A pandemia do coronavírus atingiu sobretudo as mulheres. Um levantamento realizado pela Pearson com 1 mil mulheres acima de 18 anos entre os meses de agosto e setembro deste ano contribui para revelar uma parte do panorama dramático não só no Brasil, mas em nível mundial.
No Brasil, 84% das mulheres entrevistadas disseram que estão usando esse momento como uma oportunidade para rever suas vidas e, principalmente, suas carreiras. 87% das mulheres responderam que têm menos oportunidades no mercado de trabalho do que os homens. Por último, mais de 90% afirmou que os problemas financeiros são responsáveis pela situação de violência doméstica durante a pandemia da COVID-19. Parte das mulheres responde que pretende abrir seu próprio negócio em 2022.
A afirmação de que as mulheres estão revendo suas vidas e carreiras é um eufemismo. Na verdade, muitas estão sendo lançadas no desemprego e sendo forçadas ao confinamento doméstico.
O trabalho informal e condições de trabalho insalubres também são realidades que se destacam no caso das mulheres. A pandemia aprofundou o problema do desemprego e da informalidade. O que demonstra que no regime capitalista as mulheres são primeiras a serem esmagadas, principalmente no contexto de crise.
Há uma diferença salarial entre mulheres e homens nos mesmos postos de trabalho. Além disso, os dados evidenciam que os trabalhos de menor remuneração e, portanto, de maior exploração são ocupados pelas mulheres.
A emancipação das mulheres do confinamento doméstico é fundamental. É preciso garantir emprego para todas as mulheres, creches, restaurantes e lavanderias públicos para dissolver as funções que as mulheres acabam assumindo na sociedade capitalista. O direito ao aborto é outra reivindicação estratégica.
A pesquisa fala das carreiras profissionais como se ter uma carreira fosse uma realidade para as mulheres. Acontece que para a grande maioria das mulheres trabalhadoras, camponesas e operárias isto está muito longe da realidade. Mais longe da realidade ainda está a ideia de “abrir o próprio negócio”, o que se traduz na ideia de se tornar empreendedora quando há falências generalizadas de pequenos empresários e comerciantes.
A burguesia imperialista tenta passar a ideia de que o futuro das mulheres depende delas mesmas, como se fosse uma questão de esforço pessoal e empreendedorismo, como ter a intenção de abrir o próprio negócio em 2022.