Na último dia 26/11, o juiz Francisco Codevila, da 15ª Vara Federal de Brasília, aceitou denúncia do Ministério Público contra o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, o ex-presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine, o ex-secretário do Tesouro Arno Augustin e o ex-subsecretário de Política Fiscal Marcus Pereira Aucélio, todo membros do governo Dilma Rouseff, que agora passam a responder a uma ação penal sob acusação de prática de “pedaladas fiscais”.
A ex-presidenta Dilma e o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho não fizeram parte da denúncia do MPF por terem mais de 70 anos, o que levou à prescrição do “crime” para ambos. Codevila, um “amante da moral e da probidade administrativa” acatou contrariado a não inclusão da ex-presidenta como ré: “Como explicar para a sociedade que a conduta que redundou na perda do cargo de presidente da República e gerou tanta celeuma no país devido ao embate de correntes ideológicas divergentes, agora, não acarrete qualquer consequência na esfera penal? Não há como. No final das contas, quem pagará a pena será a sociedade, refém de um sistema falho; e as instituições incumbidas da repressão penal, desmoralizadas diante da impotência para agirem como seria de se esperar”.
Sem contar o fato de que as “pedaladas fiscais” foram legalizadas logo após o impeachment pelo Congresso Nacional, o cioso juiz não contava que Dilma ficasse de fora do processo penal com o intuito de garantir a sua futura condenação, por um motivo muito simples, embora muita gente, particularmente da esquerda e do próprio PT, façam ouvidos de mercador: na atual etapa, os golpistas e seus tribunais querem condenar Dilma, seja porque motivo for, para sustentar a farsa do PT como uma “organização criminosa”.
Assim como tem sido feito com Lula, incriminado em diversos processos desprovidos de quaisquer provas materiais, a bola da vez é Dilma, depois será Gleisi Hoffmann e outros dirigentes do PT. O objetivo dos golpistas é o de incriminar os principais nomes do Partido, para servir como mais um elemento na farsa maior que é o de condenar o PT como uma organização criminosa.
No dia 23 de novembro, o juiz federal da 10ª Vara, também de Brasília, acatou denúncia oferecida pelo então Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, no ano passado, contra Lula, Dilma, Mantega, João Vaccari e Antônio Palocci por “integrarem uma organização criminosa” com “diversos crimes contra a Administração Pública (entre os quais corrupção) e lavagem de dinheiro”. Gleisi Hoffmann e o ex-ministro Paulo Bernando, também foram denunciados, mas devido ao fato de possuírem foro privilegiado tiveram seus processos desmembrados.
Toda a operação-farsa montada contra o PT, está diretamente ligada ao aprofundamento do golpe de Estado no Brasil. O PT teria dois ex-presidentes presos e esse seria o mote para sustentar a campanha de que todo o partido é uma quadrilha criminosa.
Não há alternativas para o Partido dos Trabalhadores, pelo menos para o setor lulista do partido. A ala direita do PT procura impor ao conjunto do partido uma adaptação total ao golpe. Esse será o caminho da destruição. A única alternativa real para enfrentar a situação é o caminho da mobilização da base social do partido, que passa necessariamente pela luta contra o golpe, pela liberdade de Lula e de todos os presos politicos e pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas.