Após a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, a escassez de mão de obra vem impactando a economia inglesa. A redução da oferta de força de trabalho para serviços básicos acumula um saldo negativo nas funções relativas à logística de colheita e entrega dos alimentos. Frutas e verduras apodrecem nas lavouras e prateleiras dos supermercados, redes de fast food enfrentam a escassez de alimentos.
Qual a razão disso?
Sem contar o fator de agravamento em todo o mundo (pandemia), os fluxos migratórios sazonais para o Reino Unido foram reduzidos com as medidas adotadas no acordo de retirada do Reino Unido da União Europeia. Desde janeiro, a lei de migrantes tem dificultado a entrada de caminhões rumo ao continente, impossibilitando boa parte dos veículos responsáveis por entregar 95% de tudo que é consumido no país entrarem no país. Segundo dados da Associação Rodoviária de Transporte (RHA, na sigla em inglês), há 100 mil motoristas a menos do que os 600 mil atuantes antes da pandemia.
Em relatório lançado no mês de agosto pela União Nacional dos Agricultores, estima-se que mais de 400 mil vagas não foram preenchidas no setor alimentício. Isso inclui agroindústrias, fábricas de processamento de carnes, cozinhas de restaurantes etc.
Como resultado dessas mudanças, a queda da oferta de emprego alterou a margem dos salários médios fazendo com que houvesse um aumento. Contudo, há uma enorme dificuldade de preenchimento de vagas pelas empresas. Tudo isso por conta das novas regras migratórias, que se baseiam em pontos e privilegiam a entrada de migrantes mais qualificados. Ocorre, no entanto, que a substituição desses trabalhadores teria que levar no mínimo 9 meses para qualificar um motorista, ao custo de pelo menos US$ 6.940 de investimento, isto é R$ 89.280. E, de acordo com a Logistics UK, os britânicos não fazem fila para esses empregos, por considerarem de baixa qualidade.
Essa situação tem se agravado nos últimos meses, com crises de desemprego em vários países da Europa e a desaceleração da economia global por conta da crise e da pandemia. É preciso acompanhar o desenvolvimento do Brexit e como o Reino Unido lidará com essa crise.