Desde a volta das mobilizações, a burguesia vem procurando maneiras de inibir a volta do povo às ruas, mas agora, visto que a volta das manifestações é um fato que dificilmente será mudado, os capitalistas se veem na necessidade de tomar uma atitude para recuperar o controle da situação através da infiltração nos atos.
A tática escolhida pela burguesia para se infiltrar no movimento de luta é a campanha rasteira contra os partidos, leia-se, partidos de esquerda, em que através da promoção do uso das cores da bandeira nacional, a imprensa faz uma campanha contra o que eles chamam de “pecha de esquerda”, ou seja, do caráter combativo e de esquerda dos atos, que se traduz no vermelho e na presença dos partidos e organizações de esquerda nos atos, algo que é natural, visto que os atos são de convocação única e exclusiva da esquerda e não tem contribuição nenhuma do centro político, ou da chamada “direita civilizada” como PSDB, e agora inclusive MBL.
Esses setores além de não apresentarem contribuição nenhuma aos atos, pela sua inerente falta de público e apoio popular, acentuada pelo seu acelerado esvaziamento devido à polarização política. Além disso, também não estão realmente comprometidos com a luta que está colocada nos atos, que vai muito além do combate a Bolsonaro, fora que vários desses setores, já em algum momento foram apoiadores de Bolsonaro. O setor frente amplista da esquerda procura possibilitar a união com esses setores direitistas, na crença de que isso agregaria algo à popularidade dos atos, o fato é que além de isso não ser o caso, a união com os setores direitistas como PSB, PSDB e MBL, pode dificultar a adesão dos setores mais combativos ao movimento, além de confundir politicamente o panorama.
O uso do apartidarismo como política para guiar o movimento já foi visto em prática em 2013, onde o movimento que era comandado pela esquerda foi sequestrado pela direita através de uma política de apartidarismo e falso patriotismo, que se traduzia em palavras de ordem como: “sem partido” e “abaixa essa bandeira e levanta a do Brasil”, a esquerda se acovardou diante dessa política e da extrema truculência dos indivíduos que a colocavam em prática. Esse apartidarismo que a imprensa golpista procura traficar para dentro do movimento se trata na realidade de um antipartidarismo de extrema direita, onde vigora o lema bolsonarista “meu partido é o Brasil”, essa política, que foi aceita pela esquerda em 2013, possibilitou o sequestro das mobilizações pela direita e o ascenso de um movimento de extrema direita, fato que levaria ao golpe de 2016, e em última instância, à eleição de Bolsonaro para a presidência do Brasil.
Devemos deixar bem claro que o que aconteceu em 2013 não pode se repetir, e que todo antipartidarismo que se apresentar nas manifestações é obra da direita golpista e não deve ser aceito dentro do movimento. Os partidos e organizações da esquerda foram quem convocou e colocou o bloco na rua, então estão mais do que no direito de estarem presentes nas manifestações com suas bandeiras e materiais, e que as organizações da esquerda não devem se render ao patriotismo fajuto que a imprensa procura impor ao movimento. O patriotismo é pauta da extrema direita, e qualquer um que procure inserir isso nas pautas do movimento de luta está promovendo uma assimilação do movimento ao bolsonarismo.