Neste 7 de setembro, é esperado que a extrema-direita se organize e saia às ruas em todo País, alguns para supostamente comemorar a Independência do Brasil, outros para se dizerem nacionalistas e alguns simplesmente para fazer campanha eleitoral para Bolsonaro. Já a esquerda sairá de forma mais acanhada em alguns lugares para comemorar o grito dos excluídos. Os excluídos são um bloco de trabalhadores e explorados que vem no final dos desfiles tradicionais que ocorrem nessa data nas cidades ao redor do Brasil.
Em primeiro lugar, é preciso ficar claro que a direita que vai sair às ruas se dizendo nacionalista, de nacionalistas, não tem nada. Finalmente, defender o Brasil nunca esteve nos planos da direita golpista. Bolsonaro deixou bem claro qual foi seu voto no circo armado pela burguesia em rede nacional para derrubar a presidenta eleita, Dilma Rousseff, e aplicar o golpe de Estado de 2016. Os objetivos do regime golpista instalado no País até hoje são bem claros: acabar com soberania, com o desenvolvimento nacional.
Se trata da entrega total do País para os capitalistas internacionais. O petróleo, por exemplo, é um patrimônio brasileiro que todos os dias perde um pedaço. A Petrobrás é desmontada e vendida em partes por esses golpistas dia após dia. A ultima negociata feita em torno da Eletrobrás mostra que o atual governo não é nacionalista. Ou seja, Bolsonaro faz demagogia sobre o tema para angariar votos, mas suas ações são de entrega total das riquezas do Brasil.
A pergunta que fica é que independência eles estão saindo para comemorar se, a cada dia que passa, esse governo neoliberal, com seu ministro da economia privatista, vende o País para os estrangeiros? Na verdade, estamos cada vez mais dependentes, não apenas na questão do petróleo, da energia, como também do desenvolvimento como um todo. Os estudos e projetos tecnológicos do Brasil sofrem graves cortes todos os anos. As universidades sofrem com falta de tudo, as bolsas de pesquisas são cortadas na casa dos milhares a cada seis meses.
Por outro lado, a esquerda está sem rumo a algum tempo em relação à independência do País. Muitos teóricos da esquerda pequeno-burguesa chegam a atacar a data, dizendo que não há nada a se comemorar, que independência foi uma farsa etc., inclusive deixando uma das mais importantes datas da história do Brasil para a direita entreguista comemorar e fazer demagogia. O que traz a seguinte questão: a Independência do Brasil, no sentido literal da palavra, tem algum significado para essa esquerda, ou podemos colocar essa dita esquerda no mesmo saco da direita golpista?
É bom ficar atento, pois muitos dessa esquerda apoiaram a própria Lava Jato que desaguaria no golpe de Estado. Foi com aval de um governador dito de esquerda que foi entregue a base de Alcântara no Maranhão, afetando diretamente a nossa soberania. Nos dias de hoje, temos setores dessa esquerda se reunindo com lideranças e ONGs internacionais pedindo para intervirem na Amazônia brasileira. Em outras pautas, como o identitarismo, por exemplo, a ligação da esquerda com o imperialismo não é segredo para absolutamente ninguém.
Atualmente, é preciso organizar a luta por uma nova Independência do Brasil. Colocar em marcha os grupos que realmente sabem que o imperialismo é o inimigo numero do País, inclusive em todos os outros países atrasados do mundo. Que entendem, também, que ataques à soberania estão sendo orquestrados de fora para dentro com ajuda dos lacaios do imperialismo.
Nesse sentido, devemos construir uma frente única anti-imperialista, expurgar de vez todos os capachos do capital internacional do Brasil. Sendo assim, defender o Brasil, ter uma postura nacionalista – e, portanto, comemorar a independência – significa, nos dias atuais, defender uma política que leve ao desenvolvimento do Brasil.
Essa política, necessariamente, é a luta contra o imperialismo, a luta capaz de libertar o País da dominação estrangeira em todos os aspectos. A luta contra o golpe de Estado, contra a Lava Jato, contra a tomada da Amazônia, governos vendilhões da pátria etc. É essa a principal tarefa da esquerda, objetivos que passam, necessariamente, pela celebração do legado nacional e, consequentemente, da Independência do Brasil.