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Dia de Hoje na História

15/11/1889: golpe militar e a Proclamação da República

Há 132 anos a derrubada da monarquia abriu uma etapa importante no desenvolvimento da luta de classes no Brasil

proclamação da república by benedito calixto 1893

O ensino de História do Brasil foi extremamente amputado e esterilizado durante a ditadura militar de 1964. As poucas horas de aula que as crianças dos anos 70 do século passado tinham para aprender essa disciplina eram gastas em enaltecer os grandes “vultos nacionais” e mais nada. O ensino de História era uma formalidade, mas nada inocente. Com o fim do regime militar, a abordagem científica da História, baseada no estudo da luta de classes, pôde ganhar algum terreno nas escolas. Por outro lado, apesar da ditadura militar ter acabado, a burguesia continua a existir como classe dominante. Consequentemente, sua visão deturpada do passado – a historiografia burguesa – permanece viva.

A diferença é que hoje em dia quase ninguém acredita que as mudanças históricas decorrem das ações de alguns poucos indivíduos iluminados. Esse messianismo da época da ditadura militar não engana mais. Foi então necessário colocar o cinismo no lugar dele. Se antes era ensinado que alguns “notáveis” mudaram a História, agora se diz que nada muda, e que todo evento histórico ou é golpe ou é farsa, e que os poderosos sempre dão as cartas, não importando o que os demais façam. Resumindo, a mesma paralisia de quem esperava pelo “messias” acontece agora por causa da desesperança total, se seguirmos os historiadores burgueses.

Quem realmente escreve História com espírito científico, observando de maneira objetiva e crítica a luta de classes, não vê o fato histórico como algo fora do comum, fruto de algum visionário, nem tampouco como uma eterna enganação, como se os poderosos fossem sempre os mesmos. Podemos então afirmar que a Proclamação da República em 15 de Novembro de 1889 no Brasil foi um golpe militar. Mas foi um golpe progressista, pois rompeu uma trava no desenvolvimento do país. Essa trava era a monarquia, que estava mergulhada em uma crise explosiva. Essa crise decorria por um lado do fato da abolição da escravidão ter se arrastado por décadas.

A assinatura da Lei Áurea, encerrando legalmente a escravidão neste país, foi assinada em 1888 e não conseguiu impedir a insatisfação crescente e de longa data dos setores abolicionistas e progressistas. No campo oposto temos os reacionários latifundiários escravocratas, que retiraram seu apoio à monarquia – o único que ainda restava – por conta da Lei Áurea ter feito esses proprietários de terra perderem seus escravos sem indenização. Também havia a crise decorrente do fim da Guerra do Paraguai (1864-1870), que arruinou economicamente o Brasil ao mesmo tempo que deu prestígio às forças armadas, do ponto de vista do êxito militar, contrastando com as condições de vida desses militares – os de baixa patente – que eram terríveis, tendo inclusive piorado por causa das dívidas contraídas pelo Império para fazer a guerra. Toda essa oposição – abolicionistas, antiabolicionistas, latifundiários e militares – tornou a crise insuportável e irreversível.

Tal foi a dimensão dela que o comandante do golpe militar de 15 de Novembro, que destituiu o gabinete ministerial e prendeu o chefe de governo, foi o monarquista Marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro Presidente da República do Brasil. Sim. Foi um golpe militar e foi progressista. Por isso podemos dizer que a derrubada da monarquia e o advento da República foi um acontecimento revolucionário. E essa grande crise revolucionária que gerou a República levou de imediato a um período conturbado e contraditório, cujo ponto máximo foi o Massacre de Canudos (1897). Depois disso, a República Velha se consolidou, para depois, nos anos de 1910 e 1920, abrir um novo período de crise revolucionária, dessa vez em uma etapa superior do desenvolvimento da luta de classes. Isso demonstra que a Proclamação da República de 1889 foi sim algo revolucionário, mesmo com todas suas contradições. Aliás, contradição é o que há de mais comum no estudo da História.

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