Estamos na última semana das eleições de 2022. Neste momento, candidatos em todo o País intensificam suas campanhas rumo à votação que ocorrerá no próximo domingo. A burguesia, por meio da imprensa burguesa, seu órgão extraoficial de comunicação e propaganda, também aumenta a sua campanha, correndo contra o tempo para sair por cima no pleito deste ano.
Em geral, até o momento, a campanha eleitoral no Brasil, vítima de uma profunda direitização tanto por parte das instituições do judiciário, quanto da própria esquerda, resume-se na análise das pesquisas eleitorais produzidas pela burguesia, pesquisas que, por uma questão de classe, servem aos interesses do grande capital.
Criou-se, então, o infame clima do “já ganhou” em relação à campanha de Lula, política que, até o momento, foi uma das responsáveis pela completa inércia da esquerda no que diz respeito à organização de uma verdadeira mobilização de rua. Tudo é feito pelas redes sociais e pelos grandes jornais brasileiros, um abandono grave da principal base de apoio de Lula, o povo.
O problema é que as pesquisas eleitorais dos grandes veículos de comunicação são farsescas, representam o quadro que a burguesia quer que vejamos. As eleições passadas são prova disso e demonstração de que, quando se trata da reta final das eleições, absolutamente qualquer coisa pode acontecer.
Nesse sentido, não é possível, a esta altura do campeonato, tirar grandes conclusões acerca do resultado eleitoral e, por isso, tampouco aceitar a vitória de Lula como dada. A situação permanece confusa e incerta, restando, ainda, um amplo leque de alternativas acerca de como se dará o final da corrida.
Mesmo assim, boa parte da direção, em específico, do PT, aposta todas as suas cartas na infantil hipótese de que os capitalistas, em uma verdadeira cruzada em nome da democracia, apoiariam Lula para ganhar de Bolsonaro. Mais uma evidência de que a desorientação política no seio da esquerda brasileira é tremenda.
Fato é que a burguesia tem um plano, o único problema é que, no quadro geral das eleições, é difícil determiná-lo. Com isso, podemos apenas nos limitar a apresentar algumas possibilidades.
Apesar de toda a sua retórica anti-bolsonarista, a burguesia ainda pode apoiar Bolsonaro justamente pelo fato de que sua campanha pela democracia não passa de pura demagogia. Afinal, essa mesma burguesia o apoiou em 2018, ano em que Bolsonaro se caracterizava como uma pessoa muito mais ameaçadora do que nos dias de hoje. Por que não apoiá-lo agora? Decerto que a burguesia pode ter motivos para não apoiar Bolsonaro, mas, sem sombra de dúvidas, não são os que a esquerda pequeno-burguesa acredita.
Temos, por exemplo, a questão internacional: em 2018, era Trump quem presidia os Estados Unidos e, hoje, é Biden. A burguesia norte-americano pode, por isso, considerar que ela precisa colocar um freio na direita estilo Trump, a qual Bolsonaro faz parte. Enfim, o trumpismo é exponencialmente mais popular do que o grupo que Biden representa.
Por outro lado, a burguesia poderia preferir Lula, a contragosto, por estar vendo, no futuro, um quadro de grande instabilidade política no Brasil. Por este ângulo, pode enxergar em Lula e no PT uma alternativa para controlar essa situação pela autoridade política que eles têm junto à esquerda, junto às organizações sindicais e populares.
Em outras palavras, na eventualidade de um governo do PT, a burguesia poderia contar com a hipótese de que os movimentos seriam muito menos agressivos pelo fato de o presidente ser o Lula. Apesar de possível, não há nada que mostre que essa seja a concepção da burguesia. Ao mesmo tempo, aparentemente, vários setores ainda trabalham a questão da terceira via, algo que deve ser confirmado, ou não, nos próximos dias.
Portanto, a grande incógnita do final dessas eleições é a seguinte: o que o grande capital quer? Como resposta, só podemos afirmar uma coisa: o imperialismo precisa sair da profunda crise a qual se encontra e, para tal, assim como no passado, fará do possível e do impossível. Pode, inclusive, intensificar a sua campanha golpista na América Latina e torná-la ainda mais agressiva, muito ainda é possível.
Finalmente, o Estados Unidos já deixou claro que está de olho nas eleições brasileiras, afirmando que enviará espectadores para acompanharem a votação e realizando uma campanha gigantesca contra o “golpe” fantasma de Bolsonaro. Acima disso, está a todo vapor em sua guerra pela internacionalização da Amazônia que, realmente, significa a entrega do maior patrimônio nacional para os parasitas do grande capital financeiro.
No final, o Brasil é o país mais importante de toda a América Latina e um dos mais importantes do mundo. Suas riquezas naturais são inestimáveis e representam um grande interesse ao imperialismo que precisa de todos os recursos possíveis para adiar a sua derrocada final. Logo, de um jeito ou de outro, seja pela eleição de Lula, de Bolsonaro ou de Tebet, tentarão cumprir os seus objetivos que não podem ser outros senão o massacre do povo brasileiro em prol de suas necessidades.