Mesmo com insignificante número de testes que o Brasil faz, o país realiza somente 296 testes por cada milhão de habitantes, é o 14º país que contabiliza mais mortes decorrentes do coronavírus. São 941, os que reconhecidamente tombaram por essa doença, até 09/04/2020. Brasil, após muita relutância, decidiu que fará mais testes. Daí, o país esbarra, na falta de material, que precisa ser importado de outros países, principalmente da China. Representante dos grandes fabricantes diz ao New York Times, que “todos os países do mundo, querem a mesma coisa e ao mesmo tempo”. Se isso for verdade, por que somente o Brasil, consegue menos testes comprar? Como pode comprar até menos do que o Irã, que está sob forte bloqueio econômico dos Estados Unidos?.
Irã realiza dez vezes mais testes por milhão de habitantes do que o Brasil. Enquanto o país realiza 296 testes, o Irã, sob bloqueio, realiza 2.755 testes. Dentre os 15 países, o Brasil é o 15º em número de testes. Quem mais testes realiza, por milhão de habitantes é a Alemanha, 15.730 testes e têm um dos menores índices de mortes. Estados Unidos, o segundo país que mais realiza testes, 7.101 por milhão de habitantes.
País | Testes por milhão de habitantes | Mortes |
Brasil | 296 | 941 |
Irã | 2755 | 4000 |
Estados Unidos | 7.101 | 16.294 |
Alemanha | 15.730 | 2.373 |
Dados atualizados até 09/04/2020
Há escassez de testes e também de outros equipamentos de combate à epidemia. Dos quase 22,9 milhões de testes encomendados, governo apenas recebeu 904,8 mil, sequer 4% do total encomendado. As encomendas totais, chegarão até Julho. Vale dizer, no momento da explosão da incidência da doença do Coronavírus, deve ocorrer entre Abril e Maio. Brasil ainda corre atrás de ter a quantidade de pouco mais de 20 milhões de testes, os quais suficientes apenas 10% dos brasileiros.
Bolsonaro não quer combater a pandemia
Não há ação por parte do presidente Bolsonaro, para comprar testes. Ele desdenha da pandemia, é apenas “uma gripezinha”, não se cansa de repetir. Professor da UFRJ, virologista molecular, Amilcar Tanuri, alerta, “Brasil está em uma tempestade perfeita”, declara à grande jornal fluminense.
Brasil sofre por não investir em pesquisas. Sofre também por não investir em biotecnologia. País fica na dependência do exterior, que prefere para outros países vender, constata Roger Chammas, da Rede USP de Diagnóstico da Covid-19 (Rudic). Há previsão de que o Rudic realize 1.500 testes moleculares diários. Hoje, faz pouco mais de 200 por dia. Mas onde estão os reagentes não chegados ainda do exterior? A plataforma de testes do estado de São Paulo, coordenada pelo Instituto Butantã, está capacitada para até 8.000 testes, mas fica parada, à espera da chegada dos reagentes.
Esse é o retrato do “combate” ao vírus no Brasil. Do governo federal à mais obscura prefeitura existe uma defasagem histórica, ou melhor dizendo, uma sabotagem histórica do sistema de saúde público, que é o único que está combatendo alguma coisa. Os governos começaram a corrida 1km para trás, e nem se dão a dignidade de correr a maratona na mesma velocidade que os outros países, quanto mais correr atrás do prejuízo.
O país logo acima do Brasil no ranking testou 10 vezes mais e é 10 vezes mais pobre, não há mais o que dizer.