Na quarta-feira, 1º de dezembro, 25 dos 30 parlamentares do Partido Socialista Brasileiro (PSB) aprovaram em reunião a proposta de construção de uma federação partidária com o Partido dos Trabalhadores (PT).
Os deputados federais do PSB avisaram ao presidente do partido, Carlos Siqueira, que são favoráveis a uma federação partidária que agrupe o PT, Partido Verde (PV), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Rede – Sustentabilidade e o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). A plataforma comum é a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contra a reeleição de Jair Bolsonaro (PL).
A reunião não era deliberativa, mas consultiva. Carlos Siqueira deve consultar os presidentes dos diretórios estaduais do PSB e, por último, convocar uma reunião do Diretório Nacional para tomar uma decisão.
Geraldo Alckmin, por sua vez, estabeleceu o dia 10 de dezembro como prazo máximo para a tomada de decisão sobre sua futura filiação partidária. Há rumores de que o ex-governador de São Paulo, que deixa o PSDB, se filiará ao PSB para concorrer como vice na chapa de Lula nas eleições presidenciais de 2022.
A ida de Alckmin para o PSB é interpretada por setores da esquerda pequeno-burguesa como se se tratasse de um giro à esquerda, uma espécie de evolução à esquerda. Ou seja, um político reconhecidamente neoliberal, repressor e privatizador, denunciado nacional e internacionalmente por inúmeros crimes, estaria se deslocando à esquerda no cenário político-partidário.
Acontece que as coisas nem sempre são aquilo que parecem ser. O PSB, apesar de ter a palavra “socialista” no nome, é um partido de direita. Não é Alckmin que se desloca à esquerda, mas sim o PSB que é um partido suficientemente direitista e neoliberal para aceitar o ex-tucano.
Alckmin governou o estado de São Paulo com Márcio França (PSB) como vice-governador. O PSB aprovou todas as arbitrariedades e crimes cometidos contra a classe trabalhadora paulista pelas administrações Alckmin, como reintegrações de posse violentas, repressão policial a professores e estudantes secundaristas e universitários, privatizações, austeridade fiscal, arrocho salarial, parcerias público-privadas, corte de salários de grevistas, encarceramento massivo da pobreza, assassinatos e massacres cometidos pela Polícia Militar.
Recentemente, Flávio Dino (ex-PCdoB) e Marcelo Freixo (ex-PSOL) abandonaram seus partidos e se filiaram ao PSB. Este partido mantém uma fachada de esquerda, embora seja um instrumento da direita golpista para enganar setores da população. A burguesia precisa de um partido “de esquerda” adaptado e inofensivo, na medida em que é necessário passar a impressão de que a esquerda participa do regime político.
A federação partidária com o PT é uma forma de sabotar por dentro a candidatura de Lula. O fato é que a possibilidade de coligação com Geraldo Alckmin é uma manobra para desmoralizar a candidatura de Lula diante das massas, uma vez que essa é vista como uma alternativa à direita golpista tradicional e ao bolsonarismo.
A experiência política da luta de classes demonstra que a burguesia não quer a candidatura de Lula e procura atacá-la por diversas frentes. O impulsionamento da candidatura da “terceira via”, que pode ser de João Doria (PSDB) ou Sergio Moro (Podemos), é a prioridade da burguesia e do imperialismo. Contudo, o problema é que Lula se encontra em primeiro colocado em todas as pesquisas eleitorais.
A burguesia procura de todas as formas manobrar política e institucionalmente para impedir a eleição de Lula. Este é o perigo central a ser combatido conforme seus interesses de classe. O golpe de Estado de 2016 e a fraude eleitoral de 2018 tinham como objetivo impedir o retorno do Partido dos Trabalhadores, e portanto das organizações de massas e dos movimentos populares, ao controle do governo federal.
A tática da sabotagem por dentro é um recurso que está sendo utilizado pela burguesia. Alckmin é um político odiado pela população e amplamente rechaçado pelas bases do PT, sindicatos e movimentos populares. Associar Alckmin com Lula é positivo para o primeiro e extremamente negativo e desmoralizante para o segundo. Diferentemente do tucano, Lula não é odiado pelo povo e sua popularidade configura-se como prova cabal disso.
É preciso denunciar a sabotagem da candidatura de Lula e os setores que apoiam a política da Frente Ampla. PSB é um partido político associado com a direita golpista e que responde aos seus interesses, não tendo nenhuma ligação com os interesses dos trabalhadores.