Os Estados Unidos têm visto sua oposição crescer recentemente. Sua série de derrotas e fracassos em sua política externa, e até mesmo em sua política interna, tem marcado um período considerável de decadência de seu império, fazendo com que sua já conhecida política predatória a outros países, como bem conhecemos aqui na América do Sul, seja cada vez mais vista com maus olhos, apesar da propaganda imperialista constante.
Os exemplos do início dessa situação são de suar os olhos — o mais significativo dele sendo a derrota catastrófica do país no Afeganistão, onde suas tropas foram sumariamente expulsas pelos guerrilheiros do Talibã que, por sua vez, tomou o país para seu povo e encerrou 20 anos de ocupação e guerra norte-americana no local.
A crise desta proporção mais recente é o conflito que está ocorrendo na Ucrânia. A Rússia tem avançado cada vez mais em território ucraniano, sendo a cidade de Mariupol a sua conquista significativa mais recente. Mais uma vez, a propaganda não é o suficiente para esconder que, mesmo com o apoio dos EUA e de todos os países imperialistas e controlados pelo imperialismo, a Ucrânia está perdendo.
Isso claramente tem seu impacto nesses países — e consequentemente na América Latina também. Nos últimos tempos tivemos a experiência de observar que alguns países, como México e Bolívia, tem despertado seu nacionalismo burguês e levantado a cabeça para as arbitrariedades norte-americanas.
Um dos exemplos mais recentes, e que inclui os dois países citados acima, tem sido a convocação e divulgação da Cúpula das Américas, evento que ocorre a cada 3 anos em algum país da América. Neste ano, a reunião será feita nos EUA, e a polêmica foi gerada após Cuba, Venezuela e Nicarágua não terem sido convidadas. Isso fez com que países como México, Bolívia e países da CARICOM, a Comunidade de Nações do Caribe, que conta com 15 países, afirmassem que não iriam à Cúpula caso todos os países da América não fossem convidados.
Uma pequena curiosidade sobre o fato acima é que o Chile, atualmente governado por Gabriel Boric, confirmou sua presença na reunião. Nem mesmo o Brasil está confirmado.
Outro fato recente traz novamente o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, aos holofotes. No início de maio o presidente fez visitas a Guatemala, El Salvador, Honduras, Belize e Cuba. Os assuntos das discussões diplomáticas envolviam migrações e desenvolvimento regional, com direito a um ato de solidariedade a Cuba por conta do bloqueio imposto pelos EUA ao país. A cada país que Obrador visitava, fazia questão de criticar as ações imperialistas no local, fossem esses boicotes, promessas não cumpridas ou ataques diretos.
O México tem sido um grande exemplo da política apresentada. Obrador claramente tem feito esforços para manter relações com os mais diversos países da América Latina. Além disso, também tem feito mudanças internas, como a nacionalização de sua indústria do lítio, importante decisão para a soberania do país — Obrador também tem feito esforços para nacionalizar toda a indústria de eletricidade do país, projeto do qual a nacionalização do lítio faz parte.
Outro país que podemos citar nessas recentes atitudes observadas é a Argentina. O país está prestes a se tornar um integrante dos BRICS, tendo apoio do Brasil e da China. O presidente chinês, Xi Jinping, convidou a Argentina a participar de três eventos relacionados ao bloco, indicando sua entrada cada vez mais próxima no grupo. Além disso, os dois países têm trabalhado em acordos para o desenvolvimento interno da Argentina, com planos de importação de soja e financiamento por parte do governo chinês para o argentino.
É importante ressaltar que muitos dos líderes latino-americanos citados aqui tem diversas características direitistas, além de políticas duvidosas. Apesar disso, é inegável que suas ações trazem benefícios para o desenvolvimento interno de seus países, assim como incentivam o crescimento e independência dos outros países das Américas, inclusive se solidarizando com os mais oprimidos pelo imperialismo.
É preciso observar que todos esses fatos têm aumentado significativamente após os acontecimentos citados no início da matéria. As atrocidades dos EUA são cada vez mais evidentes, e apenas os capachos mais fiéis têm a capacidade de ignorar esses fatos — apesar das posições dos líderes latino-americanos não configurarem em nada revolucionário, elas são um avanço do nacionalismo burguês nessas nações, indicando uma política que inevitavelmente vai de encontro com a política imperialista e colocando em xeque os interesses dos EUA na região.