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Lava Jato

Quanta propina é necessária para criar um paladino anticorrupção?

Dados expostos pelo TCU trazem a tona a relação promíscua entre juiz da Lava Jato e empresa norte-americana que lucrou com a destruição da economia nacional que a operação causou.

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Que a pauta do combate à corrupção é um instrumento corriqueiro da direita ao longo da história não é, ou não deveria ser, novidade para ninguém que acompanha de perto a luta política. A cortina de fumaça moralista serviu como mote para diversos golpes de Estado e campanhas persecutórias, cujo exemplo recente mais importante foi o golpe de 2016 contra o governo petista de Dilma Rousseff.

Neste processo, a operação Lava Jato teve papel de destaque. Procuradores públicos como Deltan Dallagnol se mancomunaram com o juiz Sérgio Moro para destruir o sistema político brasileiro, começando com o maior partido da esquerda nacional, o PT. Tudo isso com assessoria das agências de inteligência dos Estados Unidos.

Alvarez & Marsal

Fato que nem os direitistas conseguem negar é que a Lava Jato destruiu setores importantes da economia nacional ao mirar seu poder de fogo em grandes empresas brasileiras, como a Odebrecht, gigante do setor de construção civil e uma das clientes da empresa de consultoria norte-americana Alvarez & Marsal no Brasil.

Essa empresa atua no país desde 2004 e tem como foco a reestruturação de empresas, gestão de crises e recuperação judicial, um mercado extensamente alargado pela operação judicial que lançou os holofotes sobre o ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro, Sérgio Moro. Não por acaso, cerca de 75% dos honorários recebidos pela filial brasileira da empresa nos últimos anos vem justamente de empresas quebradas com a ajuda do paladino anticorrupção.

Até o final de 2021, nada menos do que R$ 65,1 milhões de um total de R$ 83,5 milhões recebidos pela Alvarez & Marsal veio desse “nicho” do mercado de “recuperação” de empresas. Além da Odebrecht, a empresa recebe honorários de OAS, Galvão Engenharia, Estaleiro Enseada (consórcio entre Odebrecht, UCT e OAS) e Agrosserra.

O insuspeito Sérgio Moro

Alçado ao estrelato pela imprensa golpista, o juiz de primeira instância foi apresentado como um super-herói da farsesca luta contra a corrupção que caricaturava o Partido dos Trabalhadores como o grande vilão do país. Um ponto importante da propaganda em torno do ex-juiz era a colocação de que o mesmo enfrentava corajosamente grandes figuras da política nacional, uma espécie de Davi enfrentando um Golias corrupto.

A farsa foi bastante útil para a campanha golpista que surrupiou o governo federal das mãos do PT, porém não conseguiu se sustentar por muito tempo. Entre os importantes episódios de exposição do “marreco de Maringá” tivemos a “Vaza Jato” que jogou luz ao conluio entre Ministério Público e o juiz, assim como a relação de ambos com órgãos do governo dos Estados Unidos. Pouco depois, o juiz que decretou a prisão de Lula foi premiado com o cargo de Ministro da Justiça no governo ilegítimo de Jair Bolsonaro.

Agora, o Tribunal de Contas da União protagoniza mais um episódio de exposição da marionete do imperialismo ao retirar o sigilo dos salários pagos pela Alvarez & Marsal a Sérgio Moro. O objetivo é apurar prejuízos aos cofres públicos diante da atuação de Moro. Após turbinar os lucros da empresa, o ex-juiz foi contratado como sócio-diretor no final de 2020, numa operação que guarda paralelo com sua indicação ao Ministério da Justiça logo após beneficiar Bolsonaro no processo eleitoral.

“Propinas do bem”

Se faz necessário explicitar que os pagamentos recebidos por Moro são pura e simplesmente propina pelas ilegalidades cometidas pelo mesmo em favor da empresa. O disfarce de salário é uma mera formalidade, como muitas outras tornadas rotineiras nesse moribundo capitalismo. Em nome da luta contra a corrupção temos um ex-juiz sendo premiado por seus atos de corrupção, um retrato nítido da farsesca cruzada anticorrupção.

É o tipo de bandeira que não pode ser empunhada cegamente pela esquerda, como ocorreu em torno da Lava Jato com as figuras da “nova esquerda”. Na falta de um programa político consequente, tentam surfar qualquer onda trazida pelos monopólios da comunicação, como a abordagem identitária para a questão dos negros, mulheres e LGBTs. Outro terreno fértil para as “propinas do bem”, que aparecem como financiamento de projetos, campanhas eleitorais, exposição na imprensa burguesa e, assim como no caso Moro, salários.

As cruzadas morais têm esse mérito de eleger paladinos umbilicalmente comprometidos com o que há de mais imoral na sociedade. Não se trata de nenhuma novidade na história humana e por isso mesmo não deveria surpreender quem diz que luta pela superação da atual estrutura social e econômica. A luta política real se apoia nas contradições entre as classes sociais, não em pautas abstratas e “consensuais” como seria um repúdio à corrupção.

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