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Roberto França

Militante do Partido da Causa Operária. Professor de Geografia da Unila. Redator e colunista do Diário Causa Operária e membro do Blog Internacionalismo.

Como combater as ONGs

Como esmagar o NED? Putin ensina

Putin elaborou verdadeira metodologia contra o Imperialismo

raspyatie pussy riot 8 (1)

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Protesto contra Vladimir Putin pelo grupo golpista, Pussy Riot

A OTAN colocou as suas forças de linha de frente em nossas fronteiras. Não tem qualquer relação com a modernização da própria Aliança ou com a garantia da segurança na Europa. Pelo contrário, representa uma provocação perigosa que reduz o nível de confiança mútua. E nós temos o direito de perguntar: contra quem é que esta expansão é pretendida? E o que aconteceu às garantias que os nossos parceiros ocidentais fizeram depois da dissolução do Pacto de Varsóvia? (Vladimir Putin, O discurso de Munique, 2007).

Antes de analisarmos a importância de Vladimir Putin para o equilíbrio de Poder e combate ao imperialismo, precisamos mencionar o que está em jogo no confronto entre o imperialismo e a Rússia.

Também fazemos a seguinte provocação: Se a Rússia não ameaça o território estadunidense, por quê o imperialismo, por intermédio da imprensa, promove Putin como um “grande ditador”?

Outro apontamento introdutório é delimitar a “comunidade internacional” mencionada pela imprensa capitalista. Essa “comunidade de nações” é composta pelo G7 (Estados Unidos, Alemanha, Japão, França, Reino Unido, Canadá e Itália) e mais 25 satélites que compõem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), exceto os já mencionados [Albânia; Bélgica; Bulgária; Croácia; Dinamarca; Eslováquia; Eslovênia; Espanha; Estônia; Grécia; Hungria; Islândia; Letônia; Lituânia; Luxemburgo; Montenegro; Macedônia do Norte; Noruega; Países Baixos; Polônia; Portugal; Reino Unido; Romênia; Chéquia; Turquia]. Israel, Austrália, Suíça, Finlândia e Suécia embora não façam parte da OTAN, também são membros dessa “comunidade”.

Com o auxílio do mapa abaixo (sem escala), pode-se observar a capacidade geoestratégica desses 31 países perante a Rússia, sem contar países que vêm se alinhando com toda a força por intermédio da Agência Internacional para o Desenvolvimento (USAID), NED e outras instituições, como é o caso de países como a Ucrânia, Moldávia, Quirguistão, Tadjiquistão e Cazaquistão.

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OTAN – Países em Verde

A ampliação da OTAN (países alinhados ao imperialismo) em direção ao Leste europeu e espaço geográfico pós-soviético, ocorre mesmo que informalmente, por intermédio da guerra prolongada, mecanismo de utilização de guerra por procuração, exército de mercenários, blogs e imprensa tradicional que recebem dinheiro para manter o imperialismo. O que importa nesse sistema de dominação é o controle do regime político.

A Fundação Nacional para a Democracia (ou “Fundo Nacional para a Democracia”, o NED), fundada durante o governo Ronald Reagan, em 1983, é produto da Fundação Heritage, apresentada com mais detalhamento na introdução deste Blog, sobre a atuação do NED em Hong Kong. Junto ao NED veio uma maquinaria para a superestrutura do imperialismo: o Instituto Democrático Nacional (NDI); o Instituto Republicano Internacional (IRI), o Instituto para o Livre Comércio (FTUI) e o Centro Internacional para Empresas Privadas (CIPE) ─ “as quatro instituições afiliadas do fundo patrimonial”. Essas instituições são financiadas pelo orçamento do Congresso, a partir da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

ned wolf in sheeps clothing

Por trás do NED existem pessoas e ideologias, além de Reagan: O sionista Gershman e o geoestrategista do imperialismo, Zbigniew Brzezinski

Situar os personagens Carl Gershman e Zbigniew Brzezinski para compreender o motivo da expulsão do NED por Vladimir Putin é fundamental, pois o NED é, antes de mais nada, uma instituição anticomunista e antioriental. O NED teve nesses dois intelectuais, a formulação de políticas arrasadoras no Oriente Médio, Ásia Central e Eurásia (Rússia e as 14 Repúblicas em seu entorno).

Carl Gershman, fundou e se aposentou no NED em julho de 2021. Iniciou sua vida criminosa em 1968, quando trabalhou no departamento de pesquisa de B’nai B’rith, uma organização sionista (movimento judaico imperialista de extrema-direita) voltada para formulação de políticas de destruição da Palestina e islamofóbica, que impulsiona a guerra e violência no Oriente Médio a fim de implantar a Grande Israel. Gershman é oriundo de uma elite ligada ao sionismo/atlanticismo, o Concil Atlantic.

Gershman participou do Comitê da Juventude pela Paz no Oriente Médio entre 1969-1974, como Diretor de Pesquisa, Copresidente e Diretor Executivo do Comitê da Juventude para a Paz no Oriente Médio. Em 1972 serviu no Conselho Deliberativo do Comitê Judaico Americano. Carl Gershman, portanto, é um dos maiores servidores públicos do imperialismo em todos os tempos.

Gershman promovendo o sionismo na Ucrânia

Pelo Conselho do NED passaram pessoas influentes na formulação de estratégias militares na OTAN, como ex-Ministros de Defesa, Comandantes das Forças Armadas, e líderes de serviços de inteligência, como Zbigniew Brzezinski.

Zbigniew Brzezinski é personagem central da Doutrina de Contenção da União Soviética, seguindo as teorias geopolíticas e imperialistas de Halford Makinder e Nicholas Spykman, este último considerado o mais importante geopolitólogo dos Estados Unidos. Porém, Brzezinski, se notabilizou como um estrategista prático, funcionário do imperialismo e de Rockfeller e idealizador da Comissão Trilateral , uma comissão composta por países interessados na divisão política e econômica da região estabelecida no mapa abaixo. O NED também é produto das reflexões e da política externa de Brzezinski.

Ver a imagem de origem
A Ilha Mundial do geógrafo inglês, Halford Makinder, no contexto do “Grande Jogo” entre Rússia e Reino Unido pelo controle dos recursos no “Coração da Terra” (Heartland). Mapa adaptado do original por Pablo González.
Símbolo da Comissão Trilateral

Brzezinski fez toda sua trajetória intelectual e política a partir da Doutrina Macartista, como produto e, ao mesmo tempo, continuador dessa superestrutura. Entre os eventos promovidos por Brzezinski estão: o rompimento dos laços entre Taiwan e República Popular da China; a assinatura do segundo Tratado Estratégico de Limitação de Armas (SALT II) com a União Soviética; a intermediação dos Acordos de Camp David entre o Egito e Israel; a derrubada de Mohammad Reza Pahlavi; incentivo de dissidências na Europa Oriental com a ideologia “dos direitos humanos”, a fim de minar a influência da União Soviética; apoio aos mujahideen afegãos. Na centralidade da geopolítica de Brzezinski está a tomada o Oriente.

Putin, ex-KGB, sabe como atua o imperialismo e como combatê-lo

Putin, faixa preta de judô

Putin assumiu a Presidência da Rússia em 2000, um país arrasado pela catastrófica presidência de Boris Iéltsin. A total falta de condições de governar de Iéltsin, associada à rapinagem das oligarquias que sobreviveram durante a existência da União Soviética, ao sucesso da expansão da OTAN para o Leste e a doutrina de Brzezinski, destruíram quase que completamente a economia. Os Estados Unidos, na década de 1990, conseguiu desfilar livremente com sua fachada democrática chamada de “globalização”, nome utilizado para disfarçar o imperialismo, e que destruiu diversas economias no Leste europeu e Eurásia.

Putin, que atuou na KGB entre 1975 a 1991, chegando a Coronel, sabia como atuavam os Estados Unidos. Apesar de ter sido Diretor do FSB [Serviço Federal de Segurança da Federação Russa (Федера́льная слу́жба безопа́сности Росси́йской Федера́ции) (Federal’naya sluzhba bezopasnosti Rossiyskoi Federatsii)], órgão criado em 1995 que sucedeu a KGB, o que o levou à Primeiro Ministro, não conseguiu frear o ímpeto do imperialismo, sendo possível somente após sua chegada à Presidência da Rússia.

Em meio ao caos econômico, Vladimir Putin, Chefe da Inteligência russa, chegou a Primeiro Ministro, assumindo posteriormente a Presidência da Rússia com a renúncia de Iéltsin. O projeto nacionalista de Putin envolveu etapas de planejamento econômico e combate aos avanços dos Estados Unidos às suas fronteiras por intermédio de guerras por procuração, “revoluções coloridas” no entorno pós-soviético e outras formas de guerra não convencional.

Após recomposição das forças de segurança, infraestrutura energética e um plano de recuperação econômica, Vladimir Putin organizou um sistema de inteligência baseado em amplo investimento em tecnologias da informação e comunicações, uma imprensa estatal poderosa e atuante, além de defesa da cultura nacional, ampliando sua popularidade.

O que a Fundação Nacional para a Democracia (NED) fazia na Rússia?

Ataque da Anistia Internacional contra a Rússia, na forma de defesa da “população LGBTQIA+”

O NED atuou na Rússia até 2015, quando se aprofundou a agenda de desestabilização do país com os claros objetivos de incentivar a liberdade econômica e as “instituições democráticas” na Rússia com investimentos em empreendedorismo; atuação de líderes para promover a emergência dos direitos individuais e das liberdades de expressão (valores liberais); Contribuir para a construção de relações de intercâmbio entre o setor privado dos Estados Unidos e partidos políticos, sindicatos e empresas, além de grupos no exterior, como é o caso da imprensa pró-imperialista, Russian Beyond, no Brasil, Gazeta Russa.

O NED tinha o objetivo claro de promover participação de ONGs dos Estados Unidos, especialmente junto aos dois principais partidos políticos, o Rússia Unida e o Partido Comunista da Federação Russa, sindicatos, empresas e outros grupos privados, em programas de aprendizagem da democracia e a “criação de instituições democráticas”; consolidar a “democracia liberal” junto aos processos eleitorais no espaço pós-soviético, bem como oportuna colaboração com as mais diversas forças políticas russas e euroasiáticas; Desenvolvimento da cooperação com pessoas fora da Rússia, comprometidas com os “valores culturais, instituições e a formação de pluralismo democrático”. Por fim, o que a inteligência russa identificou o incentivo da criação e o “desenvolvimento da democracia”, a fim de atender tanto aos interesses dos Estados Unidos, conjuntamente com as necessidades específicas de grupos estrangeiros democráticos, que vinham a receber apoio de programas custeados pelo Fundo.

A “cooperação” diretamente dos Estados Unidos:

– Instituto Republicano Internacional;

– Instituto Nacional Democrático para Assuntos Internacionais (NDI);

– Fundação Carnegie;

– Movimento Mundial pela Democracia;

– Centro de Assistência Internacional de Imprensa;

– Fórum Internacional de Pesquisa para a Democracia

– Transparência International.

A “cooperação” na Rússia:

– Região de Helsinque, um grupo de Ludmila Alexeeva;

– Movimento de Direitos Humanos, Lev Ponomarev;

– Alexei Navalny e sua equipe;

– Associação de organizações de direitos humanos “Ágora”;

– Centro Levada;

– Associação “A Voz”, bem como mais algumas dezenas de organizações russas.

A fórmula com a Ucrânia tinha sido um sucesso do imperialismo e seria imposto à Rússia

Em 2013, NED patrocinou 85 ONGs, em 2014, 96 dessas organizações criminosas na Ucrânia, o que a inteligência russa já estava atenta. No caso Ucraniano, que levou ao golpe neonazista, os números apresentados são um escândalo internacional de grandes proporções. Reportagem investigativa da Izvestia identificou que antes do Golpe de 2014, o NED patrocinou as eleições antecipadas na Ucrânia. A reportagem da Izvestia, sobre o uso do dinheiro para 2011-2014, apresenta uma lista completa de atividades de ONGs que receberam dinheiro. Curiosamente, o valor alocado em 2014 aumentou 1,5 vezes em relação a 2011.

Assim, em 2011, AS ONGs ucranianas foram alocadas em US$ 2,9 milhões, em 2012 – US$ 3,3 milhões, em 2013 – US$ 2,8 milhões, e em 2014 – US$ 4,5 milhões, dos quais US$ 2,1 milhões foram enviados para participar das eleições presidenciais na Ucrânia em maio de 2014 e nas eleições parlamentares antecipadas em outubro do mesmo ano. Os recursos foram gastos na ativação de jovens, no monitoramento da mídia, bem como em “relatórios políticos objetivos e equilibrados nas eleições”. Em geral, foram destinadas 57 bolsas em 2011, 66 em 2012, 56 em 2013 e 87 em 2014. Deve-se notar que as eleições presidenciais antecipadas na Ucrânia foram realizadas em maio de 2014, tendo como pano de fundo uma aguda crise política – em fevereiro do mesmo ano, o presidente Viktor Yanukovych foi removido da liderança do país.

Subversão

O Partido Rússia Unida é caracterizado como partido nacionalista, que atua com planejamento estatal capitalista e preserva as 85 nacionalidades russas, bem como seus valores culturais.

Com o fortalecimento da economia russa e apoio popular, ocorreu o patrocínio de campanha difamatória para desacreditar os negócios na Rússia e seu aparelho estatal que estava fortalecido, utilizando a velha tática do combate à corrupção.

No campo cultural ocorreu apoio financeiro para promover valores LGBTQIA+, como foi o caso da promoção da banda Pussy Riot, presas no contexto de proteção de Putin ao país.

Manifestantes pela liberdade da banda Pussy Riot, financiada pelo NED

Além disso podemos elencar:

As atividades de NED na Rússia e em outros países era tão ativa e agressiva, que por esta razão óbvia de que as organizações se tornou o primeiro na lista de proibidos pelo Ministério da justiça. A partir de 29 de julho de 2015 a sua atividade na Federação Russa reconhecida como ilegal. Desde então, o monitoramento de atividades antinacionais tornaram-se um crime, pois considera-se que a intensão seja a divisão geográfica profunda para exploração dos recursos energéticos, minerais e posição geográfica para completo domínio da maior massa continental da Terra, o Heartland euroasiático, o centro do Poder Terrestre.

A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a posição deste Diário.

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