Mais de cinco anos depois do Golpe de Estado de 2016, o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, confessa que o impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) foi por motivos políticos, ao contrário do que fora alardeado na época – pedaladas fiscais, uma desculpa cinicamente formal.
“A justificativa formal foram as denominadas ‘pedaladas fiscais’ —violação de normas orçamentárias—, embora o motivo real tenha sido a perda de sustentação política”, “revelou” Barroso em artigo na revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
O artigo vazado de Luís Barroso será publicado pela revista no dia 10 de fevereiro.
A declaração de Barroso não é nenhuma novidade, sobretudo para esse Diário Causa Operária, que denunciou o golpe desde o seu início no julgamento-farsa do mensalão lá em 2012.
Toda a imprensa burguesa e parte da esquerda pequeno-burguesa que hoje minam a candidatura do PT e sabotam os movimentos populares embarcaram nesse golpe a pretexto de combater a corrupção através da corrupta e imperialista Operação Lava Jato.
O resultado desse golpismo, além de roubar o mandato de Dilma Rousseff, cassar a liberdade de Lula por 580 dias e manipular as eleições de 2018, foi a destruição de toda a estrutura industrial do Brasil, cuja crise é responsável hoje, dentre outros fatores, por mais de 14 milhões de desempregados no país.
O ministro “revelou” ainda, como se tudo não estivesse claro desde sempre nesse regime burguês hipócrita, burocrático e corrupto, que afastar por corrupção o sucessor da presidenta Dilma, Michel Temer (MDB), seria uma ironia da história.
“O vice-presidente, Michel Temer, assumiu o cargo até a conclusão do mandato, tendo procurado implementar uma agenda liberal, cujo êxito foi abalado por sucessivas acusações de corrupção. Em duas oportunidades, a Câmara dos Deputados impediu a instauração de ações penais contra o presidente”, disse Barroso, que já havia expressado essa armação em julho de 2021, num simpósio.
Barroso só não teve a coragem e honestidade para revelar claramente que o impeachment de Dilma foi golpe. “Impeachment não é golpe”, disse o ministro. Do ponto de vista jurídico, Barroso, que participou de toda essa armação, acha que “se cumpriu a Constituição”.
“Revelar” agora todo o golpe de Estado referendado pelo STF, a antidemocrática e antipopular Corte Suprema, só escancara que as instituições burguesas são corruptas e estão aí para assegurar os privilégios e crimes da burguesia.
O imperialismo americano, após o golpe de 2016, pretendia radicalizar o falso combate à corrupção ao programar a prisão de alguns ministros (como Gilmar Mendes) da própria Corte a seu serviço, a fim de tentar consolidar ainda mais sua missão “heroica” de “salvar” o país da chaga da corrupção.
O regime burguês com suas instituições e o imperialismo continuam em crise, mas todos se unirão contra as organizações populares, cujo candidato que melhor expressa esses movimentos e a luta contra o golpe e pela preservação da soberania nacional é Luiz Inácio Lula da Silva.
É preciso continuar denunciando todos esses golpistas como Barroso, que agora, com o navio afundando, quer pular fora do barco como um rato.
O STF, as instâncias judiciais inferiores, os grandes meios de comunicação, a direita e a esquerda pequeno-burguesa, todos a reboque da política imperialista nefasta, são responsáveis pela conspiração contra o povo e essa tragédia em que enfiaram o Brasil, cujo governo e presidente fascista Jair Bolsonaro são crias, resultados do golpe, símbolos desse caos.