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Jungmann, aquele do IREE

Raul Jungmann: um articulador direto entre a CIA e as FFAA?

Raul Jungmann, uma das peças no golpe contra Dilma Rousseff, membro do IREE, virou porta-voz do imperialismo e virou "autoridade" para falar sobre golpe no Brasil

Em novembro do ano passado, o Diário Causa Operária publicou uma série de artigos que escancararam a conexão entre Guilherme Boulos, principal liderança do PSOL, e o imperialismo norte-americano. As reportagens investigativas revelaram, antes de tudo, a relação de Boulos com o Instituto para Reformas das Relações entre Estado e Empresa (IREE), um organismo “filantrópico” que, na realidade, é financiado pela CIA para infiltrar a sua política no Brasil.

Procurando explicar a constituição política do IREE, a Causa Operária caracterizou cada um de seus diretores. Lá, encontram-se figuras grotescas da política nacional, como é o caso de Sérgio Etchegoyen, chefe do Estado Maior do Exército durante o golpe de 2016; e Leandro Daiello, chefe da Polícia Federal durante quase uma década, especialmente até o golpe de Estado de 2016, durante a condução coercitiva contra Lula.

Dentre essas renomadas figuras, encontra-se Raul Jungmann, ministro da Defesa no governo Temer, o homem que autorizou o uso de força militar contra os manifestantes no ato de 24 de maio de 2017, contra a reforma da previdência. No IREE, Jungmann ocupa o cargo de Presidente do IREE Defesa e Segurança.

O escândalo serviu para explicar o motivo pelo qual Boulos vinha atuando com uma política oposta aos interesses da esquerda e do povo trabalhador. Isto é, por que Boulos, como dirigente do MTST e futuramente do PSOL, sabotou a luta contra o golpe, a luta pela liberdade de Lula e os atos Fora Bolsonaro. A série de artigos comprovaram factualmente que o IREE é um instituto criminoso, infestado por inimigos dos trabalhadores que agem segundo os ditames do imperialismo.

Entretanto, agora, meses depois, temos ainda mais uma confirmação de que esta investigação estava na linha correta após a publicação de um artigo de opinião de Raul Jungmann no jornal Americas Quarterly.

Jornal imperialista na América Latina

Antes de mais nada, é preciso caracterizar o próprio jornal em questão:

Americas Quarterly (AQ) é uma publicação premiada dedicada à política, negócios e cultura nas Américas. Tomando emprestado elementos do The Economist e Foreign Affairs — mas com foco na América Latina — a AQ tem um público influente e uma circulação impressa de 15.000 exemplares. Os leitores incluem CEOs, funcionários governamentais de alto-escalão e líderes do pensamento, bem como um público geral interessado nas Américas. Lançada em 2007 e sediada na cidade de Nova York, a AQ é uma publicação independente e sem fins lucrativos da Americas Society/Council of the Americas, que há mais de 50 anos se dedica ao diálogo no Hemisfério Ocidental”, escreve a revista [tradução do DCO].

Ou seja, trata-se de um jornal americano destinado a propagandear a política dos Estados Unidos para o resto das Américas. Tanto é que a Americas Society/Council of the Americas foi fundada por ninguém mais, ninguém menos, que David Rockefeller, um dos maiores vampiros capitalistas de todos os tempos.

Jungmann, o Dr. do golpe

Em Não terá um golpe no Brasil, publicado no final de junho, Jungmann reitera a sua tese de que não haverá nenhum tipo de golpe militar no Brasil. Para sustentar seu ponto, ele afirma, em primeiro lugar, que a comparação do atual momento político nacional com o Golpe de 1964 é falsa.

Para Jungmann, a instabilidade política à época não é igual a atual. Ademais, afirma com toda a convicção do mundo que, no golpe de 64, a imprensa, os empresários, a igreja etc. estavam do lado do golpe. Enquanto que, agora, não estão.

“Nada disso se passa agora, já que nem a mídia, o empresariado, as classes médias, igrejas ou partidos propõem, defendem ou promovem uma intervenção militar ou golpe. E as instituições não estão mais frágeis como à época – antes, estão sólidas. Os Estados Unidos, sob Biden, e isso foi deixado claro pelo diretor da CIA, William Burns, em nome dos Estados Unidos ao governo brasileiro, discorda de qualquer caminho que leve à ruptura institucional no país, o que teria sido reiterado a Bolsonaro pelo próprio Biden, na recente Cúpula das Américas”, escreve Jungmann.

Em primeiro lugar, é preciso dizer que tal afirmação não é, necessariamente, verdadeira. Afinal de contas, Jungmann, defensor ferrenho da Lava Jato, não considera o impeachment de Dilma como um golpe, tampouco a prisão de Lula. Golpes que foram, em primeiro lugar, apoiados pela imprensa burguesa, pelos empresários e pelo “ grande irmão do norte”, como ele próprio diz.

A situação política, nesse sentido, não mudou. A burguesia ainda procura emplacar o golpe no Brasil que, até o momento, não se consolidou da maneira esperada. Afinal, Lula ainda é um perigo constante nos planos dos capitalistas que tentam enfiar Simone Tebet goela abaixo do povo.

Em segundo lugar, independente disso, é normalmente quando o policial afirma que não haverá violência que justamente o contrário acontece. Em outras palavras, se Jungmann e os EUA afirmam que não haverá golpe no Brasil, precisamos estar duplamente atentos a qualquer coisa deste tipo.

No restante do artigo, Jungmann abandona a tentativa de justificar sua tese e desenvolve, em longos parágrafos, sua solução para a reforma das relações entre as Forças Armadas e o resto do aparato burguês. Qual seria a justificativa, então, para sua afirmação senão um conhecimento obscuro acerca do funcionamento da política burguesa?

Ou seja, Jungmann não só realiza uma afirmação corajosa, aparentemente infundada segundo sua escassa explicação, acerca da democracia brasileira, como também é reproduzido por um jornal diretamente ligado ao imperialismo americano. É, finalmente, um certificado de que sua voz é a voz do imperialismo, de que seria uma figura de autoridade no assunto do golpismo.

Nada mais justo do que tal reconhecimento. Afinal, como foi aqui relembrado, Jungmann foi um dos principais atores do golpe de 2016 e dos acontecimentos subsequentes. Está apenas colhendo o fruto de seu árduo trabalho de inimigo dos trabalhadores com um local de destaque na imprensa imperialista.

Interlocução com a CIA

É preciso lembrar que Jungmann foi Ministro da Defesa durante o governo Temer. Em geral, figuras que ocupam esse cargo, no resto do mundo, comem na mão da CIA e, no Brasil, não é diferente. Principalmente levando em consideração que ele foi o Ministro da Defesa do golpe, golpe que foi orquestrado e financiado diretamente pela CIA.

Sua publicação no Americas Quarterly é ainda mais um reforço dessa caracterização. Afinal, o imperialismo só entrega tarefas importantes, como é o caso do golpe, para figuras de confiança, que possam, efetivamente, levar à cabo os interesses da burguesia imperialista.

No final, Jungmann não é apenas uma ponte entre o imperialismo e o Brasil. É, ao que parece, um articulador direto entre os Estados Unidos e as Forças Armadas no Brasil. Setor que também participou do golpe de estado por meio, inclusive, do Ministério de Temer, o qual Jungmann presidia.

Durante as Olimpíadas, por exemplo, Jungmann afirmou que estava trabalhando “a quatro mãos” com o governo dos Estados Unidos para monitorar as fronteiras brasileiras no que diz respeito à entrada de grupos “extremistas” no País. Sem contar em sua visita à Washington que rendeu uma conversa acerca da criação de um órgão interventor.

Uma raposa no galinheiro

Pouco tempo depois da publicação do texto em questão, a imprensa burguesa começou a repercutir uma aproximação entre Lula e Jungmann. Segundo O Globo, uma “ala de petistas” passou a defender uma melhora na interlocução entre o ex-presidente e as Forças Armadas. Logo, surgiu o nome do ex-ministro para intensificar tais relações.

Temos aqui ainda mais um episódio da série de infiltrações que vem ocorrendo dentro da candidatura de Lula. Finalmente, ele está cercado de figuras nefastas que servem para empurrar a sua candidatura cada vez mais à direita e, até mesmo, aplicar outro golpe no petista. Jungmann não seria um “especialista”, mas um interventor de uma nação estrangeira na candidatura de Lula.

Jungmann é, nesse sentido, ainda mais uma raposa no galinheiro do PT. E uma raposa das grandes.

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