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Abaixo às sabotagens!

A frente ampla não é dona dos atos, o povo vai continuar nas ruas

À serviço da direita, setores da direção do movimento fora Bolsonaro querem enterrá-lo; contra essa política, organizar o movimento pela base

Pelas páginas da imprensa capitalista, os militantes e ativistas do movimento Fora Bolsonaro – movimento da esquerda que realizou uma série de atos populares pela queda do governo Bolsonaro – são surpreendidos com a avaliação das “direções” do movimento de que não há condições políticas para a continuidade das mobilizações. Isso, quando o próximo ato da campanha está marcado para o dia 15 de novembro.

O escolhido para dar a notícia insidiosa foi Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares (CMP), que já havia colaborado com a imprensa capitalista em outras ocasiões, e o órgão escolhido para veicular tal declaração, a golpista Folha de S.Paulo. A justificativa para tal avaliação é que o movimento não conseguiu transcender o local de onde se originou, os trabalhadores e a esquerda organizada.

Nas palavras do próprio Bonfim: “A ampliação não resultou em maior participação nos atos, tampouco acrescentou adesões de novos segmentos em prol do impeachment”. Assim, a direção semi-legal do movimento vem a público, por meio da imprensa capitalista, para enterrar a mobilização.

Esse fato diz muito sobre a luta no interior do movimento, evidenciando, para quem ainda não havia percebido, que há um setor da esquerda e da “direção” do movimento que está a serviço da chamada frente ampla, uma manobra da direita tradicional que procura se apoiar sobre a esquerda, para que essa a levante.

Um breve retrospecto deste movimento o torna ainda mais claro. Após uma longa letargia das organizações da esquerda durante quase toda a pandemia de Covid-19, em que muitas das organizações da esquerda e do campo popular se alinharam com a política da direita tradicional, dita “civilizada” e “científica” (o fique em casa, para supostamente se contrapor a Jair Bolsonaro e diante da destruição causada pela política do governo federal e desta mesma direita nos governos estaduais), um movimento, quase que espontâneo, rebentou.

Seu aparecimento se deu em 29 de maio, uma grande manifestação por fora Bolsonaro em centenas de locais pelo país. A partir daí, uma série de manobras de setores da esquerda foram postas em prática visando preparar o movimento, que surgiu como um movimento de esquerda contra Bolsonaro e contra o conjunto da burguesia que desfecha ataques diários e por todos os lados contra as condições de vida da classe trabalhadora brasileira, para servir de base para uma aliança entre setores da esquerda e a direita tradicional.

A primeira tentativa foi a introdução do verde-amarelo no movimento eminentemente vermelho, uma tentativa, no entanto, fracassada. Depois constituiu-se uma direção oculta, à qual o militante e o ativista de base que são efetivamente o movimento, não tinha acesso, nem mesmo aos nomes desta coordenação. Tal coordenação, pelo menos do ponto de vista majoritário, tentou vincular a mobilização à CPI da COVID-19, um espetáculo grotesco para levantar figuras da direita tradicional como supostos lutadores contra o fascismo.

Assim, a direção do movimento antecipou um ato, convocando-o com uma semana de antecedência, e depois adotou-se um calendário esparso, com grande distância entre um ato e outro e sem nada entre os atos. Isso para conter o ímpeto radical que a mobilização vinha expressando.

Os atos, notadamente em 03 de julho, expressaram a revolta da juventude e a revolta do povo com a direita, como no caso da expulsão do PSDB, que oportunisticamente e de maneira precipitada tentou se infiltrar nos atos da esquerda em São Paulo e foram expulsos.

O enfrentamento entre manifestantes de esquerda e o PSDB no ato de 3 de julho | Momentos

Após esse episódio, setores da esquerda que defendem a política de aliança com a direita tradicional, notadamente o PCdoB e o PSOL, continuaram, à revelia da posição da maioria esmagadora dos ativistas e militantes que participam e são a alma do movimento, com a política de introduzir a direita nos atos da esquerda.

Essa política foi enfim derrotada quando, de maneira clandestina, a direção oculta introduziu a direita efetivamente nos atos. Nesta ocasião, no ato do dia 02 de outubro, Ciro Gomes, PSDB dentre outros elementos da direita foram rechaçados amplamente pelos manifestantes ao tentar discursar no carro de som principal em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.

A tentativa de aliança naufragou, e uma vez que a direita não pode tornar os atos da campanha fora Bolsonaro base para a chamada terceira via, esta pressiona pela destruição dos atos e do movimento. Já que setores da esquerda não conseguem manipular os atos para seus próprios fins, notadamente eleitorais, julgando vantajosa a aliança com a direita nas próximas eleições, cedem à pressão da direita e procuram sabotar abertamente a campanha. É um estelionato, não há nenhum tipo de autorização da base do movimento para que a direção oculta declare que não há condições para continuidade da mobilização ou que o objetivo da mobilização era firmar a aliança entre setores de esquerda e a direita.

Plenária de balanço dos atos de 2 de outubro - 03/10/21

A fala de Bonfim revela claramente que um setor da esquerda via o movimento apenas como meio para viabilizar a tal aliança com a direita, uma espécie de trunfo para negociar com a direita em melhores condições. E, tendo o movimento rejeitado completamente a aliança, resta resignar-se às condições da burguesia, que agora é o desfazimento do movimento.

A política de subordinar o movimento à burguesia e aos interesses mesquinhos de setores pequeno-burgueses da esquerda, não logrou êxito; no entanto, debilitou o movimento. A falta de democracia na organização, de empenho na mobilização, de seriedade e a tentativa constante e patente de fazer do movimento um palanque para os candidatos da direita que não têm público nenhum levou ao afastamento de inúmeros setores, bem como coibiu o movimento de se expandir para onde deveria: para as fábricas, para os bairros populares, incorporando as reivindicações do povo trabalhador, dos desempregados, dos que sofrem.

Há ainda um aspecto fundamental para a exigência da burguesia para enterrar o movimento: a campanha fora Bolsonaro naturalmente transforma-se na campanha Lula presidente. Um movimento natural, uma vez que as massas enxergam a candidatura Lula como um meio para se contrapor à política destrutiva de Bolsonaro e da direita. Como a burguesia não consegue tomar o movimento, pretende destruí-lo ou pelo menos atrasá-lo o máximo possível. Essa será a nova tarefa da esquerda frente-amplista. Não tendo êxito em dominar o movimento e cedê-lo à direita, terão agora de desfazê-lo ou, ao menos, impor entraves ao seu desenvolvimento e natural evolução, de tornar-se base popular da campanha Lula presidente.

É preciso lutar contra as manobras da esquerda e da direita, limpar o caminho dos inimigos do povo e dos oportunistas e expandir o movimento para as amplas massas. É nelas e somente nelas que encontraremos a força capaz de derrotar Bolsonaro, a direita e todos os golpistas.

É preciso reconstruir o movimento, desta vez pela base! O PCO, os Comitês de Luta e o Bloco Vermelho ─ setor mais combativo do movimento ─ chamam a todos a realizar uma conferência aberta nos dias 30 e 31 de outubro, em São Paulo, para discutir os rumos e iniciar esse processo de mobilização.

Convocação para a Plenária Nacional Fora Bolsonaro - Lula Presidente | Momentos do Resumo do Dia

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