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Manifesto pela democracia

Seriam os banqueiros mais civilizados que Bolsonaro?

Uma análise sobre a crença de que Bolsonaro representa um perigo maior aos trabalhadores do que a direita ligada ao imperialismo

Na última semana, com a publicação de um documento da Fiesp, criou-se uma movimentação política supostamente em defesa da democracia. A grande maioria da esquerda embarcou nessa campanha de uma maneira totalmente acrítica, tomando o manifesto de maneira dogmática.

A primeira coisa que devemos dizer sobre essa campanha, é que não é uma campanha da esquerda. A esquerda parlamentar, em decorrência da total falta de política, foi atraída pela campanha. Todavia, é muito visível que o centro de gravidade da campanha, a ação da campanha, a coordenação, as ideias, o comando e a propaganda da campanha é toda feita pela grande burguesia brasileira. É uma campanha do grande capital. Tanto é que os primeiros que adotaram a campanha foram a Fiesp e a Febraban.

Como a presença desses setores ficou muito evidente, surgiu um novo manifesto que foi feito pela USP. Ademais, a OAB disse que está fazendo um terceiro manifesto. Tudo para apaziguar a consciência das pessoas que querem apoiar essa campanha mas não querem aparecer do lado dos banqueiros nacionais, indiscutivelmente os piores vampiros econômicos do País.

Apesar de toda essa maquiagem, quem dirige a campanha é o grande capital. O manifesto da Fiesp foi publicado por todos os grandes jornais brasileiros, o que deixa absolutamente claro que é uma campanha da grande burguesia, das pessoas que controlam a economia nacional.

Logicamente, quando vemos essas organizações abertamente empresariais em ação, podemos ter certeza que estamos diante, sobretudo, de uma campanha do imperialismo. Em outras palavras, o imperialismo, em particular o norte-americano, e os grandes capitalistas nacionais estão em campanha política.

Qual seria o objetivo dessa campanha?

A ideia dos próprios capitalistas que organizam essa campanha é a de que é uma campanha geral da sociedade ou, como eles gostam de dizer, da “sociedade civil”. Isso, todavia, é apenas uma fachada. São os grandes capitalistas que estão fazendo essa campanha e eles, por conta de todo o seu poder econômico e político, são capazes de manipular e atrair a posição de várias pessoas não conscientes da situação em que estão se metendo. O que é, então, que essa gente quer com a campanha em defesa da democracia?

Dentro da esquerda, existe uma confusão de que seria uma campanha para favorecer totalmente a candidatura de Lula. Isso é completamente inverossímil. Que Febraban, Fiesp, os grandes capitalistas e o imperialismo saiam de casa para favorecer a candidatura é uma coisa que ninguém, em sã consciência, pode acreditar. Mas eles, de fato, têm um propósito

Surge, então, uma hipótese que deve ser criticada no detalhe:

Os capitalistas são contra Bolsonaro. Bolsonaro é uma figura tão ameaçadora que até os próprios capitalistas estão assustados com ele. Cria-se a concepção de que esses banqueiros, esses capitalistas, apesar de serem capitalistas, ou seja, verdadeiros vampiros sociais; são pessoas civilizadas, enquanto que Bolsonaro não.

Consequentemente, em defesa da civilização, eles saíram de casa, mobilizaram o exército de gente paga por eles para fazer propaganda, mobilizaram toda a imprensa capitalista nacional – recursos de milhões de reais – para defender a civilização. Podemos acreditar nisso? Decerto que não.

Os grandes capitalistas são mais civilizados que Bolsonaro?

Os que defendem essa tese não explicam o que é um grande capitalista. Por exemplo, temos os banqueiros, que tiram, a título de juros, 40% do orçamento nacional. Eles estão literalmente roubando o leite das crianças brasileiras. Se você se apodera, através de um processo de agiotagem, de 40% do orçamento nacional, você é responsável direto pela falta de atendimento das pessoas que estão passando fome, pelas pessoas que não têm assistência médica e, finalmente, por tudo de ruim que acontece no País em decorrência da pobreza.

Além disso, precisamos ter um pouco de memória. Não vamos lembrar de todas as mazelas que os bancos e a burguesia nacional fizeram em toda a sua existência. Caso contrário, veríamos uma história de terror continuada verdadeiramente inacreditável. Mas vamos lembrar o que eles fizeram há quatro anos: elegeram Jair Bolsonaro. Se eles são pessoas tão civilizadas, por que elegeram Bolsonaro?

O Bolsonaro de quatro anos atrás foi uma pessoa que fez a campanha da “arminha”, ameaçando a esquerda nacional. Foi a pessoa que declarou que era à favor da tortura, que era favorável a matar mais de 30.000 comunistas no Brasil porque a ditadura matou pouca gente. Naquela época, em 2018, estaria-se elegendo não uma figura negativa, mas uma figura perigosa.

Depois, Bolsonaro, no governo, não mandou matar ninguém, não torturou ninguém e mal conseguiu governar se compararmos com governos como o de Fernando Henrique Cardoso. Quer dizer, o Bolsonaro de 2022 é uma figura muito mais inócua – na aparência, pelo menos – do que o Bolsonaro de 2018. Esse sim era preocupante.

Bolsonaro retirou o orçamento da cultura, mas os grandes capitalistas estão preocupados com a cultura? Não. Depois, ele levou uma campanha muito precária, segundo a sua própria expectativa, na questão dos costumes. Quando o bolsonarismo ganhou a eleição, parecia que ele iria colocar a população LGBT em um gueto. Algo longe da realidade.

Naquele momento, quando Bolsonaro foi eleito com a ajuda da burguesia, que procurou derrotar o PT de qualquer maneira, existia a impressão de que a burguesia estava partindo para uma ação de força contra a esquerda. Hoje, é difícil acreditar nisso. Nesse sentido, Bolsonaro não mostrou nada, não fez nada; foi atacado pelo STF e nem mesmo conseguiu reagir direito. Fica claro, então, que o Bolsonaro de hoje não é tão temível quanto o de 2018.

Com isso, precisamos nos perguntar: por que que Bolsonaro de hoje assustaria a burguesia a ponto de fazer campanha contra ele sendo que a burguesia fez uma ampla campanha à favor dele quando ele era muito mais assustador?

Fica cada vez mais claro que o objetivo da campanha é uma farsa, não existe todo o medo do “atentado contra a democracia” como procuram fabricar. Inclusive, se a burguesia tiver que optar entre Lula e Bolsonaro, eles ficariam com Bolsonaro, que é muito mais favorável a eles do que o próprio Lula.

Ou seja, a campanha não é uma campanha contra o Bolsonaro no sentido que eles procuram apresentar, num sentido de princípios democráticos. Mas sim uma campanha de tipo eleitoral que busca, no final, impulsionar a terceira via. Essas figuras, que hoje estão falando a favor da democracia, são extremamente perigosas. São os principais inimigos dos trabalhadores. Não podemos afirmar que Bolsonaro é pior para os trabalhadores do que os grandes capitalistas brasileiros. Pois foram eles que, junto com o imperialismo, deram o golpe de 64. O que pode ser pior do que isso?

Bolsonaro, nesse sentido, é um executor da política das figuras que organizam o manifesto, um mero vassalo dos grandes capitalistas, e nada mais. Os banqueiros, por outro lado, podem ser comparados a verdadeiros demônios na Terra.

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