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Talibã x EUA

URC: “vitória do povo afegão contra o imperialismo ianque”

União Reconstrução Comunista comemora a derrota do imperialismo no Afeganistão, liderada pelo Talibã

Reproduzimos abaixo nota da União Reconstrução Comunista (URC) sobre a expulsão do imperialismo do Afeganistão:

Recentemente o mundo burguês “civilizado” assistiu com espanto à tomada de Cabul, capital do Afeganistão, pelas forças guerrilheiras do Talibã. A vitória do Talibã na guerra de libertação nacional anti-ianque fora produto de uma prolongada luta de resistência anti-imperialista que durou cerca de 20 anos e deixou como saldo um país completamente destruído e milhares de mortos. O fato de tal luta ter sido capitaneada pelo Talibã vem suscitando uma série de posições equivocadas e essencialmente pró-imperialistas sobre como abordar a luta daquele povo. Por um lado, os monopólios de comunicação controlados pelo imperialismo apresentam a vitória do Talibã como o triunfo da barbárie frente o “progresso”, neste caso, supostamente representado pelo governo fantoche e pelas tropas de ocupação ianque; por outro, setores significativos de uma “esquerda” já completamente adaptada aos interesses do sistema imperialista mundial, lançando os seus apelos e argumentos chorosos, igualmente voltam o grosso de seus ataques ao grupo político mais importante do Afeganistão, dizendo que esse e o imperialismo seriam duas faces da mesma moeda.

Ambos os lados, apesar de utilizarem, aqui e ali, argumentos diferentes, possuem no final das contas um ponto de concordância: o povo afegão não pode e não deve ter autonomia para decidir de maneira independente os seus próprios assuntos internos. Que a grande burguesia dos países imperialistas pense dessa forma, realmente não nos impressiona, porém o problema muda radicalmente de caráter quando pretensos grupos “comunistas” e “anti-imperialistas” se somam à cruzada “civilizacional” do imperialismo contra a “barbárie” do Talibã – óbvio que aqui dizendo fazer isso em nome de valores “revolucionários”, “humanistas”, “progressistas”.

É necessário deixarmos claro que caracterizamos o Talibã, do ponto de vista ideológico, como um agrupamento retrógrado, atrasado, de modo que não estamos de acordo com praticamente quase nada que este grupo defende. No entanto, somos consequentes com nossa posição anti-imperialista e em prol da autodeterminação dos povos. Nesse sentido, reconhecemos o Talibã como uma força política e militar legítima do povo afegão, assim como reconhecemos que este grupo desempenhou um papel central e de liderança na resistência anti-imperialista que ali se desenvolveu.

Muito já se falou sobre a origem reacionária e anticomunista do grupo, cujo muitos dos membros que viriam a fundá-lo na década de 90 lutaram contra o governo progressista liderado pelo Partido Democrático e Popular do Povo Afegão e contra a União Soviética, portanto, não cabe aqui ficarmos apresentando toda a lista de crimes e atrocidades cometidas pela organização no passado. Contudo, partindo do materialismo histórico e dialético, temos que fazer uma análise objetiva da situação concreta do Afeganistão. Deixemos as lágrimas de crocodilo para o imperialismo e os seus lacaios, que nos últimos anos aniquilaram ou justificaram a aniquilação de milhões de afegãos, e agora aparecem pedindo para que o Talibã respeite os “direitos humanos”.

Do ponto de vista marxista, é plenamente correto prestar apoio e solidariedade ao povo afegão em sua luta contra o imperialismo ianque, mesmo que tal luta seja conduzida por uma organização ideologicamente conservadora e atrasada. Esse é um fato objetivo que reflete a dialética da história. Em diversos países do Oriente Médio e da Ásia Central, a luta anti-imperialista se desenvolve liderada por grupos e organizações religiosas e, por mais que existam significativas diferenças entre eles, muitos desses grupos possuem ideologia e posições reacionárias, que representam o oposto daquilo que defendem os comunistas. Isso não abre margem para que sejamos indiferentes à luta de libertação nacional desses países, nem que deixemos de apoiar todas essas organizações, sempre que elas levem a cabo de maneira decidida a luta contra o invasor estrangeiro.

A vitória do Talibã contra os agressores imperialistas revela plenamente que as guerras de libertação nacional continuam na ordem do dia. Os comunistas de todos os países, em vez de ficarem condenando este ou aquele movimento, utilizando-se de argumentos morais e falaciosos, devem aprender com a luta de libertação nacional do povo afegão, lutando ativamente para educar, organizar e mobilizar o povo para a luta em seus próprios países, luta esta que também possuirá um aspecto contraditório e violento, e será marcada por inúmeros altos e baixos. Nesse sentido, os comunistas não podem amoldar suas posições de acordo com aquilo que é aceitável e tolerado pela “opinião pública” forjada pelo imperialismo e os seus aparatos ideológicos.

O que se deve deixar claro, antes de mais nada, são os diversos crimes cometidos e as atrocidades impostas pelo imperialismo ianque ao povo afegão.

Assim como em outros locais, o tráfico de drogas foi amplamente utilizado pela CIA em seus planos de dominação no país. Antes da intervenção soviética, praticamente não se produzia opiáceos no país. Apesar da retórica mundial de acusar o Talibã na década de 90 de enriquecer pelo tráfico da heroína, os dados demonstram que a invasão imperialista é que garantiu que o país passasse a ser um dos principais produtores do ópio no mundo. Em 2016, a produção de ópio aumentou aproximadamente 25 vezes em relação aos seus níveis de 2001: de 185 toneladas em 2001 para 4.899 toneladas em 2016. E é justamente pelo comércio ilegal destas drogas é que a CIA financia suas ações de contra-insurgência no seio dos povos em luta em todo o mundo.

Estima-se que o governo estadunidense nos 20 anos de ocupação gastou mais de US$ 2 trilhões no Afeganistão. Contudo, tal gasto teve como objetivo somente garantir o domínio sobre o país, resguardar os interesses dos senhores da guerra que concentram as terras, proteger seus projetos na produção do ópio e oprimir todos os que se levantam contra o invasor imperialista. Depois de duas décadas, o país asiático se mantém como um dos mais pobres do mundo, com uma economia débil e limitada, um sistema político corrupto dirigido por fantoches do império e sem sinal dos tais “direitos humanos” tão prometidos pela propaganda do Ocidente para justificar os crimes das potências invasoras.

Os 20 anos da invasão norte-americana e da OTAN custou a vida de pelo menos um milhão de homens e mulheres afegãs, milhões de mutilados, feridos de guerra, e constrangeu mais de 12 milhões de pessoas a se retirar de suas terras, passando a sofrer os horrores da vida de refugiado.

A “guerra humanitária” imposta pelo imperialismo e aceita imbecilmente por amplos setores só demonstrou o velho caráter brutal dos imperialistas contra os povos do mundo.

Os diversos crimes foram revelados em parte pelo WikiLeaks: já nos primeiros dias de agressão imperialista, foram destruídas toda a infraestrutura nas principais cidades afegãs, como hospitais, pontes, estações de comunicação e sistema elétrico, além dos constantes crimes de tortura, prisões e violações de direitos aos detidos no país, como no caso de Bagram, a base militar estadunidense no país, considerada a Guantánamo do Afeganistão por seu desrespeito a qualquer legislação internacional.

Não foram poucos os civis assassinados pelos soldados ianques e encobertos como “operações contra o Talibã”:

Em 8 de agosto de 2008, na aldeia de Azizabad, soldados da OTAN massacraram 94 pessoas, em sua maioria mulheres e crianças, e anunciaram que “esmagaram o Talibã”. Em 25 de dezembro de 2009, em Narang, soldados ianques invadiram uma escola, algemaram e fuzilaram sete alunos. Em 15 de janeiro de 2010, três soldados ianques, J. Morlock, A. Holmes e C. Gibbs, na aldeia Mohammad Kalay, mataram Gulmudin, um camponês de 15 anos, com uma granada de mão, após o assassínio, desnudaram seu cadáver e fotografaram o corpo; o mesmo grupo matou ao menos mais três outros inocentes, mutilando seus corpos para ter dedos e crânios como troféus. Em 11 de março de 2012, em Panjwai, soldados dirigidos pelo sargento Robert Bales, entraram em duas casas com pistolas, facas, e apenas por diversão mataram quatro homens, três mulheres e nove crianças de 2 a 12 anos de idade, e atearam fogo nos cadáveres para tentar esconder os crimes.

Esse foram alguns dos inúmeros crimes cometidos pelos Estados Unidos, como também os diversos bombardeios a alvos civis inocentes, tal qual o ataque aéreo em Uruzgan, em um casamento, que matou 48 civis e mutilou outros 118, ou outros diversos semelhantes que abreviaram as vidas de centenas de inocentes.

Não bastasse as toneladas de bombas e mísseis despejadas sobre a cabeça do povo afegão, se registrou cerca de 500 toneladas de urânio empobrecido, quantidade maior do que usada pelo imperialismo na Guerra do Golfo e na Iugoslávia. O porta-voz da OTAN no país, Gregory Julian, em 2009, também admitiu a utilização de fósforo branco nas operações, tal agente incendiário que causa graves queimaduras e danos aos ossos, coração, fígado e rins, é proibido por convenções internacionais. Além disso, Donald Trump, em 14 de maio de 2017, lançou sobre Nangarhar, a bomba nuclear GBU-43/B, a arma com maior poder destrutivo desde Hiroshima e Nagasaki.

Como vemos, são incontáveis as atrocidades e os crimes cometidos pelos Estados Unidos e pela OTAN nestes 20 anos contra o povo afegão. Não podemos perder de vista nem por um minuto os reais criminosos na situação vivida pelo Afeganistão.

Por último, é evidente que, com a vitória do Talibã, a luta de classes no Afeganistão entrará em um novo estágio. A contradição principal anterior – determinada pela contradição entre nação e imperialismo – dará lugar a novas contradições, que precisam ser corretamente compreendidas pelas forças avançadas daquele país, para que, em médio e longo prazo, os revolucionários consigam se reorganizar, fortalecendo suas posições, tirando as massas populares do país da influência das ideias atrasadas e retrógradas. Ao mesmo tempo, é necessário seguirmos denunciando qualquer tipo de intervenção estrangeira, não importa de qual país, defendendo a posição básica de que o próprio povo afegão deve decidir sobre o seu próprio destino de maneira independente.

Viva a luta de libertação nacional do povo afegão!

Abaixo a intervenção imperialista!

UNIÃO RECONSTRUÇÃO COMUNISTA

20 de agosto de 2021

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