Não tenha um 2º canal, se não o Youtube te expulsa
Na noite desta quarta (3), dois canais do portal bolsonarista Terça Livre foram tirados do ar e excluídos da internet pelo Youtube. Alegando violação reiterada das diretrizes da comunidade, o monopólio da maior plataforma de vídeos do mundo, mostra porque a ofensiva iniciada contra Donald Trump e a extrema direita norte-americana não se limitaria aos EUA, como denunciado por este Diário e pelo ativista Eduard Snowden, que chamou a caçada à liberdade de expressão como o “turning point” (ponto de inflexão) da perseguição aos direitos democráticos da população mundial.
Para driblar as restrições arbitrárias do algoritmo do YouTube, bem como os “strikes”, que podem tirar canais do ar a qualquer momento, a empresa de jornalismo de Allan dos Santos criou outros canais do Terça Livre, para utilizar como uma espécie de canal reserva, uma prática comum na plataforma. Não é raro que “youtubers” famosos tenham mais de um canal, justamente para evitar serem completamente excluídos do contato com seu público por alguma medida arbitrária da plataforma.
No entanto, em nota, a empresa monopolista do setor afirma que não se pode evitar a censura imposta por ela criando outro canal.
“Não podemos dizer que estamos surpresos com o que aconteceu”, disse Italo Lorenzon, um dos fundadores do site, em transmissão ao vivo realizada no Instagram. “Talvez essa seja a maior porrada que a gente já tomou em termos de censura”.
https://twitter.com/realpfigueiredo/status/1357146998013583360/photo/1
Questionado sobre a censura, o YouTube respondeu por email:
“Olá, conforme informado, ao analisar seu canal, identificamos violações graves ou repetidas de nossas diretrizes da comunidade. Por causa disso, removemos seu canal do YouTube.
Todo o conteúdo do YouTube deve seguir nossas diretrizes da comunidade. Se sua conta foi impedida de acessar a plataforma ou de usar qualquer um dos nossos recursos, você está proibido de usar outro canal para contornar essas restrições. Isso se aplica enquanto a restrição permanecer ativa em sua conta. A violação desta restrição é considerada uma violação de nossos Termos de Serviço e pode resultar no encerramento de sua conta.
Se você acredita que esta é uma decisão incorreta, é possível apelar usando este formulário.
Atenciosamente.”
Ou seja, a censura do YouTube é uma espécie de medida sagrada, que não pode ser contrariada, nem questionada, pois caso isso seja feito a plataforma bane o usuário para sempre e o impede de criar conteúdo.
A grande questão é: quem define as regras e termos de uso da comunidade? O YouTube. Quem escolhe os critérios de exclusão ou permanência de um canal? YouTube. Quem exclui usuários a qualquer momento e sob qualquer alegação? YouTube.
Ou seja, a plataforma, que se propôs sempre a ser um repositório de vídeos, de forma a permitir que os usuários trocassem conteúdos, transformou-se numa verdadeira máquina de censura, uma ditadura implacável para aqueles que não se adequarem às suas normas.
O problema é: se a extrema direita é tida como um alvo a ser excluído. Até quando a esquerda, sobretudo a revolucionária, poderá continuar na plataforma? Como este Diário tem denunciado, trata-se de uma enorme censura contra todos, que recairá sobre os trabalhadores.