Em julho de 1936, dava-se o início da Guerra Civil Espanhola, resultado da tentativa de um golpe militar contra o então governo espanhol. O quadro enfrentado na Espanha há 85 anos nos traz importantes reflexões para os dias de hoje.
A situação política vivida na Espanha naquele período era de completa crise do dito regime democrático. As condições sociais dos trabalhadores eram terríveis, em contraste com o desenvolvimento industrial de então. Desse modo, os operários começaram a se organizar em sindicatos, e deu-se, então, o início de constantes embates entre a classe trabalhadora e a burguesia.
Com o regime em xeque, iniciou-se algumas tentativas de controlar a situação. O Rei Afonso XIII abdicou do poder, foi chamada uma Assembleia Constituinte e em 1931 a esquerda assumiu o poder através das eleições. Contudo, não houve grandes avanços na situação dos trabalhadores, o que não diminuiu o clima de insatisfação.
A essa altura, a impopularidade do regime era gigantesca. Ao mesmo tempo, a direita se armava para planejar um golpe contra o governo esquerdista vigente. A burguesia, insatisfeita com a esquerda e temendo uma revolução dos trabalhadores, deu apoio aos generais fascistas e a organizações fascistas, como a conhecida Falange Espanhola. Como resultado, ocorreu a Guerra Civil Espanhola, que terminou com o regime fascista do general Francisco Franco, que foi reconhecido por Reino Unido e França.
O que podemos tirar desse episódio é um fato determinante e esquecido, muitas vezes, propositalmente, pela esquerda: sempre que houver qualquer indício de uma Revolução Socialista, a burguesia não hesita em abrir o caminho para o fascismo. É por isso que não se deve confiar nela na luta contra o fascismo.
No contexto político atual brasileiro, grande parte da esquerda parlamentar se escora na burguesia para enfrentar o fascismo de Bolsonaro. Nada mais absurdo. A luta deve ser com os trabalhadores. Apresentando um elemento concreto para fundamentar o argumento: muita gente acredita que a burguesia irá apoiar (ou menos não tentar atrapalhar) Lula para derrotar o incontrolável Bolsonaro. Isso é mentira. Entre Lula e Bolsonaro, tanto a burguesia quanto o Império irão abraçar Bolsonaro sem a menor cerimônia.
Outro ponto fundamental da análise da conjuntura atual é a insistência na defesa do regime político atual. Ele já está esfacelado e o povo não dá a mínima credibilidade. Defender o regime político, que, além de tudo, vive sobre um golpe contra a esquerda, é ir de encontro à realidade da população, mostrando que a esquerda pequeno-burguesa cada dia mais se entrincheira em seus apartamentos e formula à base de muito Jornal Nacional e Folha de São Paulo.
Portanto, é fundamental recorrer aos exemplos históricos para construir a análise de conjuntura atual. O povo está à mercê dos golpistas enquanto a esquerda segue pendurada nos fiapos que a burguesia lhe oferece.