A burguesia brasileira, que manipula as eleições de diversas formas, começa a expor, a seu bel prazer, as pesquisas com variações nas intenções de voto dos brasileiros para prejudicar Lula. O recomendável é desconfiar de todas essas pesquisas, pois elas são feitas primeiramente para tentar conduzir o eleitorado. Não podemos afirmar que o brasileiro segue cegamente as pesquisas eleitorais como parâmetro para suas escolhas, porém elas influenciam porque os principais institutos são da burguesia, que, sem candidato viável, irá novamente apoiar Bolsonaro, seja de forma explícita ou mais sofisticada como essa que usa as pesquisas para indicar uma recuperação do presidente fascista, justamente quando vivemos uma grave inflação e perspectiva de diversas revoltas sociais por parte dos trabalhadores de várias categorias.
As ações demagógicas e eleitoreiras de Bolsonaro em favor dos pobres, através dos temporários programas sociais; a provável escolha de um direitista oportunista como Geraldo Alckmin como vice na chapa de Lula; a falsidade, frieza e sabotagem da esquerda pequeno-burguesa; além da inoperância política do PT em favor de suas bases políticas, minam Lula e podem pôr em risco sua eleição, pois esse é o projeto do imperialismo e da direita e extrema-direita brasileiras.
Segundo as manipulações dos grandes meios de comunicação da burguesia, como a Folha de S. Paulo, os programas sociais do governo Bolsonaro surtiram efeito a ponto de o presidente reduzir em oito pontos sua desvantagem em relação a Lula, sobretudo nas camadas mais carentes da sociedade.
A burguesia atribui também a esse crescimento de Bolsonaro o abatimento de 92% no valor das dívidas do Fundo de Financiamento Estudantil(FIES), mesmo com todos os ataques do governo às universidades e educação. O governo Bolsonaro tentou sabotar a aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e depois assinou uma lei de 2008(criado no governo Lula) que assegura o piso salarial dos professores da educação básica, jogando a responsabilidade para prefeitos e governadores, contra os quais faz apenas retaliação.
Outra estratégia de manipulação da burguesia é a velha campanha hipócrita contra a corrupção, não para punir o governo Bolsonaro, mas para continuar mentindo sobre desvios de dinheiro e corrupção no governo do PT, sem deixar claro que o sistema capitalista vigente é corrupto por natureza, mas impune com relação aos seus aliados.
O governo Bolsonaro irá de todas as formas praticar também demagogia com programas sociais. Estima-se distribuir R$90 bilhões nesse ano eleitoral para 18 milhões de pessoas vulneráveis. O valor da bolsa aumentou, mas milhares de pessoas foram cortadas do programa.
Segundo Marcelo Neri, diretor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), “O governo está jogando tudo o que tem e inovando, no mau sentido. É como se estivesse distribuindo a velha cesta básica do clássico voto de cabresto, para deixar de dar o benefício após a campanha”.
Há quem corrobore com a visão segundo a qual essas demagogias possam beneficiar Bolsonaro, mesmo no nordeste onde ele não é bem recebido. O economista e presidente da consultoria Datamétrica (Recife-PE), Alexandre Rands, pensa assim:
“O impacto é muito grande no interior e nas periferias das grandes cidades. Não surpreenderá se Bolsonaro anunciar durante a campanha que, se eleito, manterá o Auxílio Brasil de R$ 400”.
As diversas justificativas para esse crescimento de Bolsonaro e estabilidade de Lula têm que ser questionadas, mas a principal arma para derrotar esse governo e o golpe de Estado no Brasil é a mobilização de toda a classe trabalhadora nas ruas, para exigir mudanças, denunciar e impedir os ataques de Bolsonaro e abraçar a candidatura de Lula, peça importante para a implantação de um governo dos trabalhadores. Achar que as eleições estão ganhas, aceitar pacificamente Alckmin como vice ou acreditar nas intenções da esquerda pequeno burguesa(que quer sabotar o ex-presidente) é pavimentar o caminho para uma possível reeleição de Bolsonaro, o que seria muito trágico para a classe trabalhadora brasileira.
