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É preciso radicalizar

Lula confirma apoio à Nicarágua e precisa seguir seu exemplo

Em entrevista no Programa do Ratinho, transmitido no SBT, ex-presidente Lula não recua um centímetro em relação à sua política para os países nacionalistas da América Latina

Nesta quinta-feira (22), o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) transmitiu a última entrevista de sua série com os presidenciáveis das eleições de 2022. Na ocasião, foi a vez do ex-presidente Lula ser entrevistado por Ratinho em seu programa, que angaria uma audiência formada, principalmente, pelos trabalhadores brasileiros.

No bate-papo, Ratinho levou à tona um leque de temas, desde o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), até a construção de ferrovias nacionais e o problema do salário mínimo no Brasil. Dentre os assuntos tratados, o entrevistador indagou a Lula sobre a relação que os governos do Partido dos Trabalhadores (PT), em especial, o seu governo, mantinham com países como a Nicarágua, a Venezuela e Cuba.

“Os seus adversários dizem que o BNDES [Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social], no seu tempo, financiou obras em países como Bolívia, Nicarágua, Venezuela e Cuba. Se você voltar a ser presidente, vai continuar isso?”, perguntou Ratinho, em uma clara tentativa de constranger Lula frente ao assunto.

Todavia, diferente do que fez Fernando Haddad, por exemplo, Lula não recuou um único centímetro no que diz respeito à política de seus governos para os países atrasados da América Latina, duramente atacados pelo imperialismo. Antes, o ex-presidente explicou de maneira detalhada como isso beneficia o Brasil em decorrência da contratação de mão de obra nacional e do recolhimento de juros, afirmando que isso – o investimento em outros países da região – vai continuar “se alguém precisar”.

Aqui, vale destacar, como mencionado, a diferença da postura entre Haddad e Lula em relação ao assunto. O primeiro, em uma entrevista ao Estadão, no mês passado, afirmou, de maneira completamente capituladora, que “não gosto de Maduro e nem da oposição”. Além disso, em 2018, quando concorria ao cargo de presidente, o petista colocou, mais uma vez cedendo às pressões imperialistas, que a Nicarágua e a Venezuela não podem ser caracterizadas como democracias.

Ao mesmo tempo, temos o exemplo de Gabriel Boric, esquerdista pró-imperialista que deixa claro quão progressista é a postura de Lula. Em seu primeiro discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) como presidente do Chile, Boric afirmou que não se pode ter “dois pesos e duas medidas” quando se trata da violação dos direitos humanos e que, nesse sentido, os governos nicaraguense e venezuelano também devem ser criticados.

“Realmente me enoja quando você é de esquerda e pode condenar a violação dos Direitos Humanos no Iémen ou em El Salvador, mas não pode falar nada sobre Venezuela, Nicarágua ou Chile”, disse o presidente que, desde que tomou posse, atacou violentamente as manifestações do povo chileno contra suas medidas reacionárias.

Ou seja, fica claro que um abismo separa a política de Lula daquela adotada pelos elementos da nova esquerda latinoamericana. E mais: não é a primeira vez que, em tempos recentes, Lula defende os governos nacionalistas da América Latina e, em especial, o de Daniel Ortega, na Nicarágua que, nos últimos anos, desde a tentativa de golpe imperialista no país, em 2018, tornou-se um dos principais alvos da imprensa burguesa internacional.

Lula, portanto, não só rompe com a opinião da burguesia no assunto, como faz uma frente contra essa política de ataque à soberania dos países atrasados que, na primeira oportunidade, são invadidos principalmente pelos Estados Unidos. É uma demonstração de que, apesar de toda a infiltração que sua campanha vem sofrendo, o ex-presidente continua alinhado com as reivindicações dos trabalhadores nos assuntos mais importantes como, além da questão do imperialismo, o problema das privatizações e das reformas do governo Temer.

Seguindo essa tendência, Lula, além de ser mais agressivo em sua defesa dos governos de Ortega, Maduro e Díaz-Canel, deve seguir os seus exemplos e tornar o Brasil, caso eleito, o maior território verdadeiramente anti-imperialista de toda a América Latina. Essa é a única forma de garantir que a situação social nacional progrida rumo ao desenvolvimento do País. Afinal, o principal propósito do imperialismo, com sua intervenção estrangeira, é impor a política neoliberal sobre o território invadido para, então, assaltá-lo de todas as suas riquezas naturais e, de maneira geral, de todo o seu patrimônio.

Sua campanha deve romper completamente com os inimigos do povo e expulsar, de imediato, figuras como Alckmin, Márcio França e Henrique Meirelles. Elementos que, ao que tudo indica, foram escolhidos a dedo pela burguesia para infiltrar em um eventual governo Lula sua política.

No fim, a única saída para que Lula se sustente no poder é governar com o apoio, unicamente, da classe operária brasileira. Caso contrário, terá o mesmo destino que Dilma, em 2016. Por isso, é preciso garantir que a eleição de Lula se dê por meio da mobilização popular, pois é o povo organizado a única arma efetiva contra o domínio imperialista no País.

Aqui, é preciso lembrar que o imperialismo passa pela maior crise de toda a sua história. Suas derrotas no Afeganistão, no Cazaquistão, na própria Nicarágua e, acima de tudo, na Ucrânia, não só demonstraram o estado em que se encontra, como também enfraqueceram a hegemonia imperialista em todo o mundo. Não é à toa que em todos os lugares do planeta e, em especial, na Europa, um dos principais centros do imperialismo, a classe operária organiza verdadeiros levantes contra a crise que, neste momento, toma proporções globais.

Consequentemente, trata-se do melhor momento para a radicalização, uma vez que os trabalhadores de todo o mundo estão completamente descontentes com as suas situações e, logo, propícios a tomar as ruas por seus direitos. Luta que, necessariamente, desemboca na derrubada do imperialismo rumo à revolução socialista. É essa a luta que Lula deve tomar para si.

A campanha eleitoral do PCO | Momentos da Análise Política da Semana

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