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Identitarismo

Petro, Boric e a “esquerda” imperialista no poder

Gustavo Petro tomou posse na Colômbia. Porém, verificando-se a composição ministerial e ligação de membros do Estado com fundações como a USAID, não se pode ter ilusões.

O governo de direita encabeçado por Ivan Duque foi bastante obediente às ordens dadas pelos EUA, porém ficou bastante desgastado pela crise econômica. Esse desgaste abriu espaço ao primeiro presidente de esquerda da Colômbia, Gustavo Petro. Embora ele tenha sido guerrilheiro e acenado recentemente a restabelecer relações com a Venezuela, seu o governo está em boa parte infiltrado pelo imperialismo e a grande imprensa corporativa não o tem criticado. Isso pode indicar que o novo presidente colombiano não seja de fato um empecilho para o domínio do imperialismo na Colômbia, mas que conta com seu apoio.

Em seguida, podemos analisar o perfil dos ministros anunciados por Gustavo Petro:

– [Interior]: Alfonso Prada, mão direita do Gustavo, entrou na política por meio do partido Liberal; participou da Alianza Verde e atualmente se encontra no Partido de la Unión por la Gente, que também é liberal;

– [Fazenda]: José Antonio Ocampo, visão liberal; professor da Universidade de Columbia (Estados Unidos); economista, já foi ministro da fazenda e da agricultura na Colômbia e trabalhou na ONU de 2003 a 2007;

– [Habitação]: Catalina Velasco Campuzano, sem informação sobre sua filiação ou tendência política;

– [Justiça]: Néstor Iván Osuna, próximo ao partido Liberal, Justiça, independencia e “luta contra a corrupção”;

– [Chanceler]: Álvaro Leyva Durán, do partido Conservador, já foi ministro das Minas e Energia e negociador da paz com as FARCS em 2016;

– [Agricultura]: Cecilia López Montaño, partido Liberal Colombiano, já foi ministra do ambiente e do planejamento;

– [Educação]: Alejandro Gaviria, – liberal, pesquisador do Banco Interamericano de Desenvolvimento,
Escritor, economista e engenheiro e ex-ministro da saúde no governo do expresidente Juan Manuel Santos;

– [Saúde e Social]: Carolina Corcho Mejia, sem informação sobre sua filiação política, médica e presidente da ONG Corporación Latinoamericana Sur, foi integrante de la Comisión de Seguimiento de la Sentencia T-760 por una Reforma Estructural del Sistema de Salud;

– [Cultura]: Patricia Ariza Flórez, filiada a partido de esquerda Unión Patriótica, diretora de teatro;

– [Esporte]: María Isabel Urrutia, sem informação sobre sua filiação ou visão política, campeã olímpica em levantamento de peso;

– [Minas e Energia]: Irene Vélez, sem informação sobre sua filiação, filósofa e geógrafa, trabalhará com a política de descarbonização e ecologia;

– [Trabalho]: Gloria Inés Ramírez, partido Comunista Colombiano, professora de matemática, foi presidente de la Federación Colombiana de Trabajadores de la Educación (FECODE) e integrante do comite executivo da Central Unitaria de Trabajadores (CUT);

– [Defesa]: Iván Velasquez Gómez, sem informação sobre sua filiação política, advogado, trabalhou como magistrado auxiliar na Corte Suprema de Justicia;

– [Comércio, Industria e Turismo]: Germán Umaña Mendoza, partido de esquerda Unión Patriótica, economista e engenheiro industrial. Teve um irmão assassinado por um comando paramilitar de direita em 1998. Este comando combateu as FARCS;

– [Transporte]: Guillermo Reyes González, partido Conservador Colombiano, foi vice ministro de justiça e ministro conselheiro da embaixada de Colombia na ONU;

– [Informação e Comunicação]: Mery Gutiérrez, sem informação sobre sua filiação política;

Uma breve pesquisa no Wikipédia pelos nomes dos novos ministros do governo do Gustavo Petro, demonstra que 7 dos 16 ministros são de partidos de direita liberal ou conservador, e alguns já foram ministros para antigos presidentes de direita. Desses 16 ministros, 6 não tem sua filiação políticas declarada na Wikipédia. Apenas 3 dos ministros são declarados de partido de esquerda. Irene Vélez, embora não tenha sua filiação declarada, tem militado na “política de descarbonização”, que como sabemos é uma porta de entrada para financiamentos de fundações imperialista, como Fundação Ford, USAID etc. Portanto, o ministério de Gustavo Petro é pelo menos metade de direita, com um potencial de boa parte dos ministros sem filiação serem também de direita.

Petro prometeu zerar a fome no país, diminuir a desigualdade, fazer uma reforma tributária, implementar realmente o acordo de paz e, por fim, voltar com as relações diplomáticas com a Venezuela. Porém, com um ministério lotado de liberais e conservadores, principalmente o da Fazenda, a política do Petro será um reformismo muito limitado. Apesar de seus belos discursos, tudo poderá não passar de demagogia, pois será impossível com um ministério desses criar condições favoráveis para uma política voltada para o povo.

O que chama a atenção é a questão do identitarismo. Petro tem como vice uma mulher negra chamada Francia Márquez, óbvio que qualquer pessoa poderia ser escolhida para esse posto. Tem participado de lutas principalmente contra mineração e faz parte do partido Soy Porque Somos, que pode ser classificado como esquerda social-democrata identitária. Francia atraiu votos dos jovens e dos negros e coordena a Fundação Foro Suroccidente, uma ONG que ‘luta pelo fortalecimento da democracia’ e é financiada, dentre outros, pela Fundação Ford e USAID, que são fachadas para o financiamento da CIA,

Vale lembrar que Samantha Power, pessoa à frente da USAID, organismo ianque voltado para a desestabilização de regimes soberanos no mundo, esteve presente na cerimônia de posse de Petro, o que pode significar não só que o governo já inicia sob a ameaça de instabilidades internas como também pode ser utilizado como cavalo de Troia, através do discurso de aproximação com a Venezuela, para infiltrar instabilidades no país vizinho (como sugere o canal Verdade Concreta).

Portanto, Petro é uma mistura de Haddad com FHC colombiano. Dizem que ele é o primeiro presidente de esquerda a ser eleito no país, mas ele é uma esquerda tipo o Boric, totalmente identitária, com um ministério de direita e fortes ligações com o imperialismo. Nada indica que Petro fará um governo de esquerda, socialista, anti-imperialista, soberano na economia e voltado para o povo.

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