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Fim das prévias

Mafiosos do PSDB se preparam para encabeçar a terceira via

João Doria saiu vencedor na disputa com o governador gaúcho Eduardo Leite

tucano

Demorou. Mas finalmente o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, anunciou quem será o candidato da legenda à presidência da República em 2022. João Doria, um dos governadores mais odiados da história de São Paulo, obteve  53,99% dos votos e se consagrou como o representante dos tucanos na próxima disputa. O governador Eduardo Leite, seu principal adversário, chegou a 44,66%.

As prévias foram marcadas por uma série de reviravoltas. Doria, a princípio, seria o grande favorito da disputa interna do PSDB. Afinal, é mais conhecido nacionalmente, é um empresário com muitas ligações com o imperialismo e é dono do aparato estatal da porção mais rica e importante do território nacional. Doria conquistou um importante espaço no PSDB em um tempo recorde, desbancando antigos caciques como Geraldo Alckmin.

Eduardo Leite, além de ser governador do Rio Grande do Sul, não tinha muito a oferecer. Tanto que chegou a assumir, ao vivo, na Rede Globo, ser homossexual, apenas para se tornar mais conhecido e conseguir o apoio de um setor mais esquerdista. No entanto, a disputa começou a se tornar muito acirrada por causa do forte apoio que Eduardo Leite estava recebendo. O setor mais fisiológico do PSDB, ligado sobretudo a Aécio Neves, passou a apoiá-lo com o objetivo de facilitar um futuro apoio do partido a Bolsonaro. E “apoio”, em linguagem de mafiosos políticos como Aécio Neves, significa compra de votos, fraude nas eleições e tudo o mais. Coisa que João Doria também não teria nenhum escrúpulo em fazer.

A preocupação de Doria com a capacidade da máfia por trás de Eduardo Leite de roubar as prévias foi tão grande que Doria saiu denunciando o sistema eletrônico de votação. Logo ele, que defendeu com unhas e dentes a urna eletrônica para fazer propaganda eleitoral contra o fascista Jair Bolsonaro… De repente, a situação mudou. Sabe-se lá o que os gângsteres de João Doria fizeram, mas viraram a mesa. Eduardo Leite, que antes estava tão confiante, passou a defender o adiamento das prévias.

O adiamento não aconteceu e, finalmente, Doria foi escolhido. Mas não sei emoção! Apenas pela manhã do sábado (25), técnicos identificaram nada menos que 26 mil tentativas de acesso ao aplicativo de votação oriundas de outros países e acabaram bloqueando os acessos do exterior. Ao final da votação, foram identificadas 30 milhões de tentativas de ataque hacker. E quem garante que nenhuma foi bem sucedida? O fato é que as negociatas por baixo dos panos — aquelas que nunca reles mortais, como você, leitor, e a redação deste Diário, terão acesso — inverteram a situação e deram uma vantagem a João Doria.

Formalmente, Doria ainda não poderá ser chamado de “candidato”, uma vez que a antidemocrática legislação do TSE não permite. Seu nome ainda terá de ser confirmado em Convenção Nacional e registrado na Justiça Eleitoral alguns meses antes das eleições. No entanto, a definição, já em 2021, é um problema central na situação política. O PSDB é o partido mais importante da burguesia brasileira e terá, a partir de agora, quase um ano para tentar viabilizar o seu candidato.

Essa foi a primeira vez que o PSDB realizou prévias para a escolha de um candidato presidencial. O presidente da sigla, o pernambucano Bruno Araújo, chegou a dizer que se tratava do “maior processo democrático da história de um partido político na escolha de um candidato à presidência da República”. O mais espalhafatoso, talvez tenha sido. Mas dizer que foi minimamente democrático é uma verdadeira piada.

A decisão de realizar prévias se deu, por um lado, para que o PSDB antecipasse a sua campanha eleitoral, tendo sua cobertura feita pela Rede Globo de Televisão, e, por outro, porque a burguesia estava muito dividida em relação ao processo eleitoral. Qual a diferença entre Eduardo Leite e João Doria? A princípio, nenhum: são dois delinquentes políticos, privatizadores e genocidas. No entanto, o grande impasse pouco tinha a ver com as características individuais de cada um deles, e sim a incerteza diante das condições em que o fascista Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula chegariam às eleições.

A votação das prévias do PSDB segue a tradição de toda votação na qual o PSDB está metido. Nas eleições de 2018, que elegeu João Doria, a apuração misteriosamente parou durante um longo período. A burguesia estava profundamente dividida ali, entre o apoio ao PSDB e ao então governador Márcio França. No fim das contas, a máfia de João Doria venceu a queda de braço nas negociações e garantiu a vitória quando a apuração foi retomada.

O próprio processo interno, além de ser uma briga entre dois grandes mafiosos, não tem nada de democrático. Para garantir que os interesses da burguesia prevaleçam e que o processo se resuma a uma negociação de bastidores, o voto dos filiados do PSDB não valem de nada. Vigora, no PSDB, um esquema de voto censitário: quem ganha mais, tem o voto com maior peso. Os 1,3 milhões de filiados tucanos têm apenas 25% de peso na votação, o mesmo peso que as 52 pessoas mais importantes no partido têm: governadores, o presidente da sigla e membros do Congresso Nacional.

As prévias foram controladas a mão de ferro pela burguesia. Foram feitas de um jeito em que prevalecessem as negociatas de bastidores — o único jeito, portanto, de garantir que as prévias expressassem um acordo da burguesia em um momento decisivo. A menos de um ano de uma das eleições mais imprevisíveis da história, agora o PSDB terá um ano para demonstrar que é um partido viável.

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