Imran Khan, primeiro-ministro do Paquistão denunciou que foi vítima de uma conspiração, um golpe orquestrado pelos EUA. Aliás, a instabilidade política é uma marca nesse país que convive há décadas com derrubadas de governo por militares que dizem ter excelente relação com os ianques. Para nós, brasileiros e latino-americanos, golpes dados por militares capachos do imperialismo já se tornaram uma coisa corriqueira. Se os EUA, e seus parceiros, saem pelo mundo patrocinando ditaduras, não é correto dizer que se trata de democracia, mas de uma grande ditadura do grande capital. Conforme disse Rui Costa Pimenta: “o imperialismo é o fascismo”.
O interesse no Paquistão por parte do imperialismo não é de hoje. Além do fato de ser uma potência nuclear, sua posição geográfica é estratégica, faz fronteira com o Afeganistão, Irã, China e Índia, além ser banhado pelo Oceano Índico.
As relações com o Afeganistão são bastante complexas, o Paquistão praticamente é o berço do Talibã, e é o país no qual se refugiou Osama Bin Laden até ser assassinado pelos EUA. Com a Índia tem uma relação historicamente conflituosa. Portanto, seria um ponto importante de pressão sobre esse país que ultimamente tem divergido dos EUA com relação à Rússia. Leia aqui nossa matéria que trata da pressão de Biden para que a Índia não importe mais energia da Rússia.
Controlar o Paquistão é crucial para o imperialismo, principalmente após a fragorosa derrota sofrida no Afeganistão. China e Rússia trataram de correr para estabelecer acordos com o governo Talibã. Os chineses têm interesse em constituir uma rota comercial passando pelo Afeganistão e Irã, o que lhes daria uma saída para o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã, a partir do qual a China poderia acessar mais facilmente o Chifre da África. Se isso se concretizar, EUA e UE ficarão sem nenhuma posição importante na Ásia Central, o que é um fator de crise no interior do imperialismo.
Golpes sob encomenda
Se pensarmos que o Paquistão, que sempre teve um bom relacionamento com a China, no governo Khan também se aproximou da Rússia, país que o ex-primeiro ministro visitou em 24 de fevereiro, logo concluímos que se formou o cenário ideal para o imperialismo tentar mais um golpe.
A destituição de Khan ocorreu no dia nove de abril, após ter sido aprovada contra ele uma moção de censura, depois de uma crise que vinha se arrastando. A Suprema Corte paquistanesa, após manobras defensivas do governo, declarou que se votasse a moção.
Esse uso do judiciário é já conhecido nosso. É o que se convencionou chamar de ‘golpe brando, o mesmo que tipo do que vimos em Honduras, Paraguai, Brasil etc… Via de regra, a imprensa faz uma campanha massiva contra a corrupção para que nos países golpeados se crie o clima propício para intervenção do judiciário.
Apesar de chamarem de ‘brando’, golpe é golpe. Aqui no Brasil o famoso áudio de Romero Jucá, aquele do “com Supremo, com tudo” revelou que os militares deram apoio ao golpe e disseram que iriam ‘garantir’ as coisas. E, efetivamente, vimos ameaças constantes por parte do governo federal e de alguns comandantes militares de botarem os taques nas ruas como, por exemplo, no caso de não ser aprovada a prisão de Lula.
Houve também interferência, conforme publicamos, do principal diplomata diplomata, Donald Lu , secretário de Estado adjunto dos EUA para o Bureau de Assuntos da Ásia Meridional e Central. Khan acusou diretamente os EUA de conspiração em ação onde a oposição entrou em março com um pedido de “ato de desconfiança”, com o objetivo de retirá-lo do governo.
Brando ou não, o golpe da direita em 2016 conseguiu acabar com os direitos trabalhistas e com isso jogar a população na mais absoluta pobreza. Os militares, tanto no Paquistão como aqui no Brasil são uma constante ameaça contra o povo.
Manifestação
O clima político no Paquistão está bastante acirrado. No dia 10 de abril, sábado, houve massivas manifestações a favor de Khan, dezenas de milhares de pessoas foram às ruas em seu apoio, vídeos e imagens circulam na Internet com a população acendendo as telas de seus celulares e cantando palavras de ordem. Esse apoio a Khan deixa claro que a situação está bastante tumultuada e o país pode ser jogado em uma grande polarização
É preciso sempre denunciar as ingerências dos EUA e imperialismo pelo mundo, pois invariavelmente elas provocam algum dano à classe trabalhadora. Temos que lutar contra esse que é o nosso verdadeiro inimigo que não mede esforços para subjugar os povos
No próximo período teremos uma grande luta que é a eleição de Lula para presidente. Não será fácil pois temos de enfrentar grande pressão externa e também boicote de setores da esquerda. Todo tipo de jogo sujo será utilizado, pois aqueles que colocaram Lula na cadeia, os verdadeiros mandantes, vão fazer de tudo para tirá-lo mais uma vez do jogo.
A luta do povo paquistanês é a mesma luta dos brasileiros, chineses, russos, etc. Por isso temos de denunciar as ações nefastas, os atos de agressão que vêm sendo praticadas por todo o Globo. Apesar de o imperialismo estar enfraquecido, principalmente após a derrota no Afeganistão, não significa que está menos agressivo e destrutivo. Por isso se faz necessária a ação enérgica das massas, contra o nosso inimigo comum.