Em meio à polarização cada vez maior criada a partir do golpe de Estado de 2016, organizado pelo PSDB, duas figuras políticas marcam os polos. De um lado o candidato da extrema direita, o presidente ilegítimo fruto da fraude eleitoral de 2018 mas que tem alguma base social, o fascista Jair Bolsonaro, do outro lado o maior líder operário e popular do país com gigantesco apoio da classe trabalhadora, o ex-presidente Lula. Contudo, para a burguesia nenhum dos dois é seu candidato de preferência ─ apesar de Bolsonaro ser aceitável, existe um partido ainda mais capaz de esmagar a classe operária e garantir os lucros dos capitalistas, o PSDB, e por isso este apresenta duas alternativas para a terceira via, Bolsodoria e Bolsogay.
As manobras dos tucanos para tentar emplacar a 3a via são constantes, elas se manifestam na política de frente ampla que consiste em uma subordinação da esquerda aos setores “democráticos” dos partidos burgueses cujo principal deles é o PSDB. No momento existem as tentativas de infiltrações direitistas nas mobilizações, que é amplamente rechaçada pelos militantes da esquerda ─ caso ela obtenha sucesso as manifestações serão canalizadas a apoiar um desses dois candidatos a candidato. O PSDB então oferece o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o famoso Bolsogay, lançado por FHC, e o governador de São Paulo, João Doria (ou Bolsodoria), que controla grande parte do aparato do partido e ao que tudo indica é a principal figura por trás da frente entre a esquerda e os golpistas nas últimas manifestações.
Ambos atacam Lula e Bolsonaro tentando se apresentar com o candidato “sensato” e “sem extremismo” como principal base de sua campanha. Bolsogay, que foi eleito em 2018 sob o lema de “Bolsoleite”, postou em seu twitter: “Ninguém chuta cachorro morto. Se não existe 3º via, não sei porque Lula e Bolsonaro estão se preocupando. Depois do tanto que já nos foi roubado, querem agora roubar a nossa esperança.” O discurso direitista da corrupção já é tradicional do PSDB e continua sendo um dos principais baluartes do golpe de Estado. No quesito chutar cachorro morto para o PSDB isso é pouco, apesar de o partido ser um cadáver político no que tange ao apoio popular, em relação ao apoio da burguesia a situação é o extremo oposto, com um gigantesco apoio do próprio imperialismo. Esse cachorro de guarda da burguesia não merece apenas ser chutado, mas completamente destroçado.
Já o governador fascista de São Paulo, João Dória, postou: “O sonho do Lula é disputar eleição apenas com o Bolsonaro. O sonho do Bolsonaro é disputar eleição apenas com o Lula. E o sonho dos brasileiros é que os dois percam a eleição. Não adianta serem contra, a melhor via devolverá a esperança aos brasileiros.” Para Doria o sonho dos brasileiros é que o candidato com mais votos do país, Lula, e o segundo candidato com mais votos do país, Bolsonaro, percam as eleições para o partido mais odiado da classe operária que nem conseguiu 5% dos votos em 2018. Está aí a democracia do PSDB, muito conhecida no estado de São Paulo: o candidato ao governo não deve ser o preferido do povo mas sim o carrasco escolhido pela burguesia.
Após os ataques golpistas do PSDB, a presidenta do PT Gleisi Hoffman rebatou com um argumento bem acertado: “a 3ª via tem o mesmo projeto de Bolsonaro: privatizar e excluir direitos”. Sendo tanto Bolsonaro quanto Bolsodoria e Bolsogay candidatos da burguesia, eles possuem o mesmo projeto, destruir completamente todas as conquistas da classe operária a esmagando cada vez mais para sustentar o capitalismo decadente. O golpe de Estado, organizado pelo DEM, MDB e principalmente o PSDB, tinha esse objetivo e para manter o regime golpista de pé em 2018 o mesmo PSDB apoiou a prisão de Lula e a fraude eleitoral que levou Bolsonaro ao governo.
Um ponto crucial é que a burguesia faz uma enorme campanha a favor da 3a via em detrimento de Bolsonaro, semelhante ao que foi feito nos EUA a favor de Biden contra Trump. Isso demonstra que a classe dominante considera que estes candidatos irão aplicar a política de ataque aos trabalhadores de forma mais bem-acabada. Em outras palavras, para a classe operária um governo da 3a via será ainda pior do que um governo do fascista Bolsonaro, como expressou bem o próprio PSDB em sua propaganda, onde eles clamavam com orgulho que privatizaram muito mais empresas do que o atual presidente ilegítimo.
Mas é ainda pior: o alvo principal da terceira via não é Bolsonaro, e sim Lula. É o ex-presidente o principal inimigo da burguesia em 2022. A frente ampla, assim, é mais anti-Lula do que anti-Bolsonaro.
Outro fator relevante foram as duas campanhas eleitorais feitas por Eduardo Leite e Doria em 2018, que foram tão fascistas quanto a de Bolsonaro, os próprios apelidos Bolsodoria e Bolsoleite foram cunhados pelos tucanos e não pela esquerda. Bolsodoria antes de fingir ser uma figura democrática em oposição a Bolsonaro não escondia seu caráter de extrema direita, já agredia os moradores de rua, foi o responsável pela chacina de Paraisópolis em 2019 e diversos outros massacres perpetuados pela PM, dentre outras políticas fascistas como dar ração aos estudantes, e Bolsogay também mantém um governo de privatizações e repressão policial no RS.
No final, a suposta 3a via é a mesma via do golpe e da burguesia com uma feição pseudodemocrática mas ainda pior que o bolsonarismo. No quesito repressor e fascista as duas vias não diferem em quase nada e no quesito de aplicar as políticas de destruição nacional, de fome e de exploração dos trabalhadores, a via PSDB é ainda pior. Só existe um caminho para os trabalhadores que é o a luta nas ruas contra a burguesia, seja em sua aparência fascista ou pseudodemocrática, pela derrubada de todo o regime golpista e por Lula presidente e um governo dos trabalhadores.
