Neste último fim de semana, houve o fim das prévias do PSDB que visava à seleção do candidato tucano para a presidência da República nas eleições do ano que vem. A suposta “votação” teve como vitorioso o paulista João Doria, o antes BolsoDoria e atual IdentiDoria.
Não foi sem crise que se deu o processo de prévias, que foram noticiadas e cobertas por diversos veículos da imprensa burguesa. Desde o princípio, os dois principais candidatos – João Doria e Eduardo Leite – já faziam acusações um contra o outro, isso sem falar no amplo setor do partido que não tinha a intenção de lançar candidato nenhum, mas de apoiar o atual presidente Jair Bolsonaro.
Os ataques começaram quando Doria afirmou que era contra a utilização de um aplicativo de celular desenvolvido no Rio Grande do Sul (estado de Leite) para a votação, fazendo, ironicamente, a defesa do voto impresso. O que mostra algo que todos já sabem: que voto digital é sinônimo de fraude. Posteriormente, Leite acusou de Doria de ter filiado pessoas após o prazo estipulado pelo partido para poderem votar nele nas prévias.
A primeira tentativa de votação das prévias acabou com uma pane no aplicativo, que paralisou a votação e a apuração, ocasionando no adiamento do processo, uma situação muito suspeita e típica de eleições em que há uma negociação entre as partes para ver quem será o vitorioso. A continuação do processo se deu no último fim de semana e Doria venceu em resultado apertadíssimo.
Após sua vitória, Doria fez um discurso relembrando as desastrosas gestões do PSDB do governo federal e do estado de São Paulo, além de elogiar o processo supostamente democrático das prévias. Ele elogiou as privatizações por ele mesmo realizadas, fez demagogia com a proteção das mulheres e das minorias, e aproveitou, também, para atacar Lula, dizendo que ele “roubou dinheiro público do Brasil”.
Doria, sem dúvidas, é uma das figuras mais direitistas do PSDB, e sua vitória nas prévias do partido são um indicativo do quadro que teremos pela frente durante as eleições presidenciais. Em seu discurso, Doria atacou o PT pela suposta “corrupção”. Caso tenha a possibilidade de vencer, Doria será o candidato apoiado pelo imperialismo, mas ele não é a única jogada da burguesia.
O cenário eleitoral estará claramente polarizado, com Lula na esquerda contra Doria, Moro e Bolsonaro na direita e extrema-direita. Vale ressaltar que Doria já afirmou que está disposto a fazer algum tipo de aliança com Sérgio Moro. Se a burguesia e o imperialismo não conseguirem eleger Doria e Moro, a próxima alternativa será Bolsonaro. É preciso ter claro, portanto, que não é do interesse da burguesia o apoio à candidatura de Lula. Lula irá se amparar nas mobilizações populares ao redor do país para a defesa de sua candidatura. É preciso mobilizar e lutar por isso, porque a burguesia já está atuando e movendo suas peças para o próximo momento.