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Para o bem ou para o mal

O perigo de o Estado decidir o que é ciência

A ciência é um poderoso instrumento para o bem estar da humanidade, nas mãos dos capitalistas torna-se via de regra o seu oposto

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No mundo capitalista, notadamente em seu atual estágio de decomposição, todas as esferas da vida social são tragadas pela lógica do capital e a ela submetida. A ciência, longe de ser um campo de neutralidade a serviço da humanidade, como pensam uns, não foge a essa regra. A ciência moderna surgiu no final da idade média europeia, expressava as tendências sociais de superação dos laços feudais que prendiam os países europeus no chamado Antigo Regime. Questionou-se a verdade sagrada, o conhecimento advindo das escrituras, a autoridade e toda a tradição antiga e medieval foi posta em suspenso, como não segura, para procurar o método correto para conhecer baseando-se apenas na razão, clara e distinta, e na experiência.

A ciência no que concerne ao conhecimento do mundo natural triunfou completamente sobre a ideologia religiosa, que depois de séculos de batalha teve de se confinar no foro íntimo de cada um crente. Também a sociedade e suas instituições feudais foram posta em questão, mostrou-se pela análise dos filósofos e cientistas modernos, tendo seu ponto mais alto no iluminismo francês, não como o melhor dos mundos possíveis, como apregoava a mentalidade religiosa, mas como o pior deles, uma sociedade irracional e absurda que deve ser superada.

Mesmo nesse momento de grandes descobertas científicas, do “desencantamento” do mundo da ciência, dos enormes progressos na técnica, de maneira alguma era neutra, servia ao progresso da humanidade, isto é, a superação total do feudalismo, tanto do ponto de vista material, quanto ideológico. Era uma arma da burguesia contra seus inimigos feudais.

A burguesia decadente, da época do imperialismo, representa hoje um entrave ao desenvolvimento científico, ao conhecimento e ao desenvolvimento tecnológico considerando assim o seu potencial, isto porque a ciência, que é um poderoso instrumento para melhorar a vida da população, está completamente submetida ao mercado capitalista e aos interesses dos capitalistas e não da humanidade.

Assim, toda a ciência mundial foi praticamente incapaz de lidar com a pandemia de COVID-19 durante um longo tempo porque não era do interesse de quem dirige as pesquisas e os órgãos científicos, isto é, a burguesia. Mesmo após o aparecimento da vacina, sua propagação somente se fez para quem pode pagar, além da disputa intestina entre os grandes laboratórios que levou a órgãos científicos a condenarem determinadas vacinas para privilegiar a compra de outras. Ou seja, o bem estar da população é o último, se é que conta, elemento a ser levado em consideração.

Outro aspecto da sociedade capitalista decadente, do imperialismo, é a utilização da ciência para a exploração e para a repressão política, que seria o oposto do sentido mesmo da ciência, que é promover a dominação do homem sobre a natureza para o seu bem-estar. Exemplos não faltam.

Entre o final do século XIX e início do século XX, o racismo científico gozava de grande respeitabilidade como ramo da ciência e impregnou a mentalidade de homens e mulheres de ciência no mundo inteiro. Darwinismo social, eugenia, fenologia dentre outras ciências respeitáveis na época, hoje superadas, defendiam abertamente, procurando se embasar na ciência, a superioridade em geral de determinadas raças sobre outras. Essas teorias foram utilizadas para justificar a colonização e as atrocidades que países europeus realizaram na África.

No Brasil, por exemplo, em 1918 fora fundada a Sociedade Eugênica de São Paulo, uma respeitável instituição científica de sua época, cujo objetivo era a melhoria da raça humana por meio da repressão e perseguição, se não eliminação, como correu em outros países, dos considerados inferiores, problemáticos, defeituosos etc.

Nas mãos da burguesia, a ciência, isto é, os organismos científicos são verdadeiras monstruosidades, como nas guerras mundiais, no nazismo, os macabros e inimagináveis experimentos japoneses feitos na China ocupada, bombas nucleares, armas biológicas e nas ditaduras militares na América Latina. No Peru a Ditadura de Alberto Fujimori esterilizou centenas milhares de mulheres pobres, tudo isso, evidentemente com a anuência dos órgãos científicos responsáveis.

A ciência é um conjunto de conhecimento e principalmente um método, um instrumento, não tem vontade própria e muito menos pode impor à sociedade uma lógica de desenvolvimento. Hoje em dia esse instrumento está total e completamente nas mãos dos capitalistas diretamente ou por meio do Estado que selecionam quais pesquisas serão realizadas e quais não terão financiamento algum, são os capitalistas ou os Estados que detêm as empresas do ramo e as patentes, é o Estado capitalista, que no Brasil é dirigido por Bolsonaro, que controla os órgãos de regulação cientifica etc., não é a esquerda e nem a ciência em abstrato, mas os capitalistas.

Nas mãos da burguesia esse instrumento serve via de regra à sua dominação de classe, nas mãos da classe operária servirá a causa de emancipação de todos os oprimidos; do socialismo; no comunismo poderá a ciência realizar plenamente sua essência e servir efetivamente e unicamente ao bem estar de todos.

Criticar a ciência tal como é hoje, isto é, não o instrumento, mas o uso deste instrumento por uma classe contra as outras, é tarefa essencial da esquerda. Nenhuma confiança deve ser depositada aos órgãos científicos que como outrora são controlados politicamente e estão a serviço da classe dominante. Uma parte da esquerda, no entanto, se acomodou tanto ao regime político burguês, que ao criticá-lo, no que concerne a sua forma de gerir a ciência, bradam: negacionistas! Querem com isso afirmar que os críticos negam o valor da ciência.

Quando na verdade se trata do contrário, é por saber do poder que a ciência tem e da vilania dos que controlam a ciência que criticamos, pois tememos seus efeitos contra o povo. Será que esses esquerdistas na época que o racismo era ciência também chamariam os críticos do uso da ciência para justificar massacres na África de negacionistas da ciência?

Seja como for, a burguesia é inimiga de todos os oprimidos, tudo que vem dela, como é o caso dos protocolos científicos, devem ser submetidos a crítica e nunca aceitos acriticamente. Para os que afirmam que há muitos aspectos positivos na ciência no mundo capitalista, concordamos, apenas ressaltamos que são resultado das lutas das massas e não dadivas do capitalista, são concessões inevitáveis para que o sistema possa seguir existindo.

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