Haverá um segundo turno nas eleições presidenciais.
Esse fato contraria a expectativa dos setores mais otimistas da esquerda, que, iludidos com a série de pesquisas de intenção de voto manipuladas pela burguesia, acreditaram que o candidato do Partido dos Trabalhadores, o companheiro Lula, seria eleito no último domingo (2). A não vitória de Lula, no entanto, não é obra do acaso, mas a expressão de um movimento consciente da burguesia em direção ao bolsonarismo.
Diante da tendência crescente das massas em apoiar a candidatura de Lula, a burguesia resolveu, de última hora, impulsionar as candidaturas da direita bolsonarista, o que foi visto explicitamente nas eleições estaduais do Rio Grande do Sul, do Paraná e de São Paulo. Essa mudança, no entanto, só foi possível porque o cenário permitia uma intervenção de última hora da burguesia.
E que cenário era esse? Um cenário de uma eleição extremamente fria. Diferentemente do que aconteceu em 2018 e em 2014, a campanha de rua foi praticamente inexistente. Até mesmo os conflitos violentos entre apoiadores de Lula e de Bolsonaro foram raros. A burguesia pressionou ambas as candidaturas para atuarem apenas por meio da imprensa, e ambos os setores acabaram atendido ao pedido.
Bolsonaro, por um lado, foi posto “na coleira” após uma série de chantagens e ameaças dos setores poderosos do regime político, em particular o Supremo Tribunal Federal. Lula, por outro lado, foi convencido a adotar uma postura mansa pelo clima de “já ganhou”, criado através da manipulação das pesquisas de intenção de voto e endossado pelo suposto apoio de figuras ligadas ao mercado financeiro.
Esse cenário, contudo, tende a mudar. Mesmo que haja um interesse de Lula e de Bolsonaro em manter as eleições frias, seus apoiadores não irão fazê-lo. Tanto Lula como Bolsonaro possuem amplas bases sociais, sendo a do primeiro muito superior à do segundo, e essas bases irão entrar em choque na disputa pela vitória eleitoral. Por isso, o segundo turno devera ser uma guerra: a polarização política voltará com tudo.
A esquerda deve tomar consciência desse cenário e, portanto, ter claro que a fuga da guerra não é uma opção. A única opção para vencer a eleição é se preparando para a guerra e indo para cima do adversário com todas as forças. Chega de ficar em casa, chegar de pagar de “bom moço”, chega de apelar para a polícia e para o Judiciário. A esquerda precisa sair às ruas e impor uma derrota aos seus inimigos.
Em duas semanas, é preciso fazer tudo o que não foi feito antes. É preciso sair às ruas, ocupar as fábricas, mobilizar o MST. O momento é de mobilização permanente.