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Cilada

Acordo com o PSDB vai levar a uma derrota do movimento

As reivindicações do povo e da esquerda são incompatíveis com a direita, que não deve ser bem-vinda nos atos

O Partido da Causa Operária foi o primeiro a chamar a palavra de ordem Fora Bolsonaro, antes mesmo do resultado final da eleição de 2018. Foi o partido que mais defendeu Dilma e o PT contra o golpe, assim como o que mais defendeu a liberdade de Lula após sua prisão ilegal.

Enquanto esse cenário político se desenrolava, quem estava atrás dos panos era a burguesia. A direita, como sua representante em todos os aspectos da vida política, é sua porta-voz na hora de anunciar as medidas de esmagamento da população, de sucateamento e privatização de estatais, de aumento da miséria, da piora de condições de vida do povo pobre, etc.

Agora, no momento crítico em que vivemos, os representantes da burguesia, do imperialismo, que jogam todo o tipo de desgraça em cima da população brasileira, viram aliados da esquerda pequeno-burguesa. Elementos marginais da direita golpista e da extrema-direita (como Alexandre Frota, Joice Hasselmann e Kim Kataguiri), entram na dança contra o presidente eleito pela fraude em 2018 — desconsiderando, obviamente, que foram esses mesmos elementos que o elegeram e cujos partidos não estão a favor do impeachment.

A esquerda pequeno-burguesa afirma que isso é necessário e que todos que estejam dentro do espectro “anti-bolsonarista” são bem-vindos, afirmando que precisamos ter “unidade de ação” para um bem comum. Um clássico exemplo da frente ampla, que, como disse Trótski sobre episódios semelhantes nos anos 30, é formada não com os poderosos da burguesia – que estão com o fascismo – mas com a “sombra” da burguesia, os elementos decadentes que só servem para atravancar a luta.

Essa “unidade de ação” se transformou também em “unidade de pensamento”. Tanto a imprensa golpista (porta-voz da direita) quanto a esquerda pequeno-burguesa, com seu discurso universitário, cansativo e inócuo, difundem a ideia de que a aliança seria necessária porque a esquerda não tem força o suficiente para derrubar Bolsonaro. Bastava entender que força seria essa. Força física? Força mental? Força “espiritual”? Não, “força no Congresso”.

Ou seja, indo pelo método da direita, a esquerda apoia o impeachment. Qualquer coisa diferente disso significaria uma posição de inércia até as eleições de 2022. Isso só demonstra a incapacidade de análise da situação política  e desconsidera o caminho que deve ser efetivamente tomado no cenário atual: o caminho das ruas.

A esquerda tem as ruas, assim como tem o povo. São inúmeros os exemplos presentes na América Latina de presidentes que foram derrubados pela pressão popular. O Peru derrubou um presidente imposto pelo Congresso após impeachment fraudulento contra seu sucessor em 2019. No início dos anos 2000, Argentina e Bolívia viram sucessivas quedas de presidentes neoliberais pela força das ruas. Em 2002, o povo saiu às ruas e depôs a direita golpista que acabara de dar o golpe contra Hugo Chávez, em uma verdadeira revolução popular.

O PSDB, grande protagonista das manifestações do dia 3 de julho por ter levado uma bela surra dos manifestantes, é o partido de Doria. O mesmo partido que espanca professores, que joga água fria em moradores de rua, que fornece ração para crianças comerem nas escolas. É o partido do golpe, das privatizações, das prisões arbitrárias, da polícia assassina. É o partido que “magicamente” assombra o estado de São Paulo há mais de 25 anos, mesmo com uma enorme rejeição da população.

Essa aliança nada tem a acrescentar à esquerda e ao povo. Muito pelo contrário, a tendência com a infiltração da direita — é necessário dar nome aos bois, não existe aliança ou unidade, mas sim uma infiltração e sabotagem — é a da destruição do movimento e, consequentemente, sua derrota. O PSDB esvazia as reivindicações do ato, uma vez que, além do Fora Bolsonaro, existem também as exigências contrárias às privatizações, aumento de salários, fim da repressão policial, auxílio emergencial e vacinação para todo o povo, entre outras. Ou seja, tudo o que o PSDB é contra. 

É importante também ressaltar que o PSDB não quer o Fora Bolsonaro. Sua participação colabora com a canalização da raiva do povo para o Congresso, ou seja, tira o seu caráter popular e coloca a questão do impeachment (que, mais uma vez, é diferente do Fora Bolsonaro) nas mãos dos diversos engomadinhos e bolsonaristas do Congresso, aos quais, diga-se de passagem, o PSDB está incluso.

A esquerda não precisa da direita para aumentar as mobilizações. Existem diversos setores, como os blocos e colunas dos metalúrgicos, carteiros, petroleiros, assentados e acampados do MST, entre outros, que ainda não se organizaram formalmente para comparecer aos atos. É preciso fazer convocações nas ruas, nos bairros operários, nas favelas, nas fábricas, nas escolas e em todo lugar onde o povo esteja.

A população não precisa da direita, assim como nunca precisou. A direita, e aí está incluso o PSDB (o qual alguns bolsonaristas já chegaram a classificar como esquerda ou “centro-esquerda”), é inimiga histórica do povo mundialmente. São representantes da burguesia e do imperialismo, inimigos que nada tem a ver com a luta dos trabalhadores e da população pobre.

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