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Chile

Boric garante tranquilidade para a burguesia em seu governo

“Espero, por um lado, que as elites deixem de ter medo de nós. Não espero que concordem comigo, mas espero que parem de ter medo de nós"

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Presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, concedeu uma entrevista à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC), na primeira entrevista a um veículo estrangeiro desde que ganhou as eleições presidenciais do país.

Em determinado momento da conversa, que durou cerca de duas horas, Boric admitiu em alto e bom tom que a burguesia não deve temer seu governo:

“Espero, por um lado, que as elites deixem de ter medo de nós. Não espero que concordem comigo, mas espero que parem de ter medo de nós.”

Logo, cabe a pergunta: que caráter tem Boric quando ele deixa claro que deseja que a burguesia chilena não tenha medo de seu governo? Decerto que só pode ser um direitista. Podemos voltar brevemente às bases do marxismo para elucidar este fato.

Na sociedade, existem dois interesses absolutamente antagônicos: o da classe operária e o da burguesia. Nesse sentido, a burguesia faz de tudo para que seu poder seja mantido, para que o imperialismo se mantenha. Ao mesmo tempo, o povo luta contra a engrenagem de morte imperialista e, finalmente, pelo estabelecimento de um governo dos trabalhadores.

Tendo isso em vista, afirmar favorecer – ou até mesmo não prejudicar – a burguesia se traduz diretamente em atacar os interesses dos trabalhadores. E é exatamente isso que Boric promete fazer.

Em meio ao mar de confusões no qual se encontra a esquerda pequeno-burguesa, surgiu a tese de que Boric seria um grande socialista, um digno representante da luta dos oprimidos. Entretanto, cada vez mais, fica claro que ele não passa de um direitista que promete levar a frente um governo burguês como qualquer outro.

E, neste ponto, precisamos concordar com Boric: a burguesia realmente não precisa se preocupar. Por baixo de sua demagogia com a sua composição ministerial “inclusiva”, por exemplo, reside a nomeação de um neoliberal de alto calibre no Ministério da Fazenda. Mario Marcel, presidente do banco central desde 2016, portanto do governo Piñera, promete intensificar ainda mais a política de terra-arrasada imposta pelo imperialismo sobre o Chile nas últimas décadas.

Este fato por si só já coloca em xeque toda a postura de mocinho de Boric. Entretanto, como se quisesse ressaltar ainda mais como ele não passa de um agente do imperialismo, o então eleito presidente do Chile nos deu mais algumas frases que destacam bem sua política.

Ao ser indagado acerca de demais governantes da esquerda na América Latina, Boric reforçou seus ataques imperialistas à Nicarágua e à Venezuela:

“BBC News – E dentro da América Latina, o sr. se reconhece em algum dos governantes de esquerda?

Boric – Entendo que a pergunta está relacionada à Venezuela e à Nicarágua. No caso da Nicarágua, não consigo encontrar nada lá, e no caso da Venezuela é uma experiência que fracassou, e a principal demonstração de seu fracasso é a diáspora de 6 milhões de venezuelanos.”

Logo em seguida, disse o seguinte:

“[…] valorizo ​​muito a experiência de Lula, mas também procuro conhecer a de [Fernando Henrique] Cardoso. Não se pode ter referências estáticas [grifo nosso]. O que é certo é que hoje existe uma crise climática global a partir da qual acredito que nossa geração vai adquirir uma consciência maior do que as anteriores. E que eu espero que seja algo que nos una. Tive a oportunidade de falar sobre isso com [o premiê canadense] Justin Trudeau. Recebi uma carta de Emmanuel Macron [presidente da França], também nesse sentido, sei que [a premiê neozelandesa] Jacinda Ardern teve essa preocupação, então espero que tenhamos um ponto em comum e forcemos a gerações anteriores e os governantes de todos os países, como [a ativista] Greta [Thunberg] disse, a agir agora.”

Ou seja, Boric coloca como um dos principais pontos de seu governo a questão ambiental, política essa muito utilizada como engodo pelo imperialismo para intensificar sua exploração sobre os países atrasados sob o pretexto humanitário da luta pelo planeta Terra.

Por último, – sim, tem mais! -, num surto autoritário, Boric reiterou seu posicionamento acerca das manifestações populares, afirmando que, caso haja violência nas ruas, terão “o dever de fazer cumprir a ordem pública”.

Finalmente, o diagnóstico de que Boric não passou de uma manobra orquestrada pelo imperialismo para dar cabo à revolta popular que tomava o Chile se mostra mais correto do que nunca. A esquerda que bajula Boric, que o coloca como o início de uma reversão na política de golpes imperialista para a América Latina, defende, no final das contas, uma política extremamente direitista e oportunista.

A única forma de lutar contra o imperialismo se dá pela mobilização popular, não pela eleição de um zé ninguém que diz defender os interesses do povo oprimido. Dessa maneira, a própria realidade material da luta política chilena em conjunto com suas declarações, confirmam que Boric age em prol do imperialismo, e não o contrário.

Vimos, nesses últimos anos, que a nova moda do imperialismo é a criação e a reprodução de uma esquerda controlada pelo mesmo, como é o caso de Boulos aqui no Brasil. Todavia, à medida que a crise imperialista se intensifica, a demagogia destes setores é desmascarada, mostrando materialmente que a única alternativa é a luta nas ruas.

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