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Entrevista

“A grande imprensa não é uma opositora do bolsonarismo”

O Diário Causa Operária (DCO) entrevistou Jonas Carreira, filiado ao PT e formado em história, com pós-graduação em ciências políticas

Nesta segunda-feira (12), o Diário Causa Operária (DCO) entrevistou Jonas Carreira. Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), Jonas é formado em História, pós-graduado em ciências políticas e analista político do canal no YouTube TVC Jornalismo, além de possuir um canal chamado Na História TV.

Na ocasião, Jonas discutiu um pouco sobre a importância da história brasileira e, por esse ângulo, sobre o papel do imperialismo e da burguesia, em geral, na deturpação do legado nacional.

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:

Diário Causa Operária: o que você pensa sobre os cursos do PCO de uma maneira geral? Sobre a perspectiva marxista do Partido acerca dos mais diversos temas?

Jonas Carreira: eu sempre fiz elogios à militância do PCO, desde o golpe até os dias atuais. Nesse sentido, vejo os cursos do Partido com importância para a luta, tanto no crescimento moral da militância, quanto na contribuição da luta contra o golpe nas manifestações de rua. A perspectiva marxista que o PCO carrega é alinhada com minha perspectiva de ver a história do País, no sentido de ter a eleição do presidente Lula como o princípio da construção de uma luta revolucionária. Por isso, vejo com relevância os cursos do partido.

DCO: acha que o imperialismo interfere no ensino e na promoção da história no Brasil, bem como na historiografia e na pesquisa histórica nacionais?

JC: eu acho que essa interferência é bastante maléfica. Dentro da academia, no curso de história, o acadêmico tem acesso a uma matéria que se chama Teoria da História. A Teoria da História oferece várias ferramentas para que o acadêmico, a partir desse momento, tenha uma concepção de como ele vai olhar a história.

Dentre essas ferramentas, está o materialismo histórico, que é olhar a história do Brasil, a história do mundo, pelo viés marxista. O imperialismo interfere nessa matéria, principalmente nessa teoria, no sentido de não extirpar o materialismo histórico da matriz curricular, mas modificá-lo. Modifica no sentido do acadêmico olhar a história pelo viés marxista mas sem, por exemplo, ter a concepção do que é o imperialismo. Hoje, na academia, falar em imperialismo é quase que uma blasfêmia.

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Outra modificação que eu acho muito importante é você colocar no primeiro plano algo que eu considero que está, dentro da história do Brasil, da história mundial, em segundo plano, como a questão do identitarismo.

Esses dois exemplos são os principais de vários que existem na modificação do materialismo histórico dentro da academia. E é algo bastante maléfico porque o acadêmico não tem noção dessa modificação. Se fosse extirpado, teria mais noção. Como é algo que está lá – o materialismo histórico está dentro dessa matéria, mas modificado -, o acadêmico não tem noção dessa modificação.

Aliás, isso faz parte de uma intervenção imperialista e também de um plano, de um objetivo imperialista de guerra híbrida, outra coisa que é bastante citada como algo blasfemo dentro da academia. É um problema dentro de nosso sistema educacional não só no País, mas em toda a América Latina.

DCO: e você acha que o ensino da história tem sido vítima de descaso por parte do governo em nosso País?

JC: sim. Acho que tem sido vítima de descaso sim não só o ensino de história, mas de todas as humanas. Como eu disse na pergunta anterior, o ensino de história tem sido sucateado e, ao mesmo tempo, distorcido.

Não vemos uma história sendo escrita em uma concepção de emancipação da classe trabalhadora, que faz parte do viés do materialismo histórico. Mas vemos uma explicação da história do Brasil voltada somente para a decoreba didata.

Vimos isso no período da Ditadura Militar, em que dava-se valor mais ao simbolismo das datas do que aos acontecimentos sociais que aconteciam em determinado período. Claro que, na Ditadura Militar, a matéria história foi extirpada. Hoje em dia, isso não acontece, mas ela continua sendo mais distorcida em conjunto com o agravamento do descaso.

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DCO: uma das principais discussões do atual curso ministrado pelo companheiro Rui é justamente sobre como o revisionismo da história brasileira serve para atacar a soberania nacional e favorecer o imperialismo. Qual a importância que você dá em valorizar a história e a cultura brasileiras?

JC: quando se fala em soberania nacional, também devemos levar em consideração o processo de guerra híbrida pela qual o Brasil está passando. A guerra híbrida, em si, modifica a visão, o olhar da opinião pública e até mesmo de um acadêmico dentro de uma universidade.

Então, temos uma visão hoje de soberania nacional em que, basicamente, a soberania está em um compatriota ter que prestar continência à bandeira do imperialismo estadunidense. Quando tem essa distorção da nossa visão sobre a soberania nacional, com certeza a nossa cultura brasileira vai ser extirpada. E a cultura brasileira, a cultura realmente popular, é uma ferramenta essencial para a emancipação da classe trabalhadora dentro de nosso País. E, com certeza, o estudo da nossa cultura vai dar um aporte para a consciência de classe da classe trabalhadora.

Quando um professor entra em sala de aula dando uma aula com um olhar importante para a cultura brasileira, ele vai ser olhado dentro desse processo de guerra híbrida como inimigo da sociedade porque ele vai emancipar a classe trabalhadora, o que é tudo que esse governo, a serviço do imperialismo, não quer. E nós, como militantes da esquerda, temos que ter um olhar diferente e valorizar a cultura brasileira.

DCO: por fim, como você vê os ataques da imprensa burguesa à história do Brasil, principalmente à Independência que, semana passada, completou 200 anos?

JC: o bolsonarismo é a representação do fascismo. Mas nós, como militantes, como estudiosos da história, temos que entender que o fasciscmo hoje não é o mesmo fascismo da Segunda Guerra Mundial. O bolsonarismo tem um discurso fascista mas, ao mesmo tempo, tem uma pauta econômica neoliberal, algo que não existia naqueles tempos do Mussolini, do Hitler etc.

Quando analisamos o 7 de Setembro que aconteceu agora, por exemplo, que era a comemoração do Bicentenário, vemos que ele foi tomado pelo fascismo brasileiro, pelo bolsonarismo na sua totalidade.

Mas, ao mesmo tempo que o Bolsonaro esbraveja todo o seu fascismo, existe a coordenação de um plano econômico neoliberal. E foi esse plano econômico que construiu o fascismo brasileiro, o neoliberalismo é aliado da grande imprensa. Ou seja, ao mesmo tempo que o neoliberalismo controla o discurso do Bolsonaro no 7 de Setembro, controla a grande imprensa.

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Nesse sentido, a grande imprensa se mostra opositora ao discurso do bolsonarismo mas, ao mesmo tempo, aliada ao neoliberalismo. E o neoliberalismo é totalmente contra as comemorações que vão ativar, dentro da sociedade brasileira, alguma espécie de reconstrução da soberania nacional. Essa imprensa vai, com certeza, tentar de todas as formas tornar irrelevante esse espírito de reconstrução da nossa soberania.

Por isso, eu não vejo a grande imprensa como uma opositora ao que aconteceu no 7 de Setembro porque o fascismo, o discurso do bolsonarismo, ele tem o controle dos neoliberais. E quando se fala em neoliberalismo, com certeza a grande imprensa está nessa aliança, e eles vão fazer de tudo para inviabilizar a nossa soberania nacional, que é um sentimento que se constrói dentro dessas datas comemorativas como é o 7 de Setembro.

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Para estudar a história nacional sob uma perspectiva verdadeiramente marxsita e revolucionária, que valoriza o legado brasileiro e procura explicar, de maneira concreta, o passado de nosso País, não deixe de se inscrever agora mesmo no mais novo curso da Universidade Marxista, Brasil, 500 anos de história.

O curso, ministrado pelo Presidente Nacional do Partido da Causa Operária (PCO), parte dos princípios da colonização portuguesa, em 1500, analisando a formação econômica do Brasil antes da chegada de Portugal, até os dias de hoje. Tudo com base na concepção materialista da história, a ferramenta mais importante de toda a doutrina de Marx.

Além disso, você ganha um espaço direto para fazer perguntas ao companheiro Rui acerca dos conteúdos ministrados e de muito mais. Você não pode ficar fora dessa!

Basta clicar neste link e seguir os passos do site. Você também pode entrar em contato com o setor de vendas da Loja do PCO por meio do número (11) 97999-9687 para saber mais!

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