro (chamado, durante anos, de ditador pelos ianques), que garante uma continuidade dessa agenda bilateral entre os EUA e seu país.
Tal cenário mostra como a situação crítica está encurralando cada vez mais o imperialismo. Vemos agora um aumento constante nos preços dos barris de petróleo. Um feito colateral da política de embargos que os EUA, junto com a Europa e o Japão, tentam impor à Rússia desde pelo menos 2014, e que se intensificou depois do início do conflito na região ucraniana do Donbass, quando a Rússia decidiu se juntar às forças de resistência dos povos de Lugansk e Donetsk.
A primeira viagem que a delegação norte-americana realizou à Venezuela foi no dia 05 de março, o que colocou por terra os anos de propaganda anti-chavista que o país e seu povo sofreram ao longo de décadas. Na ocasião dessa primeira viagem, a reunião foi com o próprio presidente Maduro e com Rodriguez, no palácio presidencial na capital Caracas. Após a reunião, foram retomados os diálogos outrora suspensos, e algumas sanções de petróleo contra as petroleiras do país de Maduro foram suspensas, permitindo, por exemplo, que a Chevron comece a negociar com a PDVSA, além de duas empresas europeias poderem enviar petróleo venezuelano pra Europa.
Apesar disso, a posição oficial do Governo Biden perante o Governo venezuelano permanece a mesma desde a era Trump, que em 2019 reconheceu Juan Guaidó como “presidente interino”. Segundo os dados da OPEP, cerca de 717 mil barris de petróleo são produzidos na Venezuela por dia, e, com o aval da Chevron, tal produção pode subir até 1 milhão/dia. O presidente Maduro ainda sinalizou, nessa segunda-feira (27), estar de portas abertas para que empresas francesas produzam petróleo e gás em seu país, revelando que está disposto a ampliar sua política bilateral, agora cada vez mais multilateral, conforme os países membros do imperialismo se veem cada vez mais desesperados com a possibilidade de não terem petróleo e gás suficientes num futuro próximo.
Segundo oficiais franceses em última reunião do G7, que vem acontecendo desde o último domingo (26), “há um nó que precisa ser desfeito, se for possível, para trazer o petróleo iraniano ao mercado. Há o petróleo venezuelano, que também precisa voltar ao mercado”. Ou seja, o imperialismo está economicamente se inviabilizando a cada dia. A guerra da Ucrânia só nos mostra como podemos explorar essa fraqueza e expandi-la. O papel de Maduro, como estadista e representante da burguesia nacionalista latino-americana, deve ser o de explorar a situação e tentar garantir o melhor proveito de seu país, enquanto americanos e europeus sangram.