O ato Fora Bolsonaro realizado no dia 02 de outubro comprovou que a direita golpista atua para sequestrar a mobilização de rua em favor de seus próprios objetivos políticos, que é o impulsionamento das candidaturas da “terceira via” para as eleições presidenciais de 2022. A Frente Ampla atrela os partidos da esquerda à política da direita tradicional, que tenta se apresentar como “democrática”, “civilizada” e “opositora” de Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido), embora vote com Bolsonaro pela aprovação de todos os ataques aos direitos da população no Congresso Nacional.
Os partidos da direita golpista PSDB, MDB, DEM, SD, Rede e o Fórum Direitos Já! tomaram a direção da mobilização por meio de uma série de manobras que contaram com o apoio da esquerda pequeno-burguesa, particularmente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). O Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT), que são partidos de direita disfarçados de esquerda, também se destacaram no apoio à Frente Ampla e na infiltração da direitista.
O candidato Ciro Gomes (PDT) subiu no palanque e foi vaiado pela maioria dos manifestantes, que têm consciência do papel que o coronel do Ceará desempenhou no golpe de Estado de 2016 e na fraude eleitoral de 2018. Além disso, é bastante evidente que Ciro Gomes, conforme o próprio confessou em entrevista, atua politicamente para rachar a base eleitoral do Partido dos Trabalhadores (PT) e impedir que este partido chegue ao segundo turno da eleição presidencial de 2022. No contexto de duros ataques aos direitos dos trabalhadores, que se manifesta na inflação de dois dígitos e no aprofundamento da miséria, Ciro se dedica a atacar furiosamente o ex-presidente Lula e o PT, acusando-os de serem “corruptos”, “corruptores” e membros de quadrilha. Recentemente, Ciro Gomes foi ao delírio e desceu ao ridículo ao acusar Lula de conspirar pelo impeachment de Dilma.
Um vídeo gravado no ato da Avenida Paulista mostra um capacho de Ciro Gomes cuspindo, do alto do palanque, na cara dos manifestantes. Isso é uma demonstração da concepção que o cirista tem em relação àqueles que lutam pelo Fora Bolsonaro. As cuspidas foram direcionadas aos manifestantes ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), ao Partido dos Trabalhadores (PT) e ao Partido da Causa Operária (PCO).
A política da Frente Ampla deve ser repudiada pelos movimentos, sindicatos e partidos que representam os trabalhadores e defendem seus direitos sociais. Ciro Gomes e seus capachos são ardorosos defensores dessa política e reivindicam o abandono da cor vermelha em favor do verde-amarelismo e também das reivindicações classistas pela defesa de uma democracia em abstrato. O coronel cearense quer uma união de todos pelo Brasil, que na verdade significa uma aliança com a burguesia e a desfiguração do caráter de classe do movimento popular.
A infiltração da direita golpista significa, de fato, uma cusparada na cara da classe trabalhadora e de todos os explorados e oprimidos. Os direitistas “civilizados” e “democráticos” são os responsáveis pelo golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), a aprovação das “reformas” trabalhista, previdenciária, ensino médio, lei das terceirizações gerais, arrocho salarial, privatizações das estatais, entrega das riquezas nacionais e congelamento dos investimentos públicos por 20 anos (2016-2036) e, finalmente, pelo apoio e sustentação da Operação Lava Jato – com 13 agentes do FBI – e pela prisão de Lula em meio às eleições de 2018. O resultado é a chegada de Jair Bolsonaro à presidência da República, a destruição da economia nacional, miséria generalizada e o genocídio de mais de 600 mil brasileiros.
É preciso reafirmar que o sequestro da mobilização de rua Fora Bolsonaro só é possível através do apoio da esquerda pequeno-burguesa adepta da Frente Ampla. O bloco político entre a direita e a esquerda foi montado com este objetivo e é parte de uma operação da burguesia para fazer prevalecer os seus interesses políticos. Por sua vez, a infiltração direitista vai esvaziar até finalmente destruir a mobilização de rua.
Os direitistas devem ser expulsos da mobilização, que foi convocada e impulsionada pelas forças de esquerda e sempre contou com a oposição da direita. Em diversas ocasiões, a direita fez campanha contra a mobilização com os motes de que se deveria “ficar em casa” e não “provocar aglomerações” em meio à pandemia. Os protestos eram classificados como aglomerações, chamados de irresponsáveis e condenados. Cabe destacar que a infiltração da direita se deu contra as próprias bases da Campanha Nacional Fora Bolsonaro, que sequer foram ouvidas. Jamais se convocou uma Plenária para discutir o que querem as bases que se esforçam em todo o Brasil e se mobilizam nas ruas. Somente é possível violentar de tal forma o movimento através de um golpe.
A luta política contra a infiltração direitista nas mobilizações Fora Bolsonaro é central nesta etapa da luta de classes. Não se deve permitir que os direitistas cuspam na cara dos manifestantes e, de uma maneira mais ampla, em todo o povo pobre e trabalhador. É isso que representa a presença da direita: um cuspe na cara do trabalhador.
Veja o momento em que o capacho de Ciro Gomes cospe nos manifestantes:
Capacho de Ciro Gomes cospe em manifestantes no ato pelo #ForaBolsonaro. A direita deve ser expulsa dos atos pelo #ForaBolsonaro. Os defensores da terceira via querem sequestrar o movimento de luta contra o golpe. Lutar por #LulaPresidente @PCO29 pic.twitter.com/od6gjCZ3GE
— PCO – Partido da Causa Operária (@PCO29) October 8, 2021