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Contra o golpe eleitoral

Só a CUT, o MST e a base do PT podem garantir vitória de Lula

É preciso dar um giro de 180° na campanha eleitoral

O ex-presidente Lula, que concorre mais uma vez à presidência da República, realizou um novo comício eleitoral no centro de Porto Alegre (RS) na noite da última sexta-feira (16).

Algumas milhares de pessoas participaram do ato, que, novamente, foi restrito e contou com um pesado esquema de segurança, incapacitando os militantes de agirem livremente com suas bandeiras, faixas e demais objetos dentro do espaço reservado para o evento. É um erro tremendo por parte da campanha de Lula realizar comícios fechados ou restritos, pois diminui o público e a participação efetiva de sua base social.

Mesmo assim, do lado de fora do “cercadinho” havia uma multidão quase igual à do lado de dentro. Isso demonstra a capacidade de mobilização da candidatura de Lula, pois os trabalhadores e o povo pobre entendem que o petista é o único candidato que os representa e, em um cenário de polarização e radicalização política nos últimos anos, têm disposição de se mobilizar para fazer campanha, votar e lutar para que o ex-metalúrgico chegue novamente ao governo.

“Estou aqui agarrado na mão dos meus companheiros para colocar nosso presidente lá em Brasília. A indústria, depois que entrou este Bolsonaro, só andou pra trás”, declarou ao Brasil de Fato um dos trabalhadores presentes no ato, o operário industrial Vilmar Rodrigues César.

Golpe à vista?

As ilusões no apoio da burguesia servem apenas para desmobilizar a campanha de Lula. Elas são promovidas pela ala direita do PT e pelos pseudoaliados de esquerda, PSOL e PCdoB. Acreditam que a burguesia e o imperialismo aceitarão um governo Lula, como fizeram em 2003. O problema é que a burguesia não o aceitará e já comprovou isso quando derrubou Dilma Rousseff, prendeu Lula e depois o impediu de concorrer em 2018. O imperialismo não aceita um governo apoiado nos trabalhadores que visa políticas sociais com as quais, em uma crise como a que existe hoje, os capitalistas não estão dispostos a contribuir. Querem o dinheiro do Estado todo para eles.

Assim, ao invés de realizar uma campanha popular, de rua, de massas, nos bairros operários e nas fábricas, o PT prefere traçar alianças com alguns dos setores mais reacionários e golpistas da política nacional (como Geraldo Alckmin e Márcio França do PSB). O problema é que nem o PSB nem os apêndices de banqueiros que fingem suportar Lula ─ como o neoliberal Pérsio Arida ou a tchutchuca de George Soros, Marina Silva ─ moverão uma palha quando o conjunto da burguesia investir ferozmente para derrotar Lula. E essa investida não precisará vir quando este já estiver no governo, caso ela consiga fazê-lo ainda durante as eleições.

A burguesia tem seu candidato: Simone Tebet. Embora pareça pouco tempo para uma virada, não se pode esquecer do “milagre” de 2014, quando Aécio Neves saiu de 15% das intenções de voto, em terceiro lugar, para, no mês seguinte, chegar a 46% contra 44% de Dilma Rousseff no segundo turno. Esse golpe promovido pela imprensa capitalista, pelos institutos de pesquisa e pela justiça eleitoral permitiu o início mais evidente da desestabilização política que levou ao impeachment em 2016, pois serviu de pretexto para a burguesia quase dar a vitória a Aécio na eleição mais equilibrada da história ─ obviamente, um equilíbrio todo artificial.

Esses setores da direita e da burguesia pró-imperialista que supostamente apoiam a candidatura de Lula logicamente prefeririam estar apoiando Tebet abertamente. Mas sua missão é apoiá-la de dentro da estrutura do inimigo. Até porque o imperialismo não aposta apenas em Tebet. Ciro Gomes também é uma opção. E, em última instância, o próprio Bolsonaro. Dentro da campanha de Lula é o melhor lugar para esse setor parasita trabalhar a favor de um dos candidatos da burguesia, porque o principal objetivo desta e do imperialismo é o seguinte: a derrota de Lula.

Fazer o que ainda não foi feito efetivamente

Se esse golpe é possível ─ e ele é possível ─, então é preciso estar preparado para enfrentá-lo. Até há pouco, a esquerda estava entusiasmada acreditando em uma vitória ainda no primeiro turno. Agora parece estar abandonando essa expectativa. Um segundo turno é uma sobrevida para a burguesia. E ela vai utilizar todas as armas contra Lula, inclusive seus pretensos “aliados” internos, verdadeiros Cavalos de Tróia, para minar suas possibilidades de vitória.

A candidatura de Lula ficaria, assim, completamente desarmada. A única coisa que sobraria seriam os seus eleitores. Mas eles estão sendo tratados pela campanha de Lula e do PT apenas e tão somente como um eleitorado passivo, cuja única função é apertar um botão na urna sagrada e imaculada. E mais nada.

Se Lula e o PT querem realmente vencer as eleições, precisam abandonar essas crenças e essa atitude conservadora e direitista. Precisam alertar a sua base eleitoral e social para os perigos de uma derrota, para a união das diferentes forças da burguesia contra o seu êxito no pleito. O perigo não são os cachorros loucos bolsonaristas. O perigo é muito maior: uma classe de conjunto, com todo o seu aparato estatal, a imprensa e o Judiciário.

A CUT e o MST não passam de figurantes na campanha de Lula. Estão completamente de escanteio. Isso é inadmissível. São eles que garantirão a vitória do petista. Não apenas porque a maioria esmagadora de seus eleitores são da classe trabalhadora e camponesa, como também porque, se há milhares de pessoas nos comícios, isso é devido ao chamado dos movimentos populares (embora fraco e burocrático). Mas, principalmente, porque, na hora do “pega pra capar”, na hora do “arranca rabo”, na hora do “vamos ver” ─ ou seja, quando a “chapa esquentar” ─ serão os trabalhadores, os camponeses e os militantes de base os únicos que estarão ao lado de Lula exigindo que a vontade popular seja atendida e seu presidente assuma o cargo.

Por isso essas últimas semanas de campanha no primeiro turno precisam sofrer uma reformulação radical. Nada de beijos e abraços com aqueles que podem nos trair a qualquer momento! Nada de reduzir a participação popular nos eventos de campanha! Nada de “paz e amor” nos discursos e propagandas! É preciso polarizar e levantar os trabalhadores, encher as ruas com centenas de milhares de panfletos, jornais, adesivos, cartazes, bandeiras vermelhas, colocar a imensa base militante do PT à frente da campanha, mobilizar todos os sindicatos da CUT e os acampamentos e assentamentos do MST, os grêmios estudantis, os DCEs, os Centros Acadêmicos, as associações de bairro e todos os movimentos populares para fazer o País ferver e mostrar à burguesia que esse povo com sangue nos olhos não irá aceitar nada que não seja a vitória de Lula e a ascensão ao poder de um governo dos trabalhadores da cidade e do campo.

Eleições 2022, direita volver - Análise Política da Semana - 17/09/22

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