Independentemente das mentiras e das críticas modestas da burguesia contra Bolsonaro, ela é, como sempre foi, sua principal base de sustentação. Agora, com o jogo das eleições de 2022 e a radicalização em marcha, a popularidade de Bolsonaro aumenta entre os mais ricos neste segundo semestre. Ou seja, com a fragilidade da terceira via, Bolsonaro ainda está entre as principais apostas da burguesia para combater Lula e os trabalhadores.
A pesquisa mais recente da consultoria Quaest, feita em parceria com a Genial Investimentos chegou a conclusão de que o presidente golpista estancou o seu processo de contínua impopularidade com ajuda da burguesia. Entretanto, entre os mais pobres, ele ainda é cada vez mais odiado.
De acordo com os dados da pesquisa, a avaliação do governo Bolsonaro não mudou no último mês. Como mostra segunda rodada da Genial/Quaest: 26% avaliam positivamente a gestão e 44%, negativamente. Mas esse quadro se alterou.
Deve ser levado em consideração, que a quantidade de pessoas ricas é minúscula comparada ao número de pobres trabalhadores do País. Por isso, o efeito na avaliação geral é marginal e, assim, a principal conclusão foi que os ricos apoiam Bolsonaro e os pobres não.
Pois bem, não se deve confiar plenamente nas pesquisas arquitetadas pelos órgãos da burguesia, porém, tal conclusão esclarece as intenções de classe no atual panorama político. É evidente que a classe trabalhadora, o povo que sofre todos os dias com a política de destruição e de desastre dos golpistas, dificilmente vai apoiar Bolsonaro, mas sim, deve apoiar Lula. Já a burguesia, sua imprensa e seus partidos vão apoiar Bolsonaro a ferro e a fogo caso seja necessário para enfrentar Lula em 2022.
Frente a tamanha radicalização, é possível que não reste muita opção para os burgueses. Ou seja, apesar de desejarem um candidato mais “limpinho” e mais profissional do que Bolsonaro para causar terror na população, precisam já apostar algumas fichas na campanha bolsonarista. Finalmente, foi a burguesia, com todas as suas instituições e partidos golpistas que elegeram Bolsonaro e que sustentam Bolsonaro no poder.
Mais a fundo, a pesquisa revela que a burguesia em geral é a favor de Bolsonaro. Isso quer dizer que as grandes empresas, os bancos, a imprensa burguesa, os militares e os partidos burgueses não pensam em derrubar Bolsonaro e lutar contra o fascismo Sendo assim, partidos como o PDT e o PSDB ─ independente do que diz a esquerda sobre eles ─ não são e nunca foram a favor do Fora Bolsonaro. Esses partidos, que ousaram participar das últimas manifestações da esquerda, o fizeram como parte da propaganda eleitoral da terceira via, como é o caso de João Dória.
Nos atos, sua intervenção para golpear e destruir o movimento da esquerda continua fracassada. Já a reivindicação pela candidatura de Lula e a crescente participação dos setores mais ligados à classe trabalhadora toma cada vez mais uma forma concreta e combativa.
Nesse caso, a situação crítica da burguesia mostra que será praticamente impossível derrubar Bolsonaro pelas instituições. Ele ainda é uma das principais alternativas da burguesia e tem apoio de poderosos setores entre os golpistas. Além disso, a pesquisa indica que mesmo a manobra da terceira via para combater Lula e Bolsonaro é complicada. Caso a direita fracasse em emplacar alguém, a burguesia está mais do que disposta a ir de Bolsonaro contra Lula em 2022.
Diante disso, por onde anda a esquerda? Ora, como de costume, os partidos pequeno burgueses da esquerda brasileira, em especial o PCdoB e o PSOL, apoiam a participação do PSDB nos atos, são abertamente contra a candidatura de Lula, defendem a frente ampla com a direita como saída para derrubar Bolsonaro, e, ainda, indicam que o melhor caminho é seguir com as pressões institucionais para derrubar seu governo golpista.
É um escárnio contra a classe trabalhadora. Tratam-se de posições que não correspondem à realidade, ou, que pretendem intencionalmente apoiar Bolsonaro e os golpistas. Tais afirmações, em conjunto com as inúmeras práticas golpistas da esquerda, são, na verdade, um reflexo da classe que elas representam: a classe média brasileira.
É possível e importante delimitar as diferenças de classe na luta contra Bolsonaro. Além da pequena burguesia, confusa e oportunista com suas posições dentro do movimento do Fora Bolsonaro e da esquerda, é fato que a burguesia irá apoiar Bolsonaro se necessário, caso contrário, irá apoiar figuras ainda piores como João Dória. O povo, por outro lado, demonstra uma grande efervescência e disposição para lutar pelo Fora Bolsonaro e pela candidatura de Lula.
Por isso, a burguesia repudia Lula com todas as suas forças. Uma candidatura popular, ligada às organizações dos trabalhadores, pode levar a verdadeiro levante popular e ao fortalecimento dos partidos da esquerda, dos sindicatos, etc. Sendo assim, a luta pela participação dos golpistas nos atos é uma luta contra a classe trabalhadora. Já a luta pela candidatura de Lula é uma luta contra a burguesia. É impossível lutar contra Bolsonaro se aliando aos setores fundamentais do bolsonarismo.