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A burguesia não é democrática

Qual a “democracia” que os grandes empresários apoiam?

Só os ‘inocentes’ da esquerda pequeno-burguesa acreditam que haja uma verdadeira campanha pró-democracia no Brasil. Ainda mais da parte dos principais golpistas: Febraban e Fiesp.

Na última semana, banqueiros e empresários brasileiros reuniram- se em uma carta aberta para defender aquilo que, historicamente, não têm tanto apreço, mas atualmente fica bonito defender: a democracia.

O manifesto “em defesa da democracia e da justiça” que cooptou a esquerda parlamentar é, em sua essência, uma campanha do grande capital, tendo sido escritos pela Fiesp e pela Febraban. Ele foi publicado e teve sua importância reiterada em todos os grandes jornais, reforçando que não é uma campanha do povo, dos trabalhadores, dos artistas ou sequer dos pequeno-burgueses. É, sobretudo, uma manobra dos detentores do capital que controlam a economia nacional, tanto internamente quanto internacionalmente; uma nova ofensiva do imperialismo no Brasil.

Os grandes capitalistas aplicaram o discurso de que é uma campanha da grande sociedade civil, enquanto a esquerda aceitou e recebeu essa dose de forma passiva, sem questionar que a campanha é, na realidade, uma tentativa de manipulação das massas por parte dos capitalistas. Os artistas assinaram porque o recado que foi passado é de que o manifesto é contra as ofensivas golpistas de Bolsonaro, o espantalho fascista que os também fascistas acusam de – pasme – fascista.

Em seguida à demagogia da Fiesp e da Febraban, um segundo manifesto foi realizado pela USP e um terceiro pela OAB, no intuito de apaziguar as pessoas que ficaram desconfiadas ao observar as duas primeiras entidades, controladas por agentes do capital internacional, falarem em defesa da democracia – sendo que foram parte ativa no golpe contra a presidente Dilma.

82% dos empresários apoiam totalmente a democracia, segundo reportagem da Folha de São Paulo, mas o que eles realmente querem com essa campanha pela democracia?

Há uma crença dentro de setores da esquerda de que essa campanha favorece a candidatura do Lula, mas ela não condiz com a realidade. O imperialismo e seus tentáculos espalhados pelo Brasil não sairiam de casa para favorecer o Lula, como já vimos anteriormente. Eles aceitaram a presidência do metalúrgico em 2002, dadas as circunstâncias da época, mas não fizeram campanha na época e não será agora que farão propaganda para que tal feito se repita.

Para acreditar que Lula sairia favorecido nessa festa em defesa da democracia, seria necessário acreditar que os capitalistas são contra Bolsonaro até o final, porém, se seguirmos por esse caminho, essa festa se transformará em um enterro.

Os banqueiros, que retiram mais de 40% do orçamento nacional a título de juros, roubando a verba de demais áreas e agindo como verdadeiros vampiros sociais, são os que tentam se apresentar como pessoas civilizadas no dia de hoje, enquanto Bolsonaro, o Frankenstein criado pela burguesia pós-golpe, seria o único inimigo do bem comum. Não dá para acreditar que esses banqueiros se moveriam, pagariam seus serviçais e utilizariam os meios de comunicação para promover benfeitorias à classe trabalhadora.

Esse mesmo grupo, que finge vociferar contra Bolsonaro, foi quem o elegeu em 2018, quando declarava abertamente ser a favor da tortura, de fuzilar a petralada e que lamentava que não tivessem tido mais 30.000 fuzilados na ditadura militar. Não foi uma pessoa democrática que a alta burguesia escolheu para ser eleita, seja pelas circunstâncias que fossem.

Em 2018, a burguesia passou o recado de que poderia ir para uma demonstração de força contra a população, mas o Bolsonaro de hoje, em seu discurso, nem se apresenta tão temível quanto o de quatro anos atrás. O capitão eleito pela fraude que retirou Lula das eleições não é capaz de assustar de verdade a burguesia nos dias de hoje, sendo que nem em 2018 assustou. Se os detentores do capital forem colocados contra a parede e tiverem que optar entre uma liderança popular e um sanguessuga da classe operária, a escolha dos mais ricos será fácil, previsível e dolorosa para os trabalhadores.

Mostrar Bolsonaro como a única figura indesejada é uma campanha eleitoral, não uma campanha contra o fascismo. As pessoas que estão falando, hoje, em defesa da democracia, são os inimigos dos trabalhadores que fizeram a democracia sangrar em 1964, 2016 e novamente em 2018. São os que já provaram que a democracia liberal é apenas uma de suas ferramentas ferramentas em sua caixa de opções para retirar do trabalhador suas condições de ter uma vida melhor.

A campanha “em defesa da democracia e da justiça” proposta pela burguesia só poderia favorecer a candidatura de Lula se os capitalistas tivessem decidido que Lula seria mais benéfico para os seus negócios do que as demais opções, tendo em mente que a política dos capitalistas obedece apenas aos seus interesses econômicos. Mas essa visão não se sustenta, porque eles não estão fazendo nada, na prática, para mudar a vida do brasileiro para melhor. Estão apenas marcando seu território e posição em defesa do STF e da inquestionabilidade das urnas eletrônicas e do sistema eleitoral.

Apesar de já ter sido denunciado diversas vezes por este jornal, sempre é válido relembrar que a defesa do Supremo Tribunal Federal, uma corte arbitrária e que já passou por cima da lei, significa defender o processo do mensalão, os abusos do judiciário, o impedimento da participação de Lula em 2018 e toda a jornada golpista para retirar a Dilma do cargo da presidência.

O mesmo tribunal que, segundo alguns setores da esquerda, supostamente agiria contra o Bolsonaro, foi quem se calou diante do orçamento secreto da base governista e do pacote de compra de votos proposto e aprovado pelo fascista que ocupa a cadeira presidencial do país. Porém, ainda assim, os jornalistas acreditam que a campanha do STF é em defesa da democracia e o que os sustenta é a crença religiosa de que Lula vencerá no primeiro turno, já que, segundo eles, a burguesia não está tentando emplacar seu candidato.

Entretanto, a realidade se apresenta mais sórdida, pois a chapa da Simone Tebet já está montada para usurpar votos das campanhas em defesa da mulher. A vida real e a aparência contrastam, tendo em mente que o que parece ser verdade nem sempre condiz com o que ocorre por trás dos bastidores.

Só podemos acreditar que Lula vencerá em primeiro turno se acreditarmos nas pesquisas, que, assim como qualquer operação realizada por pessoas e com fins políticos, pode ser fraudada. A imprensa frisa que a campanha é apartidária para convencer a esquerda de que a burguesia é a favor do Lula contra o golpe bolsonarista, mas é válido destacar que Bolsonaro, caso quisesse dar um golpe por meio da força, não obteria apoio nem da maior parte da população, nem dos capitalistas nacionais e nem da cúpula do imperialismo. Ele estaria baseado em um pequeno grupo de pessoas fiéis às suas pautas.

A campanha aberta só pode ser, por fim, uma tentativa de empurrar a terceira via, mas como bem lembrou o companheiro Rui Costa Pimenta, na Análise Política da Semana do dia 6 de agosto, grandes planos também podem fracassar. Caso fracasse, a burguesia adotaria novas manobras para sua ofensiva contra a classe trabalhadora e pelo controle político do país.

A esquerda, nesse movimento de abrir mão das suas crenças políticas históricas e se submeter aos bons olhos da direita tradicional, se coloca na mão da burguesia em uma jogada que irá custar caro. O que há, atualmente, não é uma aliança com setores direitistas em nome da governabilidade, como alguns defendem, mas uma infiltração no PT, maior partido de esquerda do país, por pessoas como Geraldo Alckmin, o inimigo dos trabalhadores, seu escudeiro Márcio França e o lavajatista Alessandro Molon, além de diversos outros adversários da classe operária do Brasil.

Na parábola do sapo e do escorpião, os dois animais pretendiam atravessar o rio de um lado para o outro. O escorpião, por não saber nadar, pediu para que o sapo lhe desse uma carona, mas este apresentou um certo receio. “Você irá me ferroar”, indagou o sapo, que foi rapidamente convencido pelo escorpião quando o mesmo disse que não haveria um cenário em que ele desse uma ferroada no sapo, pois se o sapo morresse no meio do rio, o escorpião morreria junto.

No decorrer da história, o sapo dá carona, o escorpião ferroa o sapo e, quando é perguntado o porquê de ter feito isso, sua resposta é uma aula que a esquerda precisa receber sobre as classes dominantes: “É apenas a minha natureza, sapo”. A moral da história é que o sapo deveria estar ciente da natureza do escorpião, assim como a esquerda e os movimentos sociais deveriam estar cientes da natureza da burguesia.

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