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Socialismo científico

174 anos do Manifesto Comunista e o abandono do marxismo

Principal obra de todo o marxismo, aniversário da publicação do Manifesto Comunista evidencia política anti-marxista da esquerda

Completa 174 anos nesta data um dos tratados políticos de maior influência em toda a história mundial, o Manifesto do Partido Comunista (em alemão: Manifest der Kommunistischen Partei). Foi escrito pelos teóricos fundadores do socialismo científico, Karl Marx e Friedrich Engels, e publicado pela primeira vez em 21 de fevereiro de 1848. Segue ainda hoje sendo um dos livros mais lidos em todo o mundo, com traduções em todos os idiomas. 

Na obra, Marx e Engels partem de uma análise histórica, explicando as várias formas de opressão social durante os séculos e mostrando a burguesia moderna como a nova classe opressora, após a dissolução e queda do regime feudal. A obra mostra o grande papel revolucionário da burguesia à época, tendo destruído o poder monárquico e religioso, valorizando a liberdade econômica extremamente competitiva e um aspecto monetário frio em detrimento das relações pessoais e sociais, assim tratando o operário como uma simples peça de trabalho. A análise científica da obra demonstra que os recursos de aceleração de produção (tecnologia e divisão do trabalho), destroem todo atrativo para o trabalhador, deixando-o completamente desmotivado e contribuindo para a sua alienação e miséria. 

O Manifesto comunista derruba inúmeros mitos e deixa claro que a luta de classes, que sempre existiu desde o surgimento das sociedades divididas em classes, é uma luta política, expondo que: “Em geral, os choques da velha sociedade favorecem de diversas maneiras o desenvolvimento do proletariado. A burguesia vive em luta continua; no início contra a aristocracia; depois contra partes da própria burguesia cujos interesses entram em conflito com o desenvolvimento da própria indústria; e sempre contra a burguesia dos países estrangeiros. Em todas essas lutas vê-se obrigada a apelar para o proletariado, a solicitar seu auxílio e arrastá-lo assim para o movimento político. A burguesia mesma, portanto, fornece ao proletariado os elementos de sua própria educação, isto é, armas contra si mesma.” E que, assim, para o proletariado: “Sua luta contra a burguesia começa com sua própria existência”.  

O manifesto demonstra de maneira inequívoca que o operariado, tomando consciência de sua situação, tende a se organizar e lutar contra a opressão, e ao tomar conhecimento do contexto social e histórico onde está inserido, especifica seu objetivo de luta.  

O Manifesto Comunista faz uma dura crítica ao modo de produção capitalista e à forma como a sociedade se estruturou através dele. Descreve também os vários tipos de pensamentos comunistas, assim como define o objetivo e os princípios do socialismo científico. 

Os grandes arquitetos e líderes da maior revolução socialista da história até os dias de hoje, a Revolução Russa, Vladimir Lênin e Leon Trótski, que construíram a primeira grande vitória dos trabalhadores num país pobre e atrasado, analisaram e mostraram também os acertos históricos assim como as questões que foram ultrapassadas pelo desenvolvimento da luta de classes, em suas obras.  

Em “O Estado e a Revolução”, de 1918, Lenin comenta a posição de Marx, setenta anos depois de publicado o Manifesto. No capítulo “A Experiência da Comuna de Paris – Análise de Marx”, onde o autor comenta a experiência da Comuna de Paris de 1871, o primeiro governo operário da História, Lênin destaca o tratamento cuidadoso com que Marx abordou a questão da insurreição. 

Inicialmente, Karl Marx expôs que “que qualquer tentativa para derrubar o governo era uma tolice ditada pelo desespero”. Mas, continua Lenin, quando, em março de 1871, a batalha decisiva foi imposta aos operários e estes a aceitaram, quando a insurreição se tornou um fato consumado, Marx saudara com entusiasmo a revolução proletária. Marx não mudara de opinião, mas percebera ser necessário estar junto com o movimento, vendo nele “uma experiência histórica de enorme importância, um passo para a frente na revolução proletária universal, uma tentativa prática mais importante do que centenas de programas e argumentos.” 

Já Leon Trótski, em artigo comemorativo preparando os festejos pelos “90 Anos do Manifesto Comunista”, de 30 de outubro de 1937, reafirmou a atualidade desta publicação, com as “partes mais importantes” parecendo terem sido escritas ontem”. Descreve que seus jovens autores (Marx tinha 29 anos e Engels 27 anos) souberam “antever o futuro como ninguém antes e como poucos depois deles”. Trótski também retomou o prefácio do Manifesto de 1872, onde os autores declararam que, “mesmo tendo certos trechos secundários do manifesto envelhecido”, [Marx e Engels] não se sentiam no direito de modificar o texto original, visto que, “no decorrer dos vinte e cinco anos então passados ele já se transformara em um documento histórico”. 

No prefácio do artigo, Trótski apresenta resumidamente, entre outras, algumas ideias do Manifesto que “até nossos dias conservam integralmente sua força” e cita outras que necessitam de sérias modificações ou complementos. Para ele, as principais ideias que resistiram ao tempo foram: “A concepção materialista da História”, um dos mais preciosos instrumentos do pensamento humano; “A História de todas as sociedades até os nossos dias não foi senão a história das lutas de classes”; “A anatomia do capitalismo”, descrita por Marx em seu O Capital (1867); “A tendência do capitalismo em rebaixar o nível de vida dos operários”; as “crises comercial-industriais como uma série de crescentes catástrofes”; “O governo moderno nada mais é do que um comitê para administrar os negócios comuns de toda a classe burguesa”; “Toda luta de classe é uma luta política”, ou seja, a organização dos proletários em classe é, consequentemente, a sua organização em partido político…”; que o proletariado “não pode conquistar o poder por meio das leis promulgadas pela burguesia”; “é necessário que a classe operária concentre em suas mãos o poder capaz de varrer todos os obstáculos políticos”, “O proletariado organizado em classe dominante”, e que “quanto maior for o número de Estados que se lançarem no caminho da revolução socialista, mais livres e flexíveis serão as formas da ditadura, mais ampla e profunda será a democracia operária”; “o caráter internacional da revolução proletária”; que o socialismo se constitui com a extinção do Estado; e, finalmente, que “Os operários não têm pátria” (Trotsky, 90 Anos do Manifesto Comunista).

Para Trótski, algumas passagens do Manifesto, como era natural, não resistiram à prova do tempo e ficaram ultrapassadas. Marx professa a concepção de que “o capitalismo é o reino da livre concorrência”. Entretanto, anos depois, em O Capital, o próprio Marx teria constatado a tendência para a transformação da livre concorrência em monopólio”. Trótski, porém, pontua que a caracterização “científica do capitalismo como um monopólio” foi uma contribuição de Lênin, feita em sua fantástica obra de 1917, “Imperialismo, Estágio Superior do Capitalismo”. Além disso, a crítica à literatura socialista feita por Marx e Engels em 1948 estaria superada, pois, em 1937, a Internacional Comunista dirigida por Stalin colocava outras questões. Era a época em que o stalinismo estava massacrando “a vanguarda do proletariado espanhol” na Guerra Civil Espanhola e abrindo o caminho para o fascismo. Trótski conclui afirmando que a longa crise da revolução internacional cada vez mais se transforma “em crise da cultura humana”, e que esta seria, no fundo, a “crise da direção revolucionária do proletariado” (Trótski, 90 Anos do Manifesto Comunista). 

O aniversário desta obra de nascimento do marxismo deve redobrar, nos militantes e lutadores por um novo mundo, um mundo socialista, um mundo sem a exploração do homem pelo homem, sem a exploração de classes, a necessidade de lutar contra todas posições reacionárias que vão na contramão da luta pela revolução.  

E neste momento no Brasil, esta luta é ferrenha. Basta ver as posições da esquerda pequeno-burguesa que, em questões centrais da luta política, se alinha e desloca em direção à política mais reacionária, como é o caso da política identitária levada à frente por estes setores, que chegam ao absurdo de atacar um princípio fundamental para a luta dos trabalhadores, como a liberdade de expressão, conforme ficou patente no caso do youtuber Monark. A concepção identitária, expressa muito bem aspectos daquilo que Trótski chamou de “crise da cultura humana”, como resultado da crise de direção do proletariado.

Todo este jogo de ideias e palavras levado à frente pela esquerda identitária separado de seu objeto concreto, cria dissonâncias utilizadas conforme os interesses da burguesia. Principalmente na política não podemos analisar aspectos da sociedade em separado da luta de classes, como ensina o Manifesto do Partido Comunista.

Viva o Manifesto do Partido Comunista! 

Viva a luta dos trabalhadores!  

Trabalhadores de todo mundo, uni-vos! 

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