O PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) anunciou em nota através de seu Diretório Nacional, reunido nesta segunda-feira, 18, que o partido oficialmente se juntará à rede Rede Sustentabilidade em uma federação partidária para as eleições de 2022 e os quatro anos seguintes de mandato.
A notícia não era nova, dado ao fato que em 30 de março, a Executiva Nacional do PSOL já havia indicado a aprovação da federação, de acordo com a própria página oficial do partido.
A federação é um meio implementado desde 2021 onde permite a união de dois ou mais partidos com a fundação de fortalecimento mútuo para as eleições e mandato durante todo o período de governança. No entanto, para além das tecnicidades, a aprovação da federação entre PSOL e um partido golpista como a Rede, passa a demonstrar com mais clareza o papel político que o PSOL terá nestas eleições.
O partido coloca que a unidade é um mero “instrumento para que partidos ideológicos possam buscar ultrapassar conjuntamente a antidemocrática cláusula de barreira”. No entanto, vale lembrar que o mesmo partido que hoje se mostra “pragmático” e não vê problema em se aliar com um partido golpista, vem acusando o PT, durante todo o período pré-eleitoral de buscar alianças com setores da burguesia, que poderiam vir a beneficiá-lo na campanha eleitoral.
O cinismo da política do PSOL vem causando inclusive uma crise interna no partido. Após o racha em torno de apoiar ou não a candidatura de Lula, militantes do PSOL lançaram um manifesto denunciando a operação da direção do partido, que vai completamente na contramão da dita “política à esquerda” que o PSOL vinha anunciando.
O texto, assinado por centenas de ativistas filiados e por 16 tendências internas do partido, define a Rede como “um partido que tem muitas figuras nitidamente de direita e com pautas conservadoras”. Além disso, pontua que a Rede é “um partido que se opõe à luta pela legalização do aborto, diante do número de mulheres criminalizadas, mortas ou com sequelas por não terem direito ao aborto legal público e gratuito”. Como também “que enche os bolsos dos banqueiros com quase R$ 2 trilhões por ano enquanto dezenas de milhões de brasileiros passam fome”.
Os militantes ainda denunciam o fato da Rede ser um partido financiado por banqueiros e questionam: “Pode o PSOL federar-se com um partido financiado pela família Setúbal, do banco Itaú?”. Todas estas perguntas foram respondidas pela direção do partido que anunciou uma federação com uma organização que apoiou o golpe de estado e não quer Lula presidente.
De acordo com a direção do PSOL “a federação entre PSOL e Rede aprovará uma resolução sobre política de alianças que deve ser aplicada em todos os estados, vetando partidos que compõem a base de apoio ao governo Bolsonaro e governos declaradamente de direita.” No entanto, como já era de se esperar, o assunto “Lula” é evitado em todo o documento. Seria possível definir uma aliança fundamental para os próximos quatro anos sem antes definir o apoio ao principal candidato dos trabalhadores? É possível apenas se o objetivo é na prática não apoiá-lo.
Está claro que independente do eventual anunciou ou não do apoio desta federação à candidatura de Lula, disso nada mudará sua essência. Além de ser uma aliança com um partido golpista, apoiar Lula nestas circunstâncias não passará de uma farsa, uma desculpa contada à militância sem nenhum efeito prático, pois nem PSOL e muito menos Rede, desejam se colocar nas ruas em defesa de Lula Presidente.
De acordo com a Senadora Heloisa Helena, hoje na Rede e anteriormente no próprio PSOL, uma figura que foi capaz de em sua campanha presidência por um partido que se diz “socialista” e apoiador da “liberdade” se posicionar contra o aborto, a aliança é algo “natural”. Além disso, Heloisa Helena coloca que um dos principais nomes da Rede, Marina Silva (fundadora da legenda), é apenas “amiga” de “uma pessoa filha de alguém que é ou foi banqueiro”, formulando uma justificativa pior que a outra.
Esta aliança terá como caráter prático, boicotar a candidatura do PT nos estados, lançando candidatos próprios, como a principio tinha-se objetivo em São Paulo. Contudo, o alvo principal é Lula, onde se por um lado o PSOL faz campanha atacando Lula e o PT por suas alianças com a burguesia, por outro se alia com a burguesia golpista que tem como único objetivo impedir a todo custo a vitória da esquerda contra o golpe.
Este papel não é uma novidade para o PSOL, que tem em suas fileiras figuras como Guilherme Boulos, financiadas pelo instituto golpista IREE, como também um histórico de campanhas em aliança com a burguesia golpista e o imperialismo, contra os governos do PT, Lula e em parceria a todo golpe de estado contra o povo brasileiro.