À medida em que o golpe se aprofunda, fica claro que não é possível depositar qualquer esperança nas instituições para reverter o golpe de Estado. Executivo e legislativo promoveram uma ruptura institucional secundada por uma caçada sem precedentes de lideranças e organizações de esquerda, promovida pelo judiciário. A expressão máxima de tal perseguição foi a prisão do ex-presidente Lula no último dia 7, a mando do juiz Sérgio Moro – o Mussolini de Maringá.
Com a prisão de Lula, abrem-se as portas para a perseguição a toda a esquerda, de todos os seus representantes, dos movimentos sociais. Essa operação já começou a se aprofundar com o clamor da direita pela prisão de José Dirceu ou com a tentativa de abertura de novos processos contra a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, por exemplo.
Este é o caminho do endurecimento do golpe: destruir as organizações de esquerda de modo a facilitar a aceitação da política de terra arrasada planejada pelo imperialismo para o Brasil.
Não é possível nutrir ilusões de que esse ataque pode ser barrado nas urnas, em eleições conduzidas pelos golpistas, que além de perseguir a esquerda hão de fraudar de todos os modos as votações.
A única maneira de reverter o golpe é por meio da mobilização da classe trabalhadora, pelo fortalecimento de seus instrumentos tradicionais de luta: os sindicatos, as centrais, os movimentos sociais, impulsionando uma forte campanha de agitação e propaganda de modo a viabilizar a realização de atos, paralisações e greves com um sentido político real. É preciso, por isso, que cada grupo de mobilização popular constitua um comitê de luta contra o golpe de modo a garantir a prevalência da ampla luta da classe trabalhadora sobre as pautas parciais próprias de cada grupo ou movimento.
A classe trabalhadora mobilizada em torno das pautas políticas mais abrangentes constitui uma força irresistível de pressão, capaz de garantir a anulação do impeachment de Dilma Rousseff, a libertação imediata de Lula, a reversão de todos os ataques do golpe.
O movimento contra a prisão de Lula em São Bernardo do Campo mostrou a disposição dos trabalhadores – sobretudo da classe operária – em se mobilizar contra o golpe. Desfeitas as ilusões no sistema Judiciário, a partir do regime brutal de isolamento de lula no cárcere, é preciso impulsionar essas forças rumo a uma ação expressiva e consequente: a greve geral pela libertação de Lula e contra o golpe de Estado.
Nesse sentido, é preciso concentrar forças. Nada de ações pulverizadas ou dispersas. O 1º de Maio, dia do trabalhador, é uma oportunidade de unificar todos os movimentos em um ato resoluto em Curitiba, com centenas de milhares de manifestantes unidos em torno a uma única pauta: a libertação imediata de Lula. A CUT e outras centrais já fizeram o chamado. É preciso transformá-lo em realidade. Devem ser organizadas caravanas com centenas de ônibus de todo o país. Deve-se montar um gigantesco acampamento na capital Paranaense. É papel das lideranças sindicais e de todos movimentos populares organizar esta infraestrutura imediatamente. Um ato-monstro em Curitiba, no dia 1º de maio, pode elevar a classe trabalhadora a um novo nível de consciência, dando início a um movimento de greve-geral contra o golpe de estado.