A postura de Boulos no que concerne ao governo do estado de São Paulo revela bem o seu oportunismo. Recentemente, expôs que lança sua candidatura ao governo com o objetivo de eleger deputados federais e estaduais em declaração ao Brasil 247. Essa tática, que ele mesmo revelou, apenas demonstra que o PSOL não tem por objetivo, com a disputa eleitoral, melhorar as condições de vida dos trabalhadores, tampouco denunciar o sistema político, mas sim obter ganhos pessoais, ganhos meramente mesquinhos. O objetivo desses pequeno-burgueses, declarado em alto e bom som, é ganhar cargos, dinheiro e poder, além de tirar votos do PT.
Um revolucionário vê as eleições apenas como um meio de denunciar o regime burguês, além de estimar a correlação de forças na sociedade. Um oportunista pequeno-burguês, como Boulos, vê as eleições como uma maneira de ganhar cargos e poder. É assim que o PSOL trata as eleições: tal partido se recusa a apoiar a candidatura de Lula, chantageando o PT e, com isso, o povo ao exigir que o PT ceda a tais ou quais exigências (apoiar um candidato aqui, outro ali, seguir esta ou aquela política com os candidatos do PSOL) para que receba apoio eleitoral.
Boulos quer ser candidato ao governo do estado e, com isso, espera receber o apoio da burguesia – assim como o recebeu na disputa pela prefeitura de São Paulo em 2020 –, única e exclusivamente porque ele é o candidato que a Folha de S. Paulo e a burguesia de conjunto elegeram para tentar substituir o Lula, para tentar roubar os votos do PT. Ao anunciar que concorrerá às eleições por interesses pessoais, com o objetivo de ganhar cargos para o PSOL na Câmara, o funcionário do IREE deixa bem clara a política oportunista do PSOL.
O PT, em que pese todas as considerações políticas que alguém possa ter, ao fato de ser um partido reformista, de fato, tem uma base social real. Uma base que o partido conquistou, muito por conta da figura de Lula, um apoio entre as massas dos trabalhadores. E o partido leva adiante, de todo modo, uma política anti-imperialista (ainda que de modo bem moderado), uma política nacionalista, e é por isso que os monopólios da burguesia não o toleram e tentam, a todo custo, promover uma esquerda subordinada a seus interesses.
O PSOL é essa esquerda. O Boulos é o representante-mor desta tentativa da burguesia. Ele declara, sem o mínimo de constrangimento, que concorre às eleições apenas para satisfazer aos seus interesses pessoais e à ganância por cargos de seu partido. O que é óbvio para qualquer um, que o PSOL é um partido oportunista, é declarado pelos seus próprios membros, pelos seus próprios dirigentes. O PSOL é impulsionado pela direita para tentar minar o PT, que representa uma esquerda com interesses nacionalistas, que de fato se opõe ao sistema político – ainda que de modo ultra moderado, ainda que essa oposição se dê, em parte, contra a sua vontade, mas como resultado da pressão de sua base social.