Um vídeo recente do ministro do STF Luís Roberto Barroso viralizou nas redes sociais. No vídeo em questão, Barroso afirma: “Impedi esse abominável retrocesso que seria a volta ao voto impresso com contagem pública, manual, que sempre foi o caminho da fraude no Brasil”, admitindo que interferiu diretamente no Legislativo brasileiro para impedir a volta do voto impresso. A fala viralizou sobretudo no âmbito da direita, que espalhou o vídeo aos quatro ventos.
A questão do voto impresso tem estado em constante debate no Legislativo, sendo inclusive proposto como um projeto de lei. É possível ver que a questão tem sido constantemente desviada — o assunto, que deveria ser do legislativo, tem recebido constantes intervenções do judiciário, que, como afirmou Barroso, interferiu diretamente na decisão sobre o voto impresso.
É importante reforçar que é papel do legislativo aprovar ou não a lei, não do judiciário, a qual o Barroso faz parte. Em tese, o dever deste último é observar a votação e aplicar o que foi decidido — isso significa que o papel de Barroso “impedindo” a volta do voto impresso, como ele mesmo alegou, é uma grave intervenção, de caráter inconstitucional e que atenta contra os direitos da população.
Isso só reforça como o judiciário atua como um grupo de reis, que fazem o que querem, como querem, a hora que bem entendem, com base nos seus próprios interesses — particularmente o STF, como visto no recente acontecimento com o Partido da Causa Operária, alvo de uma intensa arbitrariedade ao ter tido suas redes bloqueadas pelo Supremo.
O golpe é evidente. O Judiciário interfere até mesmo nas eleições, e agora admite tal fato. Outro ponto importante a ser abordado é que este fato mostrou que a burguesia tem um interesse em manter o voto eletrônico ao invés do impresso, afinal, Barroso fez a questão de interferir na decisão para evitar que o sistema mudasse.
Outro ponto importante a ser reforçado é que o voto impresso é efetivamente mais confiável do que o eletrônico — não porque seja efetivamente confiável, afinal, nada em um regime burguês é, mas sim porque a urna eletrônica é extremamente suscetível a fraudes que são difíceis de serem detectadas, ou até podem não ser.
Em suma, o voto eletrônico serve à burguesia, facilitando as fraudes — e, mais uma vez, por isso recebeu tamanha atenção do Barroso, que fez questão de interferir na decisão. O Judiciário faz o papel de rei e continuará fazendo, servindo a burguesia, e com apoio do imperialismo.