Com o passar do tempo, a situação política vai se tornando cada vez mais deteriorada e disso vemos um reflexo muito claro na esquerda, que apesar da retórica muito agressiva e da postura muito radical, só tem se tornado cada vez mais pelega e mais direitista ao se colocar a reboque da burguesia em situações em que esta se utiliza de retórica supostamente esquerdista para atingir seus objetivos e se fortalecer.
A burguesia tem um plano muito delicado que ela está tentando levar adiante. O seu plano consiste em evitar a polarização e retomar o controle da situação através da eleição de uma figura de maior confiança, que no caso consiste na terceira via, pois Bolsonaro se mostrou muito instável como representante da burguesia, pois, ao tomar atitudes para sua autoconservação, foi na contramão dos interesses da burguesia.
Esse antagonismo entre Bolsonaro e o setor mais neoliberal e imperialista da burguesia nacional gera a troca de farpas que vemos hoje entre a extrema-direita e as instituições, fato que produz diversos absurdos políticos e jurídicos, que a burguesia utiliza da impopularidade dos réus como escudo para justificar os absurdos praticados pelas instâncias do Estado, principalmente pelos poderes menos democráticos, como é o caso do STF e do Ministério Público, ambos poderes não eleitos que desde o início do golpe limpa a sola dos sapatos com a Constituição.
Temos como citar diversos casos desse tipo na situação política, sendo o mais recente desses o caso do jogador de vôlei Maurício Souza, que está agora sendo perseguido e execrado por expressar uma opinião. O fato é que os únicos perseguidos do bolsonarismo são santos menores, pessoas de importância muito secundária na extrema-direita, cuja perseguição não agrega em nada à luta contra o bolsonarismo, mas apenas reforça o poder que o Estado possui de repressão dos direitos políticos da população.
Há o caso também do deputado estadual Fernando Destito Francischini que teve seu mandato cassado pelo TSE por ter falado contra a urna eletrônica. A decisão do Tribunal é uma verdadeira aberração jurídica, uma ditadura.
Esse show de horrores político promovido pelo setor mais venal da burguesia vem sendo encoberto pela esquerda, que no maior surto de direitismo do último período procura legitimar as ações ditatoriais das instituições do Estado contra os direitos das pessoas.
A esquerda não se vê satisfeita em legitimar as arbitrariedades de instituições, mas também procura cultuar figuras desclassificadas desses órgãos como forma de “lacrar” sobre o bolsonarismo, o exemplo que talvez inspire maior repulsa a essas atitudes é o caso da recente bajulação do ministro do STF, Alexandre de Moraes, que além de tucano declarado, sempre foi conhecido com um dos ministros mais direitistas do STF que já é uma casa que vive a serviço dos interesses dos capitalistas.
É importante reforçar que a perseguição aos pés rapados do bolsonarismo como Mauricio Souza, Fernando Francischini, Daniel Silveira e outros não só não faz nem cócegas no poder político de Bolsonaro, como o torna mais popular diante do povo, pois dá a ele a margem para se considerar um perseguido por um regime político ditatorial, coisa que, goste a esquerda pequeno burguesa ou não, em partes se torna um fato.
