Após a morte do ator global Tarcísio Meira, vítima do coronavírus, mesmo tendo tomado as duas doses da Coronavac, choveram críticas ao esquema de vacinação montado pelo golpista João Doria (PSDB). As críticas incomodaram tanto o tucano que o obrigaram a emitir uma nota oficial, em que dizia que “é muito triste ver a desumanidade daqueles que, para tentar fazer prevalecer os seus propósitos políticos, não respeitam nem a morte de um gigante da cultura brasileira e a dor da sua família”.
Fazendo coro à Globo e ao PSDB, a Revista Fórum, pertencente a Renato Rovai, publicou um artigo, no mesmo dia da morte do ator, em que afirmava que o falecimento de Tarcísio Meira “tem sido usado por detratores da vacina”. A revista ainda convidou um infectologista para assinar embaixo a tese de que seria absolutamente normal que alguém tomasse as duas doses da Coronavac, contraísse o vírus junto com sua esposa e acabasse morrendo.
Ao contrário do que aponta a Revista Fórum, quem criticou a Coronavac após a morte de Tarcísio Meira não é um “negacionista” ou um inimigo da ciência. Pelo contrário, é quem quer combater o obscurantismo e a sujeira da política da burguesia.
A vacinação em São Paulo, que ainda não chegou a metade da população, além de lenta, se mostrou um desastre absoluto. Seu governador, João Doria, que procura se promover enquanto candidato presidencial desde o início da pandemia, estava apostando alto que conseguiria se projetar nacionalmente como o “João da vacina” se conseguisse algum grande feito no combate à pandemia em comparação com o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro. Como não queria disponibilizar testes em massa, construir hospitais, garantir o isolamento através de políticas sociais e econômicas ou qualquer outra solução que envolvesse o povo, a aposta de Doria era chegar na frente na corrida da vacina.
De fato, Doria conseguiu iniciar a vacinação antes do governo federal. Mas, para isso, precisou mentir muito, atrasando por vezes o cronograma que ele próprio havia prometido, e ainda importou aquela que é, talvez, a pior de todas as vacinas desenvolvidas contra o coronavírus. Uma das vacinas mais caras e que só tem 50% de eficácia: a Coronavac.
Tarcísio Meira é, sim, vítima da farsa da vacinação de Doria. Vítima porque recebeu a pior vacina disponível e foi tranquilizado de que estava imune e vítima porque a vacinação em São Paulo serviu apenas para ocultar a inação total do governo do PSDB. Enquanto Doria brincava de “João da vacina”, o número de óbitos em seu Estado praticamente triplicou.
Já a defesa feita pela Revista Fórum também não é inocente. Em todos os momentos em que Doria fazia suas bravatas, Renato Rovai e sua equipe batiam palmas para a Coronavac e o Instituto Butantan. A troco de que? Da política da frente ampla com a burguesia, apoiada publicamente por Rovai, como no caso em que clamou pela participação do PSDB nos atos “Fora Bolsonaro”.