Aliado do imperialismo, o agora ex-presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, não teve outra escolha a não ser fugir para as Maldivas na madrugada dessa quarta-feira (13). Enquanto sua política neoliberal de entrega do país ao imperialismo colocando o povo do Sri Lanka na mais profunda miséria, uma enorme mobilização popular explodiu no país. O parlamento foi invadido, a capital ocupada pela população graças a crise, em meio a tudo isso Gotabaya renunciou e fugiu da população enfurecida após a mesma tomar conta da residência presidencial e incendiar a casa do primeiro-ministro.
As impressionantes imagens mostram a força da mobilização. Nessa quarta-feira, vídeos mostram manifestantes fazendo fila para entrar no palácio residencial, já em outra gravação o presidente do país pode ser visto fugindo da revolta popular.
Como resultado, o Parlamento do Sri Lanka elegerá um presidente interino em 20 de julho, segundo o presidente do Parlamento Mahinda Yapa Abeywardena. Sendo que o próximo líder assumirá um governo interino de todos os partidos até o momento em que uma nova votação popular seja realizada no país.
Vendo com preocupação o caso do Sri Lanka, as Nações Unidas prontamente se pronunciaram expondo a opinião oficial do imperialismo, que tenta estabilizar o regime político após a queda de um governo aliado, mais um em meio a crise internacional. Para o imperialismo, a crise no Sri Lanka é um fenômeno importante, o país faz fronteira com um dos principais países atrasados no mundo, a Índia, que também é foco de uma tensão social. Em meio à guerra na Ucrânia, à derrota no Afeganistão, à queda de Boris Johnson na Inglaterra e à volta das greves de trabalhadores na Europa, o imperialismo enxerga essa crise com preocupação.
“O secretário-geral condena todos os atos de violência e pede que os responsáveis sejam responsabilizados, destacando a importância primordial de manter a paz. As Nações Unidas estão prontas para apoiar o Sri Lanka e seu povo”, disse Stephane Dujarric, porta voz das Nações Unidas na segunda-feira.
A política imperialista no país causou uma crise inflacionária, com falta de alimentos, falta de combustível e preço elevado de bens básicos para a subsistência da população. Gotabaya Rajapaksa era “herói” do imperialismo até então, tendo vencido a guerra civil no país e recebido o apoio do governo norte-americano. No entanto, foi justamente sua política de aliança com o imperialismo, os ataques neoliberais e a tentativa de entregar o país nas mãos do FMI (Fundo Monetário Internacional), garantiram o fim de seu governo.
Explicando este problema, o presidente nacional do Partido da Causa Operária, Rui Costa Pimenta, explicou o que está de fundo no verdadeiro colapso que vive o país. Em sua análise política semanal das terças-feiras, Rui destacou que “o que ocorre no país é uma onda que deve se tornar em uma grande mobilização internacional, assim como a primavera árabe.”
“No mundo inteiro, a maioria dos países está desestabilizado. De maneira muito semelhante o Equador se desenvolveu para uma situação de guerra civil, contra o governo neoliberal, inclusive resultado em grandes mobilizações indígenas no país”, destacou o presidente do PCO.
Além disso, Rui apontou que “há na América Latina um ponto de inflexão. Está se criando em todos os países um clima de mobilização, começando por aqueles países onde a situação é mais precária. O pacote de distribuição de dinheiro em massa do governo Bolsonaro cumpre o papel de justamente tentar conter esse atrito político.” Ao mesmo tempo que na “Europa já existe uma onda de greves, com mobilizações explodindo em todos os países graças a inflação, que inclusive derrubou o primeiro-ministro inglês Boris Johnson.” Rui destacou ainda que esses acontecimentos podem ainda quebrar a paralisia da classe operária, a colocando mais uma vez no primeiro plano da situação política mundial.
Toda esta situação comprova a crise geral do imperialismo, aprofundada rapidamente pela guerra na Ucrânia contra a Rússia. Como mesmo destacou representantes do governo russo, a Europa e o imperialismo de conjunto jogaram um bumerang em direção a Rússia, que agora volta com uma enorme crise para todos os continentes. A crise geral do imperialismo é um sinal positivo para o avanço da mobilização da classe operária mundial.





