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Caso Celso Daniel

Os interesses escusos por trás dos ataques de Mara Gabrilli ao PT

Não tem nada a ver com princípios, os ataques são políticos motivados também por interesses econômicos

O que tem por trás dos ataques recorrentes de Mara Gabrilli (PSDB), que em qualquer oportunidade retoma a acusação de que o PT mandou assassinar o ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT)? 

Mesmo sem respaldo das investigações realizadas pela Polícia Militar ─ comandada pelo PSDB há mais de 30 anos, e que obviamente deve ter procurado de todas as formas incriminar o PT e não conseguiu ─, a golpista Mara Gabrilli não desiste.

Tanto nas suas redes sociais, quanto em sessões da Câmara de vereadores e como senadora, Mara Gabrilli sempre faz referências ao caso Celso Daniel, como no artigo que escreveu sobre a morte de seu pai para a Revista TRIP da Uol. Nesse artigo, ela diz que, em meio à dor da perda d’“aquele que durante anos me acompanhou me levando para esquiar, andar de moto, barco, helicóptero, jogar tênis e conhecer o mundo. Aquele que tomava café da manhã comigo e domingo pegava um de seus ônibus e me levava, junto com meu irmão, para passear. Aquele que sempre foi muito querido e admirado, agora estava doente e tinha a vida roubada”, entrar na política foi uma reação. “Foi nesse período que ingressei na política sempre procurando ser a antítese da política suja que adoeceu meu pai.”

“Como se eu pudesse apagar tudo de ruim que fizeram para ele através de uma política do bem, de uma conduta impecável capaz de extinguir o jogo podre que açoitou minha família, a cidade de Santo André e resultou no mensalão brasileiro”, continua.

O pai de Mara Gabrilli, Luiz Alberto Ângelo Gabrilli Filho, era empresário do setor de transporte coletivo de Santo André, e era sócio da Viação São José. A história da rede de transportes urbanos em Santo André é bem importante para a cidade que tem 174,8 Km², e que até hoje não corresponde às necessidades da população. 

A viação São José Transportes foi fundada em agosto de 1965 por Luiz Alberto Ângelo Gabrilli Filho e Sebastião Passarelli. Naquela época as viações eram todas de administração familiar.

O transporte público era um negócio de destaque da cidade e marcou várias gerações de capitalistas, desde os pioneiros numa época relativamente mais progressista, de pequena propriedade, onde os próprios proprietários dirigiam, cobravam, limpavam e faziam a manutenção de suas jardineiras, como eram chamados os veículos, passando por estes mesmos motoristas que se associaram para criar as primeiras empresas de transportes administradas pela estrutura familiar. Na sequência, veio a formação de grupos empresariais por parte de empresários com maior poder econômico que foram engolindo as empresas familiares, formando cartéis e monopólios. 

A administração do PT na cidade de Santo André teve uma mudança de rumos no segundo mandato do prefeito Celso Daniel. No primeiro mandato (1989/1992), a administração de Celso Daniel fez intervenções nas áreas de periferia, com investimentos em infraestrutura social, como a educação, saúde e saneamento básico, apesar de toda a colaboração com a burguesia paulista.

No segundo mandato de  Celso Daniel (1997/2000), as políticas públicas passaram também a privilegiar ações de revitalização do visual da cidade. Neste período houve, por exemplo, o plantio de plantas e árvores típicas da região a fim de trazer de volta as aves características da cidade. A justificativa era deixar a cidade mais agradável e mudar a visão de cidade industrial. Outro projeto (1998), foi em relação ao transporte público da cidade, lembrando que o primeiro cargo público de Celso Daniel foi no Departamento de Trânsito da Prefeitura de Santo André (1974 e 1978). 

Esse projeto causou grandes discórdias entre os empresários do ramo de transportes, incluindo o pai de Mara Gabrilli

Houve muitas mudanças com o projeto de linhas-tronco, que inicialmente eram para ser quatro, mas até hoje só saiu do papel o projeto do terminal Vila Luzita, inaugurado em 31/08/2001 no governo do prefeito João Avamileno (PT), que era vice de Celso Daniel e assumiu após seu assassinato.

Devido ao grande fluxo de pessoas do interior da cidade para o centro, foi criado um terminal de integração. Linhas que vêm de diferentes pontos do interior da cidade, levam os passageiros até o terminal Vila Luzita e fazem a transferência para ônibus maiores. Hoje em dia, são ônibus duplos, sem custo adicional. Esses ônibus têm uma via expressa até o centro da cidade; depois, o percurso é comum, o que hoje em dia ainda economiza um pouco de tempo, mas em horários de pico não muito, devido ao trecho central. 

Esse projeto causou grandes discórdias entre os empresários do ramo de transportes, incluindo o pai de Mara Gabrilli. Naquela época, Luiz Alberto Ângelo Gabrilli Filho era sócio de Sebastião Passarelli na Viação São José, e em 1997 havia feito sociedade com Ronan Maria Pinto, formando o consórcio Nova Santo André, e foram vencedores de uma concorrência para explorar as linhas de ônibus.  

Segundo Gabrilli no seu depoimento à CPI de Santo André, durante esses cinco anos que o consórcio Nova Santo André venceu a concorrência, seus proprietários teriam pago propina “forçada”. Teriam pago muito para poder trabalhar, e ao ficarem dois meses sem pagar a propina, teriam passado a sofrer retaliações da prefeitura. Em 2009, Luiz Alberto Gabrilli vendeu sua parte da empresa e seus filhos que administravam a empresa mudaram de ramo.  

Na verdade, é sabido que a questão dos transportes públicos de ônibus no estado de São Paulo sempre foi e é uma máfia, e independentemente do que aconteça, a população que faz uso destes transportes é a mais prejudicada ─ com preços exorbitantes das tarifas e serviços péssimos. As concessionárias saqueiam os cofres das prefeituras e governos estaduais e criam um monopólio verdadeiramente criminoso.

A CPI queria investigar se havia ligação entre a morte do prefeito Celso Daniel e a corrupção que o MP acusou haver na prefeitura do PT. Que a administração petista estaria cobrando propina das empresas de ônibus, e que este dinheiro seria destinado às campanhas eleitorais do PT Nacional, isto é, para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas nada nunca foi provado.

Esse é o ponto de convergência de toda essa história. Este Diário vem denunciando há meses sobre a continuidade do golpe de 2016, e que um dos ataques ao ex-presidente Lula é o desenterro sistemático do caso Celso Daniel. Em janeiro deste ano, a Rede Globo lançou uma minissérie sobre a “história” do assassinato do prefeito Celso Daniel para que a direita voltasse com a campanha de propaganda e fake news, acusando novamente Lula como parte dos ataques das eleições deste ano.

Mara Gabrilli ressurge exatamente para tentar desbancar Lula e o PT na corrida eleitoral de 2022, como a grande representante da chamada terceira via. Fica evidente a escolha de uma mulher, deficiente física, que odeia o PT e que também vive desenterrando o caso Celso Daniel não por questão de princípios políticos ou mesmo por ter informações que comprovariam a participação de Lula e do PT em sua morte. Mas sim porque sua família, proprietário de uma empresa de ônibus em uma cidade onde o ramo todo é uma máfia, tinha interesses contraditórios com o ex-prefeito.

E Gabrilli, em uma chapa identitária puro-sangue com Simone Tebet, duas golpistas e reacionárias, tem como missão fundamental impedir a vitória de Lula a qualquer custo.

Conheça Renan Arruda, candidato do PCO ao governo do DF

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